Capítulo 11 - Tribunal

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Ao ouvi-lo se referir a mim, logo veio a minha mente o motivo do assunto e ele agora era um embrião. A gravidez de Diana não passaria batido para Bertha por muito tempo e até que ela demorou a descobrir.

A mãe, na maioria das vezes, sabe o que ocorre com os filhos. Algumas não querem ver, outras, porém, revelam na hora. Bertha descobriu, mas guardou segredo, certamente, porque Martha apenas desconfiara na noite anterior.

Foi, decerto, enorme surpresa para as irmãs, saber que iriam descer a serra após serem despertas tão cedo. Tudo já estava pronto para segunda, mas Bertha adiantou o passo rumo ao litoral. Seu motivo crescia velozmente no útero de sua filha.

Imediatamente, olhei para meu pai, que ficou surpreso com o jeito sério com o qual Wolf se referiu a mim. Curioso, Manoel indagou-o:

— Seu Wolf, o que acontece?

Olhando-o com ar inquisidor, o alemão o questiona:

— Você não sabe Manoel?

— Não sei o quê?

— Seu filho...

Nesse momento, Eliza intervém, chamando atenção de Wolf para mudar de assunto.

— Wolfgang, tudo bem? Olha, vamos conversar sobre isso mais tarde, pode ser?

Meu pai olhou-a surpreso, afinal, minha mãe dificilmente se metia na conversa de seu marido. Contudo, o instinto materno de proteção se fez ali. O olhar do alemão para minha mãe era de poucos amigos, porém, de alguma forma, Eliza o convenceu a pausar o assunto.

— Tudo bem Eliza, mais tarde falamos disso.

— Falar o quê? — questionou Manoel.

— Amor, eu converso contigo lá atrás, pode ser?

— Eli, o que está acontecendo?

— Por favor, me acompanhe.

Mirando em mim, Eliza ordenou:

— Gui, fica aqui no atendimento que já voltamos.

Assenti e rapidamente fui para perto do fogão. Nisso, Bertha mirou-me e disse em voz baixa:

— Isso não ficará assim, garoto.

Wolf, que olhava para trás, mirando nas filhas, voltou-se e falou:

— Tua mãe te salvou agora, mas logo mais...

Lass uns gehen Schatz. Wir werden dieser Situation später gemeinsam begegnen und er wird dafür bezahlen – disse Bertha ao marido.

Disse ao esposo que resolveria a questão e me faria pagar, o que ela mencionou em alemão. Bertha então o levou para longe de minha pessoa e eu agradeci.

Ele vestia uma camisa, estilo polo e de cor branca, bem como uma bermuda estilo marinheiro, em azul. Nessa indumentária, não havia como Wolf esconder uma pistola, imaginei. Ainda assim, eu continuava muito nervoso e anotar pedidos era cada vez mais difícil com a demora de meus pais.

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Pedro e a irmã dele, a Paulina, até que davam conta das mesas e eu ainda tentava auxiliá-los ao máximo, embora com minha cabeça em uma das mesas com cinco pessoas preocupadas. Bem, pelo menos uma nem tanto. Ingrid estranhamente parecia bem diante da situação.

A jovem até sorria ao admirar os barcos passando e se voltava para os pais, sisudos em seus pensamentos, conjecturando uma forma de encerrar minha carreira na Terra. Martha mantinha os olhos em Diana, que não se atrevia a mirar no balcão da cantina.

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