39. Epilogo (capitulo especial)

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Por Joshua

Sonhar sempre foi algo meio distante pra mim, eu não vivia em um mundo exatamente perfeito que pudesse gerar alguma oportunidade de me dar esse luxo. Se alguém me dissesse há três anos que hoje sou dançarino, coreógrafo e coordenador de um dos grupos de dança na Record's Studio, certamente me escaparia uma risada sarcástica seguida de uma lamentação.

Quando éramos dois, a prioridade era sobreviver e manter os sonhos do meu filho para que ele pudesse um dia ser melhor que eu. Agora somos quatro, todo dia surgem quatro novos desejos e quatro novas esperanças de que vamos conseguir realizar os planos mais felizes e o meu coração transborda tanto que nem sabia que seria capaz de amar tão grande um dia. Descobri que sou feito de pedacinhos, três para ser mais específicos, cada um com uma forma de me completar.

Eu amo ensaiar e o ritmo frenético de quando estamos em competições, do frio ja barriga ao subir num palco, os aplausos que preenchem o ambiente e do jeito que a arte me faz flutuar em um mundo só meu. Mas nada se compara ao barulho da minha casa, a euforia de ser recebido depois de um longo tempo de saudades, a explosão no meu coração sempre que pego meus filhos no colo e percebo neles a personificação do amor.
Nada é tão seguro, confortável e acolhedor quanto voltar ao lar. E eu não tô falando das paredes ou da minha cama macia, porque lar é onde o coração está.

E o meu, está sempre com os meus pedacinhos.

- Papaaaai!!! - Benjamin veio correndo ao perceber o barulho na porta e eu o ergui tomando em meus braços. O sorriso de orelha a orelha dentro daquele pijaminha de dinossauro me fez derreter instantaneamente.

O único vôo que consegui foi no fim da tarde, o que me fez aterrissar exatamente no fim da noite em L.A. Com certeza é um milagre que ainda estejam acordados, já que geralmente capotam depois do jantar.

- Como eu tava com saudades, meu pequeno! - Disse beijando seu rostinho enquanto livrava os cachos ligeiramente cumpridos que se acumulavam em sua testa. - Você está tão grande, realmente passei só quinze dias fora? - Ri notando a criaturinha de rosa vim até mim tropeçando nos próprios pés. - Oh meu Deus, Aurora! - Agachei tentando levantar os dois ao mesmo tempo e logo Any apareceu dando um sorriso largo ao me ver.

- A mamãe disse que eu sou glande, papai, vou fazer anivessalio!

- É verdade, o seu Aniversário, está chegando... - O corrigi enquanto fazia uma pequena dancinha com meus filhos no colo. Ele já vai fazer cinco anos, está cada dia mais esperto e independente, não sei em que momento o meu menino cresceu tanto. De repente já estava escolhendo as próprias roupas, aprendendo sobre letras e contando até 10, escovando os dentes e comendo sozinho. Benjamin não era mais tão pequeno e isso estava sendo difícil de aceitar, mas enquanto ele couber no meu colo continuará sendo o meu bebê. - E você senhorita, o que aprontou? Hun? - Ri encarando os olhos castanhos e brilhantes que me analisavam atentamente.

- Senholita? - Gargalhou batendo palminhas. - Papai!! - Se enganchou no meu pescoço com vergonha.

Aurora é uma mistura perfeita de nós dois, mas devo confessar que ela lembra mais Any que eu, a começar pelo tom de pele que é quase o mesmo. Seus olhos são um tom mais claro que o da mãe mas são igualmente puxadinhos, os cílios naturalmente longos como uma bonequinha e o sorriso tinha minhas covinhas. Seus cachos escuros começavam a ganhar forma e estavam sempre enfeitados ou com algum penteado novo que a minha esposa aprendia e muitas vezes as duas saiam iguais. Sem falar na personalidade forte que com certeza não é uma herança minha.

É, eu tenho duas leoas. Mas fazer o que? Isso é uma sorte para poucos.

- Ela começou a ir na creche e está se adaptando muito bem, né meu amor? - Minha esposa se aproximou lhe fazendo cócegas e se juntou ao abraço coletivo me dando um selinho rápido, que fez Ben tampar o rosto. - Fez boa viagem? Quer comer alguma coisa?

The Change - BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora