Ainda chorávamos, quando uma apressada Martha chegou e nos abraçou. A loira, com seus olhos avermelhados de tanto chorar, beijou nossas cabeças e disse:
— Meus amores, eu terei de voltar com eles, Wen precisa de mim. Está muito mal.
Mirando na irmã, falou:
— Di, deixa que de tuas coisas eu cuidarei. Vou pegar tudo o que você gosta e levarei para onde estiver.
— Tata, eu não sei para aonde vamos...
Martha olhou-me e eu apenas a fitei sem dar uma resposta, afinal, eu não tinha. Então, ela me disse:
— Gui, sua mãe gosta de você e saberá onde vocês estarão. Então, eu combino com ela, ok?
Animei-me, afinal, meu anjo alemão continuava ali, protegendo-me, ou melhor, protegendo-nos. Assenti com a cabeça, pois, ainda era difícil falar.
— Di, eu te amo! Até mais minha linda...
— Eu também, mana...
Em novo abraço, novas lágrimas e o desejo antecipado de se reencontrarem. Ao me abraçar, sussurrei em seu ouvido:
— Você é como um anjo...
Os olhos dela derramaram mais das águas de sua alma, agora atingida pela triste e desesperada despedida. Ingrid, a jovem, precisava dela realmente... Martha, tal como chegou, correu de volta ao carro, onde estava sua infeliz família. Já Diana, parecia não ter forças para continuar a chorar.
Então, após acalentá-la novamente, busquei uma garrafa com água e servi-lhe um copo. Muito nervosa, sorveu o líquido e depositou a cabeça lentamente sobre a mesa. Delicadamente, retirei-lhe do rosto, seu belo cabelo preto, enquanto conjecturava o que fazer.
Era estranho eu sentir a dualidade daquele momento. Apesar de meu mundo, o de sempre, ter acabado ali, me sentia feliz por agora não ter nada que me impedisse de estar com Diana. Sabia que a jornada seria dura e que meu destino, aliás, o nosso, era incerto.
Eliza, minha mãe, desapareceu por detrás da cantina, mas eu não me preocupei. Decerto, estava tentando convencer Manoel a voltar com a palavra dada.
Paulina, uma jovem de 17 anos, rosto fino como da mãe, Maria dos Anjos, corpo magro e pele morena, se apresentou com seu cabelo castanho, amarrado e oculto sob uma toca branca.
— Gui, você quer que eu faça um chá para ela? — perguntou.
Olhei para Diana, que tinha agora a cabeça deitada sobre os braços cruzados na mesa e com olhos cerrados. Ela não disse nada e nem sei se podia nos ouvir de tão cansada que parecia estar.
Então, mirei em Paulina, cujos olhos de cor de mel estavam igualmente avermelhados. Sim, em algum canto dali, ela presenciou aquela cena horrível e pranteou em silêncio. Talvez tenha pensado que, se um dia se envolver com algum garoto rico, tenha destino semelhante...
— Sim, obrigado — respondi.
Paulina era uma boa jovem, pelo menos essa era a minha impressão. Não era de falar muito e raramente íamos além dos cumprimentos ou dos assuntos da cantina. Eu não a conheci muito bem, mas antes de Diana, até conjecturei me aproximar dela, mas havia algo que me impedia.
Destino? Será que isso realmente existe? Ali eu não sabia a resposta, mas muitos anos depois, eu passaria a acreditar nisso, ao relembrar um momento que presenciei na Triton. Não, isso não tem nada a ver com minha história, mas envolve-me em três momentos de minha vida.
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Desert Rose
Teen FictionGuilherme tem uma relação complicada com o pai e seu pensamento mais profundo é largar tudo e partir... Contudo, sua vida dará uma guinada enorme ao se deparar com os belos olhos azuis de Diana, alguém que ele acredita ser "inalcançável". Ela, uma g...