O outro lado do amor

Capítulo 49 🌼

Depois de alguns contra tempos eu finalmente poderia dizer que estava me sentindo bem. Trabalhava todos os dias, fazia terapia, tinha um bom amigo, Ricardo, e a relação entre mim e o carrasco estava normal. Depois da tentativa falha do beijo, ele não tocou nesse assunto. Apenas me trata gentilmente, às vezes me dá carona após nossas sessões e aproveita de minha companhia. As coisas estavam melhores entre nós, ele realmente havia mudado, mas eu sentia falta de um pedido formal de desculpas. Pode ser besteira minha, mas eu ainda não o perdoei, e também nem teria como já que ele sequer tocou neste assunto. O fato de gostar dele não anula o fato dele ter sido cruel comigo. Claro que eu não vou remoer isso para sempre, mas o mínimo que ele poderia fazer é se desculpar. Eu acabava de limpar a mesa de refeições, até que ouço o meu celular tocar.

_Alô? - Pensei ser o número que me atazana mas não era

_Alô, senhorita dias? - Reconheci a voz imediatamente

_Sou eu mesma, doutor Soares. Aconteceu alguma coisa? - Perguntei logo, pois é estranho receber uma ligação dele

_O resultado de seus exames saíram, será que poderia vir hoje em meu consultório?

_É claro, daqui a pouco estarei aí.

_Está bem, a aguardo. - Desliguei e comecei a trocar a roupa

Eu estava em expediente ainda, mas não tinha nada para fazer, então eu acredito que o senhor Magalhães não se importará se eu sair mais cedo. Me troquei e desci até o ponto. Peguei o ônibus e desci na rua, caminhando até o consultório. Entrei e a secretária informou ao doutor a minha chegada. Ele me cumprimentou e pediu-me para que sentasse. Eu já estava nervosa com o que viria, mas tentava manter a calma.

_Seus exames chegaram ontem, senhorita dias, mas eu preferi os analisar.

_E está tudo bem, não é? - Perguntei aflita

_Felizmente a endoscopia mostrou que a substância já foi eliminada de seu organismo. Com isso não precisa se preocupar. - Respirei aliviada

_Ufa! Eu nunca mais irei a uma boate e também nunca mais aceitarei nada de estranhos. - Falei determinada

_Mas infelizmente não é só isso, senhorita... - Ele se levantou com o exame nas mãos

_Tem mais alguma coisa, doutor? Por favor me fale... - Pedi e sua expressão não era nada boa

_Não são boas notícias, e se eu estiver certo, pode ser pior ainda. - Ele me olhou com um olhar triste

_O senhor está me deixando angustiada, doutor. Me fale, eu aguento o que vir! - Supliquei temerosa

_Analisei o seu exame de sangue e pude comprovar que você está com anemia. - Ele se sentou e anotou algo em sua caderneta

_Anemia? - Perguntei ainda desnorteada

_Infelizmente sim. A anemia acontece quando as células vermelhas do sangue, responsáveis pelo transporte de oxigênio pelo corpo, estão em quantidade baixa e, portanto, não conseguem realizar sua função corretamente. Os sintomas mais comuns incluem fadiga, cansaço, tontura, mal-estar e sonolência. Por isso eu estranhei o sangue aquele dia em seu vomito, e ainda bem que veio aqui a tempo. - Eu ouvia atentamente e tentava não transparecer medo

_E o que eu posso fazer para melhorar, doutor? - Perguntei receosa

_Procure sempre comer alimentos saudáveis, que possuem vitaminas B e tomar sol, é muito bom devido a vitamina D. - Assenti ainda tensa

_Seguirei a risca cada recomendação, doutor. - Ele me entregou a sua anotação

_Aqui tem uma série de recomendações que fiz para você se cuidar. - Peguei e guardei na bolsa