Capítulo 2 ☘

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Mais um dia se aproxima e com ele as responsabilidades. Não tenho do quê reclamar, rico, bonito, inteligente e objetivo. Após mais uma noite não tão interessante preciso me levantar e ir para o escritório, hoje terei uma reunião importante para uma nova expansão de meus negócios. Levanto e observo a cidade pela sacada. Da onde moro é possível ver a praia e alguns edifícios. Fecho os olhos e assim que os abro começo a focar nas pessoas na rua. Desde muito cedo sempre fui ambicioso e almejei crescer profissionalmente, criado em um lar totalmente machista, não é muito difícil imaginar o que eu me tornei e não tenho vergonha de admitir o quanto me sinto superior à estes. Minha mãe não foi possível conhecê-la tão bem, pois morreu quando eu era muito novo com depressão, o que passou a responsabilidade de me educar á meu pai.Mesmo depois da morte de minha mãe, meu pai nunca se deixou derrubar. Ele me educou como seus pais o educaram, com muita rigidez e alguns resquícios de afeto. Ele sempre dizia quando eu caía que eu deveria me levantar, sem chorar, pois demonstrar emoções me tornaria um fraco. Ensinou-me que eu deveria ser o melhor no que eu faço e a nunca me misturar com pessoas inferiores à nós. E assim levo seus conselhos a risca, há quase 30 anos dando orgulho à mim e ao meu pai. Assim que me formei na faculdade, com um investimento do meu pai, abri meu escritório de advocacia, L&M (Lamas Magalhães), em homenagem a nossa família e assim me tornei o melhor advogado do Rio de janeiro. Saí de meus pensamentos e começei a preparar-me e já pronto recebo uma ligação e pela hora só poderia ser um pessoa: Ricardo!

_O que foi? - Perguntei já sabendo a resposta.

_Bom dia meu amigo, dormiu bem? - falou com graça, como sempre.

Eu e Ricardo éramos amigos à anos, apesar dele ser mais velho, nossas famílias sempre foram amigas, e isso facilitou o vínculo. Tínhamos visões muito diferentes, ele era intenso, tratava todos educadamente e dizia que somos todos iguais, em fim, um completo bom samaritano.

_ Fala logo Ricardo, não posso me atrasar - Falei impaciente, às vezes ele me tirava do sério

_Então cara, preciso de um favor... - Deu pausa para continuar, ele já poderia imaginar que eu iria retrucar, quando continuou- Eu levei ponto na carteira ontem e apreenderam meu carro, poderia vir me buscar?

_Quanta irresponsabilidade! - Tive que falar - Eu chego aí em 5 minutos - Falei e desliguei, mas tive tempo de ouvir metade de um obrigado.

Saí apressado, pois de Copacabana ao Leblon não era questão de segundos. Assim que o avistei ele veio com o sorriso mais descarado do mundo, olhei com cara de poucos amigos e ele entrou, sentou e desatou a falar.

_Você nem acredita no que aconteceu... - antes de perguntar, ele continuou - Eu saí com uma gata ontem, pretinha linda, tudo de bom sabe?! e ela disse que tinha hora para chegar em casa, pois os pais eram chatos. Até aí tudo bem, só que quando a noite estava ficando boa, olhamos no relógio e já eram quase 23:00, ela saiu desesperada da casa, se vestiu numa rapidez que até me surpreendeu. - O interrompi curioso

_Essa garota não era de menor não, né? - perguntei curioso, afinal é crime.

_Tá doido, cara? eu não fico com menor não. - Falou respirando para terminar a história

_E como você perdeu o seu carro? - Perguntei sem desviar os olhos da rua enquanto dirigia

_Pois então, foi nessa aí. Nós saímos correndo e entramos no carro e eu dirigi rápido porque ela morava longe e quando íamos nos aproximando do bairro dela, havia uma blitz e eu fui pego. Ainda bem que estávamos perto e eu tinha dinheiro para o metrô. - Contou e eu só pude pensar no quão imaturo era esse meu amigo.

_Já começou errado pegando uma negra, não tinha como dar certo - Despejei em cima dele.

_Não começa, você fica detestável quando expõe esse seu lado - Falou a contragosto

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora