28. Jogo sujo

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Por Any Gabrielly

Desde que o Ben saiu do hospital a minha rotina mudou, Josh diz ser um exagero da minha parte mas prefiro justificar como zelo pela segurança do meu pequeno. Aquela mulher é indigna da minha confiança, a tal Lea nunca foi muito com a minha cara e depois de vê-la aproveitando de uma situação delicada para dar em cima do meu namorado ao invés de cumprir com o papel de cuidar do Benjamin, prefiro mantê-la bem longe de nós. Agora eu o busco na escolinha todos os dias e ele fica aqui, na minha sala, completamente distraído com as revistas de colorir e os brinquedinhos que comprei para ele.

Acontece que hoje não é um dos meus melhores dias, são tantos fatos ocorrendo ao mesmo tempo que a minha cabeça está lutando para não explodir a qualquer momento.  É claro que algumas dessas coisas são boas, o Josh por exemplo mudou-se para um apartamento quando virou oficialmente contratado pela empresa como dançarino e deixou de ser meu faxineiro, inclusive passei a semana o ajudando a arrumar e decorar o seu novo lar. Por outro lado, os meus amados sócios resolveram convocar uma reunião de última hora e estão acabando com os meus neurônios me acusando de extorquir a minha própria empresa.

— Sr. Williams, o senhor está insinuando que EU estou roubando a minha própria empresa? — Esbocei um sorriso carregado de desprezo e ironia enquanto me pus outra vez de pé, apoiando meus braços na minha mesa.

— Bem, a senhorita deve entender como quiser. Aliás, nós nem deviríamos estar discutindo esse tipo de coisa aqui na sua sala e na frente de uma criança! — Revirou os olhos arrumando a gravata e eu olhei o Ben de relance, ele rabiscava o papel compenetrado no mundo dele.

— Ele só tem um ano, pode ficar tranquilo que nessa idade ninguém sabe sobre a parte estressante da vida ainda... — Bufei impaciente. — Mas então, vieram apenas para me difamar?

— Não, viemos apenas para informar que iremos acionar nossos advogados e o seu reinado irá acabar caso não consiga provar que esse dinheiro não foi parar "sem querer" na sua conta. — Umedeceu os lábios que se curvaram em um sorriso malicioso. — Tadinho do seu avô, que Deus o tenha! Deve estar tão arrependido agora...

— DOBRE A SUA LÍNGUA PRA FALAR DO MEU AVÔ, SR. THOMAS! — Me exaltei assustando o bebê, que jogou o brinquedo pro lado e me olhou em choque. — Vocês dois podem se retirar da minha sala agora ou preferem que eu chame os seguranças? — Diminui o tom de voz na intenção de acalmar o Ben e peguei o telefone da minha mesa pronta para chamar a Savannah. Os dois velhos murmuraram algo antes de sair mas nem me dei ao trabalho de entender, só queria explodir de uma vez.

Eu precisava encontrar um jeito de achar esse rombo e provar que não partiu de mim, assim eu garanto minha inocência e de quebra expulso esses dois insuportáveis da minha sociedade de uma vez.  O que seria um prazer imenso da minha parte, afinal eles não contribuem em nada que não seja me estressar e isso está ficando cada vez mais insuportável. Sendo assim, me coube pegar o telefone e ligar para a única pessoa que seria capaz de me salvar agora: Sabina.

" Oi amiga, algum problema? " — Ela atendeu o ramal estonteante como sempre.

— Na verdade sim, um problemão. Você está muito ocupada? Preciso de um favor.

" Pra você nunca estou, né? É a minha chefe! "  — Ela riu e eu pude ouvir o som do teclado ao fundo como se digitasse algo com rapidez. — "Manda!"

— Estamos sendo roubados, preciso que você me mande um relatório dos gastos financeiros dos dois últimos meses. E tem que ser detalhado, ok? Estou sendo acusada, preciso que você me socorra! — Implorei franzindo as têmporas e olhei o Ben por alguns segundos. — Você pode socorrer sua amiga favorita? — Bufei sentindo meu peito apertar em uma sensação de angústia, é horrível ter que ficar de mãos atadas apenas observando as pessoas querendo te derrubar.

The Change - BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora