Capítulo 45 🌼

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Já estava abrindo a porta quando antes que eu pudesse tocar a maçaneta, ela foi aberta revelando a face dele. O ignorei e entrei para não ter que olhá-lo. Mas foi em vão, ele veio me seguindo até a cozinha.

_Por que você foi embora ontem? Não deveria ter feito isso, poderia ter passado mal na rua. - Eu estava de costas para ele limpando o balcão

_Como pode ver, eu já estou bem. Agradeço a estádia e os cuidados. - Ele ficou quieto alguns segundos e consegui ouvir o seu suspiro

_Está bem. E sobre ontem eu... - O interrompi me virando para ele

_Não se preocupe com isso, senhor. Eu sou apenas a sua empregadinh e nada mais que isso! - Usei as palavras da moça contra ele

_Você ouviu, não é? - Ele perguntou cabisbaixo

_Ainda bem, não? É bom para que eu caia em si. - Me virei novamente dando atenção ao balcão

_Eu e Carolina não temos mais nada. Somos apenas amigos.- E porque ele está me falando isso?

_Sua vida particular não é da minha conta, senhor. - Tentei falar o mais firme possível

Ele suspirou novamente e pude ouvir seus passos. Ele foi embora, e ainda bem. Relaxei os ombros e voltei as tarefas normalmente. No final da tarde eu já tinha feito tudo, então peguei a minha bolsa para ir à terapia. Mas olhei na mesa de centro e havia um cartão nela. Era do médico que me atendeu. Com certeza o carrasco deve ter deixado aqui, ele disse que me passaria o número. Peguei e saí dali para não ter que vê-lo quando chegasse. Caminhei até o ponto e peguei o ônibus indo até o seu consultório. Quando cheguei no endereço, a moça já estava recolhendo tudo para ir embora.

_Com licença, o doutor Soares ainda está? - Perguntei e ela deu um sorriso singelo

_Está sim, mas já está indo embora. - Abaixei os olhos desanimada

_Está bem, voltarei outro dia então. Muito obrigado! - Me virei mas fui parada por uma voz conhecida

_Olá, senhorita! - Me virei para ele - Como você está?

_Olá doutor soares. - Nos cumprimentamos com um aperto de mão - Estou bem. Vim para me consultar à seu pedido, mas fui informada que já está para sair.

_Não seja por isso. Posso abrir uma excessão para você. - Dei um sorriso e fui entrando para o sala

_Muito obrigado, doutor. Eu fico imensamente agradecida. - Me sentei e ele sentou-se também

_É o mínimo que posso fazer por meu amigo e sua namorada. - O olhei de olhos arregalados

_Eu e o senhor Magalhães não somos namorados. - Ele pareceu ficar surpreso

_Não? Eu jurava que fossem...

_Não. Eu apenas trabalho para ele. - Ele concordou com a cabeça ainda surpreso

_Me desculpe então pelo inconveniente. - Deu um sorriso envergonhado

_Está tudo bem, não se preocupe. - o tranquilizei

_E você, tem sentido algum mal estar? - Ele mudou o assunto e eu achei até bom

Comecei a falar, ele ouvia tudo atentamente e fazia algumas anotações em seu bloco de notas. Ele pediu para me examinar rapidamente, me fez algumas recomendações, pediu um exame de sangue e endoscopia. Me passou o endereço do lugar que eu deveria ir para fazer os exames e eu agradeci.
Saí do consultório e fui para a terapia, estava um pouco atrasada mas ainda daria tempo. Peguei o ônibus e desci correndo sendo atropelada por um homem. Ele sequer pediu desculpas, apenas ficou me encarando e eu fui andando sem entender nada. Que cara esquisito!
Passei pela portaria e pude ver ele saindo de lá. Novamente ele estava aqui, mas para quê? Ele está em um centro terapêutico, o que mais ele poderia estar fazendo aqui?! Eu não queria acreditar que ele estava  fazendo terapia justamente no mesmo lugar que eu. Espera! Ele fazendo terapia? Isso estava muito estranho.
Passei ao seu lado e ignorei a sua presença. Subi e entrei na sala tentando não parecer nervosa. Era sempre assim quando eu chegava aqui.

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora