Capítulo 18 - Doce proposta

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Na grande mesa branca com seis cadeiras, sentei-me ao lado de Diana, junto à vidraça daquele enorme átrio. Wolf e Bertha ficaram nas extremidades, com as duas irmãs de frente para nós. A empregada, Lourdes, uma mulher negra, lá com seus 40 anos, tinha o cabelo coberto por uma touca branca, mesma cor de seu avental.

Posta num vestido preto, a mulher mirou-me com surpresa, mas não disse uma palavra. Serviu-nos com uma salada mista e depois o chamado königsberger klopse, que Bertha chamou kochklopse.

Essa é a famosa almôndega alemã, um prato realmente delicioso. Enquanto eu comia, senti ser observado por muitos olhos naquela mesa, mas apenas os de Diana e Martha eram aceitáveis.

Mantive-me em silêncio inicialmente, mas Diana quebrou o gelo novamente. Antes, havia me explicado sobre a origem do prato.

— Guilherme, está gostando?

— Sim, ótimo!

Martha entrou na conversa:

— Gui, a culinária alemã tem muitos pratos interessantes. Vai se acostumando...

Sorri-lhe, mas Bertha comentou:

— Tem sorte Guilherme, Diana sabe cozinhar quase tudo, até nosso prato típico, o Matjes. Só não sei se conseguirão degustar isso em sua nova vida juntos...

Olhei para Diana, que ficou constrangida. Então, retornando para sua mãe, indaguei:

— Porque a senhora diz isso?

— Mãe, por favor...

Martha interrompeu Bertha, mas esta insistiu em responder.

— Guilherme, o Matjes é feito de arenque e este peixe é muito caro, por ser importado. Não existe no Brasil. Logo...

Colocação de Bertha foi mais uma punhalada e engoli seco a estocada, pois, não queria ficar mal diante de Diana. Não gostei nenhum pouco da suposição que eu e ela, minha namorada, viveríamos em condições bem ruins.

Martha amenizou a situação, dizendo:

— Isso mesmo Gui, é muito difícil achar arenque no Brasil e quando se encontra, os preços são absurdos. Nem compensa...

O sorriso comedido da loira não me convenceu, mas ela também queria me ajudar. Relevar as ofensas, era algo que eu teria de aprender ali, caso quisesse manter-me próximo de Diana.

Minha amada pegou em minha mão e sorriu:

— Não se preocupe com isso, um dia farei para você, quem que tenhamos que declarar falência...

Diana riu ao dizer e eu a acompanhei, assim como o anjo, que completou:

— Di, será uma concordata culinária!

Rimos mais e percebi que Wolf não se agradou, assim como Ingrid, que até olhou para o pai, talvez na esperança de uma repreensão à mesa. Isso não aconteceu e ainda observar o sorriso constrangido de Bertha, foi bem prazeroso.

Procurei não me estender no prato, que logo foi substituído por uma porção de Rote Grütze, uma compota de frutas vermelhas, com sorvete de creme e molho de baunilha ou chantili. Este último cobria o doce, muito gostoso. Diana comentou:

— Esse e o Strudel, são os doces que eu mais gosto.

— Amo o Erdbeerbecher! — falou Martha.

Entusiasmada pela conversa sobre doces, Wen manifestou-se.

— Gente! O Waffel é uma delícia!

Desert RoseOnde histórias criam vida. Descubra agora