7. Ombro amigo

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Por Any Gabrielly

Fui pra casa desesperada e completamente em choque, nada do que a Sabina me dizia parecia fazer sentido por mais que tenha sido de bom grado para me consolar ou uma tentativa - totalmente falha - de me acalmar.  Fui o caminho inteiro calada e nem me lembro direito o que fiz até o exato momento em que caí na cama e dormi ainda sob efeito dos remédios.

A manhã não foi diferente, apesar da esperança de tudo ser um pesadelo e da minha imensa vontade de acordar na minha vida normal.  Eu não podia estar grávida, não agora com tanta responsabilidade à minha volta, não do crápula do meu ex, essa criança não tinha que estar aqui. Até agora não sei como isso aconteceu, afinal sempre me cuidei bem para evitar surpresas, mas aconteceu e eu obviamente não estou pronta para lidar com isso.

Vim trabalhar na esperança de espairecer e esquecer a loucura que a minha realidade se tornou, entretanto tudo que consegui fazer foi chorar enquanto pensamentos aterrorizante sede crianças chorando, parto e todo universo maternal invadiam a minha mente. Não é que eu nunca quisesse ser mãe, só não foi no momento certo, não tava planejando criar um bebê sozinha e do dia pra noite ao mesmo tempo em que tenho que lidar com uma empresa monstruosa à beira de um colapso. Esse momento de transição entre a antiga gestão do meu avô e a minha presidência tem sido intenso, pesado e de muita provação, mal tenho tido tempo de respiro ou lazer, aliás eu nem sem mais o que significa essa palavra! Imagina enfiando uma criança? Eu to completamente perdida!

Gabs, por que não vai pra casa? — Já era a décima vez que a Nour entrava aflita na minha sala. — Você não tá em condições de analisar um relatório e muito menos de assistir reuniões! Para de se martirizar! — Apoiou os dois braços na minha mesa demonstrando indignação. — Eu sei que tá difícil de aceitar mas você não pode ficar assim pra sempre, não é o fim do mundo! Você não sabe o propósito de todas as coisas, talvez seja um drama necessário.

— Por favor, Nour, sem lição de moral. — Suspirei passando as mãos na cabeça. — Tem razão, estou sendo inútil aqui hoje. — Joguei o celular e os papéis pro canto, terminando de bagunçar a mesa que só não estava mais desarrumada que a minha mente. — Mas o que eu vou fazer em casa? Se minha mãe souber vai até lá rapidinho e tira o restinho de paz que pode haver dentro de mim. Também não quero ficar enfurnada com esses pensamentos horríveis, vai ser pior.

— Tá, então você vai dormir na empresa? — Indagou ironicamente me fazendo rir. — O que eu faço por você em, Any Gabrielly? — Balançou a cabeça negativamente. — Quer ir lá pra casa? Prometo te animar com um monte de porcarias...

— Jura? —Assentiu. — Você não existe!! —Levante a abraçando.

— É.... E em troca, eu vou ser a madrinha! — Ordenou em tom de brincadeira, ela é boba mas é a melhor pessoa do mundo.

......

já estava anoitecendo e a Nour estava conseguindo me animar como prometido, só passamos na minha casa antes para pegar uma muda de roupas e viemos para cá. Desde que chegamos estamos maratonando PLL e comemos pipocas alguns chocolates, na minha atual condição ela não me deixou comer besteiras demais, na verdade a maluca me vigia a cada segundo que eu ataco alguma coisa. Pelo menos estou me sentindo melhor que na empresa, já rimos e conversamos bastante enquanto discutíamos os episódios e praticamente entrávamos na tela, é um mundo à parte e muito mais legal que o meu.

— Pode ficar à vontade e.... —Uma voz nos interrompeu e a porta foi aberta. — Any? — Noah falou surpreso e logo atrás dele veio Joshua com uma criança no colo. Ótimo. — Boa noite! — Riu sem graça. — O que tá rolando?

— Eu te disse que larguei mais cedo, seu idiota. — Nour respondeu na lata. — Trouxe a minha melhor amiga, não pode?

— Pode ué, até trouxe o meu. — Deu de ombros. — Não é, carinha?  — Fez um High tive com o pequeno e o Josh o encarou fingindo estar ofendido.

The Change - BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora