No dia seguinte, levantei com pressa, pois, estava atrasado pelo menos meia hora. Nem tomei banho e desci correndo para engolir o café. Ao entrar na cozinha, Andrea já estava à mesa, virando uma xícara de café. Seu rosto sereno mudou ao me ver apressado.
— Gui, o que houve?
— Atrasado!
— Calma! Eu te levo de carro.
— Será que dá tempo?
— Dá sim, confie em mim. Senta aí e toma seu café.
A confiança de Andrea no horário me tranquilizou, mas algo mais me preocupava além do relógio...
— Ana já levantou?
— Ana? Ah! Aquela acorda meio-dia se deixar...
— Tendi...
— Você dormiu bem?
— Sim, mas aquele assunto ainda me perturba...
Andrea ia dizer algo, mas Joice entrou na cozinha, cumprimentando-me. Rapidamente, fiz meu desjejum e apontei para a ruiva.
— Vamos?
— Sim, mas antes, quero que veja uma coisa.
— Dea... Não tenho tempo.
— Terá, acredite. Vem comigo!
Pensei: "ela aprontará alguma...". Saímos rapidamente em direção à garagem.
— Você já viu algo coberto na garagem? — perguntou a garota.
— Sim, uma vez, mas nunca perguntei ao Felipe.
— Então olhe só...
Ao chegar diante do veículo coberto, a jovem me pediu para levantar a capa e sob ele estava um Puma GTC dos anos 70, presumo. Amarelo, o bólido estava com a capota abaixada e a ruiva disse:
— Ele funciona! Vamos nele hoje, porque o Felipe usará o "GTI".
— Caramba! Que dá hora!
Sim, me empolguei com aquele conversível de fabricação brasileira. Andrea rapidamente sentou no posto do motorista e eu a encarei.
— O que tá me olhando? Sei dirigir, tá?
— Não falei nada...
— Com a cara que você fez nem precisa falar...
Sentei no banco ao lado dela, que ligou o Puma, produzindo este um grave som de motor a ar, que me lembrou de imediato os carros de meu pai, porém, falando bem mais alto.
— Se segura!
— Para, vai!
A garota acelerou rapidamente pelo largo corredor lateral da casa e parou perto do portão. Junto a uma coluna com trepadeiras, bem antes da saída, ela apertou um botão, sorriu-me e cochichou:
— Um segredinho...
Realmente, naquela posição, entre os arbustos espinhosos, havia um botão verde, devidamente camuflado. Naquela casa, tinha uma garagem lateral, onde costumávamos entrar e sair, mas aquela saída ia dar na frente da casa, junto à avenida de terra.
Andrea acelerou forte e saímos driblando os buracos nas ruas de terra do Jardim Virgínia. Já habilitada aos 18 anos, a ruiva guiava com maestria, enquanto seu sorriso parecia um combustível para o prazer. Seus cabelos alaranjados ao vento também me agradava.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Desert Rose
Ficção AdolescenteGuilherme tem uma relação complicada com o pai e seu pensamento mais profundo é largar tudo e partir... Contudo, sua vida dará uma guinada enorme ao se deparar com os belos olhos azuis de Diana, alguém que ele acredita ser "inalcançável". Ela, uma g...