Capítulo 7 - A menina do Fusca

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Seus cabelos negros ainda me envolviam, assim como parte de seu corpo nu, quando despertei após um cochilo breve a bordo da Desert Rose. Ainda transpirando muito, por conta do calor e de nosso amor, mirei em seu rosto avermelhado.

Diana adormecera também e tinha uma respiração suave, como se estivesse em um belo sonho. Contudo, eu tinha que acordá-la para a realidade e nossa situação estava longe de ser um sonho, embora tê-la em minha vida fosse mais que isso.

Despertei-a, mas ela não queria levantar. Com muito custo, após quase ter sido rendido por um abraço, a convenci ser o momento de irmos. Todavia, se soubesse o que se seguiria, teria ficado naquela cama...

Mirando-me com seu maravilhoso olhar azul, Diana se declarou após "virar mulher".

— Gui, eu te amo.

— Eu também, muito.

— Queria ficar contigo aqui e ver a noite cair...

— Sei amor, mas se pegam a gente, já era...

— Tudo bem, você tem razão.

Ao levantarmos, notamos a mancha de sangue sobre o lençol vermelho. Apesar da mesma cor, a tonalidade era mais escura no elemento que mudou a vida de Diana. Imediatamente, assustada em ver esse sinal visível, ela retirou o tecido e o escondeu no fundo de um armário naquele quarto.

Rapidamente nos vestimos e saímos para a cabine, porém, ouvi um barco grande se aproximar, mas não liguei, porque àquela hora era raro algum voltar. Quando Diana abriu a porta e saiu, fui atrás e só então vi a enorme Intermarine Oceanic 50, chamada Blue Horizon, encostando vagarosamente.

A lancha dos Ruiter chegou lentamente ao mesmo píer, mas do lado oposto. Diana ficou a admirar o grande barco e fiquei congelado, embora na ponte aberta, Mauro e o piloto não tenham reparado em nós.

Como a parte detrás da lancha, sendo aberta, não havia passado por nós, saltei para o píer. Rapidamente estendi a mão para a jovem, que seguiu. Quando Diana subiu no piso, ouvi uma voz conhecida...

— Guilherme! — exclamou o entusiasmado Felipe, no bombordo da lancha.

Não respondi, apenas olhei para o rapaz, que subiu no píer com a corda e amarrou-a com firmeza, ajudando o barco a atracar. Nisso, Diana puxou minha mão para seguirmos, mas antes de me virar, vi Andrea me olhar com surpresa estampada no rosto.

Andamos apressadamente pelo píer, mas ao chegar perto da cantina, soltamos nossas mãos. Era preciso ter prudência naquele local, com olhos de alheios a nos observar. Já havia começado mal ao trombar com a família Ruiter, mas Felipe, como já disse, não era o problema.

Paramos ao lado da cantina e ela questionou:

— O que faremos agora?

— Vou te levar de volta com o Fusca.

— Tá! Vou te esperar lá, tudo bem?

— Não, melhor não. Meu pai pode aparecer ao lado, na Kombi — fiz uma pausa para pensar — por favor, me espere no quiosque, tudo bem?

Diana assentiu, mas quando ia partir para a cobertura de palha, alguém nos surpreendeu.

— Gui, meu filho, onde você estava? — perguntou minha mãe.

Antes de ouvir a resposta, ficou surpresa ao ver Diana ao meu lado.

— Filha, o que está fazendo aqui? — questionou Eliza.

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