8. Doce velho sonho

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Por Joshua

O final de semana passou rápido, hoje já é segunda de novo e meu descanso nem pareceu suficiente. Mas também, depois daquela sexta-feira na casa dos Urrea o tempo passou voando, pra falar a verdade O Noah veio me encher o saco domingo porque não tinha o que fazer e quis matar a saudade do Ben, que amou a invasão, digo visita, do titio preferido.

Ou seja, passei o meu último dia livre com duas crianças em casa, isso significa mais exatamente bagunça e agitação, gritos e mais bagunça. Pra ajudar, ele trouxe uma pista de carrinhos para uma criança de quase dois anos que mal sabe falar, no fim deu certo depois de montar e desmontar umas quatro vezes e o Benjamin atirar os carrinhos com toda força pelo looping da rampa.

— Pensando na morte da Bezerra? — Noah me cutucou enquanto passávamos o ponto na maquina dos funcionários.

— Não, só to lembrando do estado da minha casa depois que você saiu. — Sorri sem mostrar os dentes.  Eram sete da manhã e minhas costas doíam só de pensar em tudo que tive que arrumar.

— Qual é? O Ben amou! Eu dei o meu brinquedo favorito. — Me olhou indignado.

— Você é adulto, Noah, poderia ter me ajudado ao invés de fugir. Sabe que tenho mil coisas hoje, não sabe? E ainda tenho que ver a escolinha dele. — Passeio o meu dedo no leitor de digital enquanto conversava.

— Tá, foi mal, tive preguiça. —Tive que rir e ele se envergou com o soquinho que dei em seus ombros. — Vou com você na escola, ok? Pra me redimir, te dou uma carona.

— Fechou! — Combinei lhe fazendo um toque com as mãos. — Agora me deixa ir que o serviço me espera! —Ele assentiu dando passagem e eu fui até o quartinho de limpeza pegar o meu fiel escudeiro de cada dia: o carrinho com balde e esfregão.

Não vou mentir, apesar dos pesares eu estava feliz, finalmente tenho um emprego digno e vou poder pagar uma creche para o meu filho, ele vai poder interagir com outras crianças e isso vai ser bom para o desenvolvimento dele. Além disso, ele agora tem uma família maior, ganhou dois tios babões e mesmo o Noah sendo um ridículo devo reconhecer que ele é um ótimo melhor amigo para nós dois.

Ok, eu assumo que gostei um pouco da bagunça. Mas só um pouquinho.

Fazia tempo que a minha casa não era preenchida por tanta gente e o Ben riu como nunca. Até da Any ele gostou, acho que ele tem algum superpoder de encantamento porque tenho certeza que é graças a ele que agora eu tenho uma chefe legal, aliás.
Ela nem parecia a mesma naquele dia, mesmo desesperada, conseguiu ficar leve e tranquila no final, como se tivesse conseguido sair um pouco da máscara e ser simplesmente ela mesma. Não a senhora Soares autoritária e firme que mata um só com um olhar, mas a doce e simpática Any Gabrielly, que ri do vento e contagia todo mundo.

.......

Comecei por limpar os ambientes de eventos corporativos, a sala de reuniões estava pedindo socorro assim que entrei, havia café por todo lado e algum vestígio de poeira que logo foi substituído pelo brilho e o perfume dos meus bons produtos. Depois foi a fez dos corredores e salas de espera, que para minha sorte estavam vazios, e por último subi até os estúdios de música e de dança.

Cumprimentei Noah rapidamente, já tínhamos nos visto na hora do almoço e ele parecia bem ocupado. Não tinha muita bagunça, então apenas tirei a poeira e passei um pano para manter tudo limpinho, era minha obrigação. Em seguida, fui a um dos estúdios de dança, o principal, estava vazio e de repente eu me vi no reflexo da enorme parede espelhada com o balde e o esfregão nas mãos.

The Change - BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora