Capítulo 31 - A morena

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Na segunda-feira, dia 9 de maio de 1994, liguei para Diana. Decidi resolver minha vida e era esse o motivo de ter voltado. Logo após levantar e tomar café com Felipe, sentei no sofá da sala, disquei o número da casa dela em São Paulo e aguardei.

Lourdes, a empregada dos Niechtenbahl, atendeu e chamou Diana, que estranhamente ainda estava em casa naquela manhã. O motivo era que, naquela ocasião, fazia o primeiro semestre de Medicina, como planejara antes de me conhecer. Pouco entusiasmada, começou a conversa.

— Diga Guilherme.

— Diana, ontem não foi um dia fácil para mim.

— É mesmo? E para mim? Não sabe como fiquei?

— Como você ficou?

Após uma pausa, a morena respondeu.

— Fiquei muito triste em ver você ontem após meses sem dar notícias.

— Perdão. Fui um tolo.

— Sei disso, mas meus pais me seguraram naquele restaurante até você aparecer para conversar. Estava muito cansada e ainda não pude acreditar quando te vi lá.

— Ainda mais no dia das mães...

Nesse momento, meus olhos começaram a ser invadidos pelas águas.

— Não foi um dia fácil para mim Gui.

"Gui", a abreviação carinhosa de meu nome fez brotar as primeiras corredeiras. Havia ainda algum amor por mim, naquele coração maltratado? Um fio de esperança? Arrisquei para descobrir.

— Di, aconteceram coisas ontem.

— Você fala dela?

— Dela? De minha mãe?

— Guilherme, você está brincando com minha cara?

— Diana, me diz você? Estou?

A jovem compreendeu que realmente eu não sabia o que ela dizia.

— Vi nos olhos dela, quando me encarou. Você está com aquela garota?

A ficha caiu... Claro, Diana estava se referindo à Maria Clara e agora sabia que não passara despercebida à ação da moça.

— Não Diana, não estou com a Clara. Ela é somente uma amiga.

— Clara? Então esse é o nome dela? Bem, se ela não está com você, gosta muito de ti.

— Por que diz isso?

— Ela me encarou e ficou nervosa. Posso dizer mais?

— Não.

— Melhor assim. Entretanto, o que você disse mesmo, sobre ontem?

Diana estava indigesta naquela manhã. Conjecturei que se contasse outros detalhes, ela desdenharia. Minha imaturidade, perto dos 20 anos era enorme e deixei que meus pensamentos ruins dominassem a razão.

— Nada Diana. Não aconteceu nada além de nosso encontro.

— Então tá! Era só isso?

— Não, você sabe. Como está Leonor?

— Bem.

— Que ótimo! Penso nela diariamente.

Imediatamente ao dizer, lembrei de Andrea e novamente as lágrimas desceram.

— Pensei haver esquecido dela.

Comecei a chorar ao telefone, mas não só por minha pequena Leonor, da qual me ausentei por meses, mas da ruiva.

Desert RoseOnde histórias criam vida. Descubra agora