Capítulo 23 - A casa caiu...

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As bolhas se faziam aos borbotões diante de meus olhos a cada mergulho provocado pelos vagalhões, soprados pelo vento forte naquele mar sombrio. A cada vislumbre da morte com os braços abertos, como os de uma sereia, eu pensava em como deixaria de viver minha vida.

Um sonho recorrente me assombrava com a morte em uma forma submersa, esperando por meu último fôlego, naqueles dias de hospital. Assustado, fui acalentado pelo anjo alemão, sempre ao meu lado. No entanto, na terceira noite, não pude contar com ela...

— O que acontece aqui?! — indagou Martha, surpresa.

Andrea, sobressaltada com a presença não detectada da amada de seu primo, não sabia o que dizer, mas tentou...

— Martha? Olha, não é o que você tá pensando...

— Não é o que, hein, Andrea?!

Busquei salvar a situação.

— Tata, foi sem querer...

— Sem querer Guilherme?! Ela te tasca um beijaço na boca e você diz que "foi sem querer"? Faça-me o favor, né?!

A ruiva afastou-se dela e ainda tentou, remediar.

— Desculpe, agi sem pensar.

— Não parece isso Andrea! Você chegou toda abalada e como se fosse mais namorada dele que a Diana...

— Gosto do Gui, mas como amigo.

— Tata, é isso mesmo, ela é minha amiga.

— Não vem com essa pra cima de mim Guilherme. Eu já tinha percebido os olhares dela para você, mas pensei ser só impressão. Agora eu sei!

Nisso, quem nunca deveria ter entrado naquele quarto, apareceu. Diana, logo de cara percebeu a gravidade da discussão e questionou.

— Tata, você sabe o quê?

Quando Andrea percebeu a presença da morena, seus olhos se arregalaram e só aí percebi o ar sério com que minha namorada nos encarou, especialmente a irmã. Ainda que estivesse com raiva, Martha ficou apreensiva com Diana, afinal, ela ficara em choque exatamente por mim...

— Fala Martha, o que você sabe agora?

Sem jeito, a loira olhou-me com preocupação estampada. Apesar de sua descoberta, a garota de 22 anos não queria de fato o meu mal, contudo...

Imediatamente, ao perceber que o terceiro elemento naquela conversa era Andrea, as suspeitas que Diana nutria sobre a jovem se materializaram.

— Não vai responder?! Então, pergunto para quem certamente pode dizer.

Olhando-me, Diana formulou a questão, mas não para mim:

— Andrea, o que Martha sabe agora?

Ao mirar nos olhos da ruiva, percebeu o que já estava escancarado. Pressionada, a prima de Felipe olhou-me com decisão em seu semblante e confessou.

— O que Martha sabe, é que sou apaixonada pelo Guilherme.

De pé junto à cama, Diana transfigurou-se, mirando em mim com ar de questionamento. Eu não pude falar nada, porque fiquei paralisado diante da cena. O aparelho apenas reproduzia minha tensão com bips cada vez mais frequentes e os números no display digital só aumentando...

Enquanto puxava mais ar, vi Andrea dar o golpe de misericórdia na atônita Diana.

— Tem mais Diana! Nós já transamos! Duas vezes! Ele gosta de mim também.

Desert RoseOnde histórias criam vida. Descubra agora