Capítulo 21 - Ana

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No susto, tateei a parede em busca do interruptor de luz e, quando o encontrei, meus olhos se depararam com a jovem Ana, nua a meu lado. Ela ficou surpresa, mas não por mim, é claro.

— Ana! O quê...

Nem pude completar a pergunta, diante da mocinha pelada em minha cama...

— Você está comendo a minha irmã?! — questionou a garota.

Sem se importar com seus seios à mostra, já que a parte de baixo estava sob o edredom, Ana — apoiada sobre o antebraço direito — me fuzilava com a questão. Rapidamente levantei, ainda com a "barraca armada", e a indaguei:

— O que você está fazendo aqui?

— Perguntei primeiro: você está comendo a Dea?

— Fala baixo Ana!

— Agora tá com medinho, né?

— Calma! Posso explicar...

Como explicar o inexplicável? Poderia dizer que fora um sonho ou que ela havia entendido errado? Estava nervoso e não sabia o que realmente responder. Sentada na cama e com os seios descobertos, Ana cruzou os braços e ficou me encarando.

— Eu... Eu estava sonhando com a Andrea, sei lá, por isso deve ter vindo o nome dela, quando falei... Foi isso! Claro! Sonhei com ela.

— Você está pensando que sou idiota, Guilherme?

— Ana, foi isso... Já sonhei com o Felipe também, com várias pessoas e talvez tenha dito até algum nome e tal...

Visivelmente irritada, Ana Ruiter estava decidida a me arrancar a verdade.

— Se você não me contar a verdade, eu não saio dessa cama. Aí quero ver o que fará...

Nesse momento fiquei aflito, afinal, as chances de Andrea aparecer na minha porta eram altíssimas e o quarto ainda estava com as luzes acesas, fora a conversa...

— Escuta Aninha, vou te explicar, ok? Contudo, por que está aqui?

— Você está me enrolando né? O que pensa que vim fazer aqui? Contar carneirinhos no seu ouvido é que não foi...

— Ana, se o Felipe sabe que você está aqui ou mesmo a Dea, nem quero imaginar...

— Não estou com medo deles. Eu só quero saber se você e minha irmã estão juntos.

Se eu confessasse, seria ela uma pessoa imprudente a saber da história e teria de "comer" na mão dela. No entanto, de certa forma, já estava fazendo isso... Então, quando decidi abrir o jogo, ouvi uma batida na porta e senti meu coração na traqueia...

Os olhos de Ana quase saltaram das órbitas e eu apenas pedi silêncio com as mãos abertas, cerrando a boca. Mimicamente, apontei-lhe o banheiro. A mocinha concordou e saiu nua, porque se levasse o edredom, seria suspeito.

Na hora não pensei nisso, mas estava certa. Ela pegou suas roupas e correu para lá.

— Gui, tudo bem com você? — perguntou Andrea do outro lado da porta.

— Sim. Espera aí.

Por sorte ela não entrara direto, mas só então, girou a maçaneta, enquanto me sentei assustado na cama.

— Gui? Oi! O que foi que aconteceu?

— Nada...

— Como nada? Está aí sentado na cama, quando deveria estar dormindo.

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