The Change - Beauany

27. Aconchego

Por Joshua

— Eu já disse que não vou a lugar nenhum! — A reprimi pela milésima vez naquela noite e bufei sentindo meu corpo se chocar com o estofado da cadeira.

Any insistia que eu fosse para casa, depois do nosso pequeno lanche e da minha visita ao Ben as horas se passaram lentamente. Isso nos rendeu um bom tempo de conversa fiada e impaciência, o horário de visitas iria se repetir uma última vez a noite e eles decidiram deixar meu filho dormindo para que não se agitasse já que todo o cuidado deveria ser redobrado nas primeiras vinte e quatro horas.

Noah e Nour chegaram ao cair da noite, passaram em casa antes de chegarem aqui, e foi exatamente nesse momento que a minha adorável namorada decidiu me encher o saco. Não importa quantas vezes repito, os três já formaram um complô e ordenaram diante de todos os argumentos possíveis que era necessário estar bem amanhã e por isso teria que ir para casa.

— Mas você ainda está com o uniforme e crachá da empresa, Joshua! Vai querer que o seu filho saiba que você sequer tomou um banho e está um caco? O Benjamin é uma criança inteligente, ele precisa do seu apoio e não dos seus restos! — Urrea jogou na minha cara o quão horrível eu estava, seus braços cruzados e o peito estufado me fizeram ter certeza de que ele não estava brincando.

— Exatamente, ele precisa do meu apoio. E se acontecer algo? Não posso ir pra casa simplesmente dormir enquanto o meu mundo está virando de cabeça pra baixo. É o meu filho, caramba! — Esfreguei meus cabelos com força e logo senti os dedos delicados espalmando meus ombros em um terno silêncio. As lágrimas ameaçaram novamente e eu respirei fundo, coçando meus olhos em uma tentativa de disfarçar a minha situação, não posso ficar em paz quando a minha paz é ele.

— Eu entendo o seu lado, meu amor, mas você precisa colocar a cabeça no lugar também. — Ela se agachou fazendo nossas cabeças ficarem na mesma altura. — O Noah promete que vai mandar notícias toda hora, meu pacotinho é forte e eu tenho certeza que amanhã já estará com um sorriso radiante! — Seus lábios se curvaram em um sorriso sucinto, o suficiente para me fazer errar as batidas. — Estou tão aflita quanto você, acredite, mas o Ben vai precisar de você inteiro amanhã.

— Não sei, Any... — Funguei encarando minhas próprias mãos. — Eu queria que isso fosse um pesadelo e eu acordasse com tudo no lugar outra vez. Tenho tanto medo, meu coração está rasgando, você não faz ideia do pavor que é me sentir impotente numa situação dessas. — Não consegui continuar a falar, ela me puxou repentinamente para um abraço e apoiou minha cabeça em sua barriga enquanto acariciava alguns fios afagando o meu desespero interno.

— Me deixa cuidar de você? Confia em mim? — Ergui a cabeça lentamente, fitando os pares de âmbar que agora pareciam inquietos tentando me desvendar. Um arrepio tomou conta da minha espinha e Any parecia ler todos os meus pensamentos, devagar os seus lábios encostaram em minha testa e eu fechei meus olhos apreciando o calor do contato, não tinha como me esconder da única pessoa que conseguia me decifrar.

— Tudo bem... — Suspirei indefeso, não tinha para onde correr e só me restou ceder à proposta, um pequeno sorriso brotou em sua face fazendo meu corpo aquecer. — Noah, você vai me dar todas as notícias que saírem, está me entendendo? Não importa o horário, meu celular vai estar ligado esperando seus telefonemas. Não hesite em me acordar!

A carranca que ele fez foi o suficiente para me calar, talvez eu seja paranóico ao extremo ou talvez eles quando tudo estiver bem. Não importa quantas vezes Any me diga que ele já está melhorando e as coisas estavam sob controlo, também não adianta ouvir de Noah que ele não corre perigo, acalmar meus pensamentos e o meu corpo tem sido uma tarefa árdua.  No fim, só me restou receber mais abraços dos meus amigos e me despedir temporariamente com a incerteza de que n ficaria tranquilo em casa sabendo que o maior pedaço de mim está aqui.