Capítulo 43 🌼

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Eu não estava entendendo absolutamente nada. Quem era aquela mulher?

_Sim...eu tenho visita. O que faz aqui, Carolina?

Então era esse o seu nome. Carolina. Mas o que eles são? E o que ela quer aqui? Estas perguntas começaram a rondar a minha cabeça e infelizmente nenhuma resposta concreta me foi dado. Mas também, não é da minha conta.

_Eu precisava falar com você, e como o seu celular parece ter descarregado e você não conhece um carregador, eis-me aqui. - A moça se pronunciou

A observei e ela era muito bonita. Se vestia elegantemente e parecia conhecer o carrasco há tempos, eles pareciam ter intimidade.

_Se é urgente, entre. - Ele deu espaço e ela entrou

_Olá, muito prazer, Carolina! - Estendeu a mão simpática para me cumprimentar

_Muito prazer, Aline! - Retribuí a gentileza e apertei sua mão

_Então é você... - Ela pareceu se lembrar de algo e eu fiquei sem entender

_Carolina, não quer ir para um lugar mais reservado para conversar? - Ele se intrometeu interrompendo o que ela ia falar

_É claro, vamos. - Ela deu um sorriso para mim e uma piscadela

_É melhor voltar para o quarto, você precisa repousar. - Assenti e subi para o quarto

Pude ouvir seus passos em seguida indo para a cozinha. Que lugar reservado, hein?
Sentei na cama emburrada com toda a situação. Será que eles eram namorados? Não, ele já disse várias vezes que não tem namorada. Mas pode ser a ficante dele, algum caso talvez...
Me levantei e comecei a andar em círculos. Ele tem outra e há alguns minutos atrás ia me beijar. E eu queria! Por um momento eu anseei por aquilo e veja só; ele já ia fazer mais uma de boba. Eu sou mesmo uma idiota por acreditar que ele tenha melhorado e esteja interessado em mim. No fundo ele só quer saciar o seu desejo e se livrará de mim assim que puder. E eu aqui que nem uma tonta afim dele. Sacudi a cabeça e decidi descer para ir embora desse lugar. Eu já estava bem, então, já podia andar até o ponto do uber. Liguei para Ricardo para que ele pagasse a conta quando eu chegasse lá e vesti uma calça moleton que ele havia trago para mim. Desci as escadas e suas vozes eram baixas então saí na ponta dos pés para que não me ouvissem. Mas a curiosidade foi maior. Voltei e fiquei atrás da parede ao ouvir o meu nome na conversa. Eu não estou sendo intrusa, apenas matando a curiosidade. Ele estava sentado na bancada com ela, um ao lado do outro de costas para mim.

_Eu só estou cuidando dela, não há nada entre nós. - O carrasco disse pensativo

_Não foi o que me pareceu aquele dia no meu apartamento.

_Não me lembre daquele dia, por favor. - O que será que aconteceu nesse dia?

_Está bem. Mas se quiser podemos relembrar os velhos tempos. - Ela passou a mão em sua perna

_Você sabe que aqui não é lugar para isso, não é? - Ele tirou a mão dela bebendo sua água em seguida

_Por que? Só pelo motivo da sua empregadinha estar aí? Isso não é problema para mim, posso muito bem não fazer barulho. - Aquilo foi o estopim para mim

Saí de trás da parede e fui andando. Abri a porta devagar, entrei no elevador e desci para a rua. O dia estava nublado e graças a Deus não tinha movimento na rua. Liguei para o uber e assim que ele chegou eu entrei. Liguei para o Ricardo já avisando aonde estava e me permiti recostar a cabeça no banco do carro. Fechei os olhos e só abri quando cheguei no meu destino. Ricardo pagou a corrida e eu entrei em sua casa. Ele me olhava com cara de interrogação, com certeza deveria estar se perguntando o que havia acontecido. Apenas manusiei a cabeça e ele entendeu que eu não queria conversar, por hora. Subi para o meu quarto e entrei no chuveiro, eu realmente precisava de um bom banho. Saí e me vesti com uma roupa confortável, deitei e esperei ser tomada pelo cansaço.

_Você pensou mesmo que eu estava interessado em você? Se enxerga, sua imunda! - O senhor Magalhães apontava e ria de mim em frente a uma multidão

_Mas o senhor disse... - Tentei argumentar e todos começaram a rir

_Pobre menina inocente! Você acredita em tudo o que te falam.

_Eu não tenho culpa de ser sincera e agir na transparência. - Comecei a chorar apavorada

_Burra! Burra! Burra! - Todos começaram a falar em uníssono

_Não, parem! - Eu tapava os ouvidos mas era em vão - Por favor, parem! - Eu implorava e eles continuavam

_Você acreditou em mim, e veja só no que deu! - Pedro apareceu repentinamente me acusando também

_É mesmo uma bobinha essa empregadinha! - A carolina apareceu debochando de mim também

_Burra, Burra, Burra, Burra! - Parecia um coral em bom tom ao meu redor

Despertei assustada, com algumas gotas de suor em minha face e com a respiração ofegante. Eu tive um pesadelo, e foi horrível. E tudo por culpa dele. O senhor Magalhães era um estúpido e nem nos meus pesadelos ele me deixava em paz. Me recordei da manhã de hoje e imediatamente entendi o pesadelo. Ele ainda era o mesmo imbecíl, e aquela mulher uma oferecida. Eles se mereciam! Pelas suas palavras, era notório que eles tinham um caso e eu estava sendo uma intrusa ali. Mas os fiz o favor de sair, de deixá-los à sos para que pudessem ficar. Ela já estava quase agarrando ele ali na cozinha e se para ele o problema fosse eu, então já não havia mais problema. Ainda bem que ela chegou antes que eu cometesse uma loucura, me fez cair em si de que eu sou só a empregada e ele o chefe. Eu já estava confundindo, pelo visto. No fundo eu já sabia que ele é um idiota, apesar de ter me salvado e cuidado de mim, mas em questão de fora da bolha, ele ainda era o mesmo carrasco. Nunca me levaria a sério, nunca teria algo concreto comigo, como ele já deixou claro várias vezes, eu sou só uma menina boba. Mas por qual motivo, razão ou circunstância eu estava pensando nisso? Eu não tenho que desejar ter nada com ele, nem mesmo beijá-lo e muito menos ser atraída por aqueles olhos, aquele corpo, aquele sorriso e aquela voz que tantas vezes me ofenderam. O único problema é convencer o meu cérebro de que achá-lo bonito é errado e o desejar mais ainda. Mas parece inevitável, por mais difícil que seja eu sinto algo por ele, mas esse sentimento não desaparece nunca. Eu até tento, todas as circunstâncias apontam para que eu o deteste, mas o meu coração é do contra. Me sentei na cama, peguei o meu celular e poxa vida, já eram quase 16:00. Eu dormi bastante pelo visto. Na caixa de mensagens haviam inúmeras mensagens e algumas chamadas perdidas. Algumas de número desconhecido e as outras dele, juntamente com as mensagens. Ignorei e bloqueei a tela, me deitando em seguida. Abracei o travesseiro e uma lágrima solitária desceu me fazendo fechar os olhos. Com certeza ele já devia ter acabado com a Carolina e estava me ligando para rir de mim. Por hora eu ainda conseguirei, mas e amanhã quando eu tiver que ir para lá? Espero eu não demonstrar o quanto a situação de hoje me afetou. Ele não merece saber, e também não merece meus sentimentos. Eu só queria me convencer disso também.





Edit 🌼

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora