21. Um bom plano

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Por Joshua

A jornada dupla estava me quebrando, mas eu precisava dar conta de tudo se quisesse sustentar meu filho e tentar o meu sonho ao mesmo tempo. A ideia de Any me pareceu ser a minha salvação para um pequeno descanso, mesmo odiando a ideia de fazer ela gastar dinheiro comigo e o meu pequeno camarada. Por outro lado estava feliz que ele iria conhecer a praia e colocar os pezinhos na areia pela primeira vez, experimentar a água salgada e ter novas experiências que nem tão cedo eu conseguiria proporcionar.

Desde a última semana, quando dormi na casa dela, nós estamos numa correria louca para adiantar as coisas para a nossa mini férias de uma semana. Ela com toda burocracia, eu com meus ensaios caóticos para o show e todas as extensas coreografias que sina criou e as horas pareciam não ter fim. Pelo menos hoje foi o último dia e amanhã cedo viajaremos para a costa, o que me deixa muito animado e contente já que meu corpo pede socorro.

Há três dias fomos no shopping, sai de lá com dezenas de sacolas com coisas para mim e para o Benjamin que ela comprou por pura insistência e isso inclui roupas de banho e alguns brinquedinhos para o bebê. Ele amou o passeio porque obviamente é uma criança e não se importa em se divertir com tantos presentes, eu é que fiquei envergonhado por fazer ela gastar tanto com algo que deveria ser obrigação minha - mesmo ouvindo toda hora da boca dela que estava fazendo isso por vontade própria e que o dinheiro era seu e portanto poderia usá-lo como quisesse.

— Cala a boca, Joshua! Não te trouxe aqui pra dar pitaco, é pra se divertir. — Foi o que recebi depois de reclamar por ter gastado cem dólares com um brinquedo que acendia luzes e tocava música cada vez que a criança acertava as formas no lugar correto. — Você quer esse não é, amor? — Ben ria segurando o pacote maior que ele e caiu sentado nos fazendo gargalhar. Me restou pega-lo nos braços e aceitar a compra.

Enfim, não posso mentir e dizer que não gostei da sensação de passear com os dois e por um instante parecer uma família. É até estranho falar essa palavra de novo, família parecia algo tão forte e distante de tudo que podia imaginar pra mim e agora me flagro rindo sozinho enquanto destranco a porta de casa com meu filho nos braços depois de um dia de serviço e relembro o jeito maluco que Any entrou em nossa história.

— Brincou muito hoje? — Beijei seu rosto lhe fazendo cócegas. Sei que ele fica bem na casa da Lea mas não vejo a hora de levá-lo à escola, mas tive que adiar a efetivação da matrícula porque nossas mini férias atrapalhariam o processo de adaptação.

Tava cm saudadi papai! — Gargalhou agarrando meu pescoço e inevitavelmente acabei rindo também o enchendo de beijinhos. Estava bem distraído até nossa festa acabar ao notar a morena parada na minha sala com uma caixa enorme entre nós, ela sorriu presunçosa e mordeu os lábios desentendida.

— Surpresa... — Quebrou o silêncio se apoiando no papelão. — Noah me emprestou a chave reserva. — Respondeu a pergunta que eu me fazia mentalmente, claro que tinha que ser o Urrea para ajudar. Eu dei minha chave para facilitar, já que ele vivia se emburacando na minha casa do nada atrás do Benjamin.

— Você é maluca... — Balancei a cabeça negativamente e a criança no meu colo começou a se mexer inquieta fazendo menção a querer os braços da Any. — E o que tem aí? — Falei ainda atônito com tanta informação.

Tia Any, papai! — Disse esticando os braços na direção dela agoniado.

— Porque você mesmo não vê? — Ergueu uma sobrancelha sugestiva e atendeu o Ben, o a aconchegou em seus braços.  — Para de ser bobo e abre logo! — A encarei por um tempo admirando o jeito como ele se encaixava em seus ombros conforme ela se movimentava o ninando. A mãozinha dele estava em volta do pescoço dela e amassava carinhosamente seus cachinhos, ele parecia estar num daqueles lugares que faz a gente se sentir seguro e esquecer tudo em volta.

The Change - BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora