Capítulo 23 🌼

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Tudo estava indo muito bem e pelo andar da carruagem só iria melhorar. Eu tinha deixado alguns currículos e aguardava ansiosamente por alguma ligação. Eu ligava todos os dias para o meu vô e eles estavam muito bem, graças a Deus. O Ricardo estava em seu novo emprego e eu estava arrumando a casa. Com a minha estádia, ele liberou a diarista, mas é provisoriamente. Estava limpando a mesa de refeições quando ouvi a campanhia tocar, parei imediatamente e fui atendê-la, me arrependendo logo em seguida.

_O que você faz aqui? - Fechei a cara e ele manteve-se impassível

_Eu preciso falar com o Ricardo - Aquele carrasco não ia tirar a minha paz

_Ele não está! - Já ia fechando a porta mas ele colocou o pé em seu vão

_Avise que eu estive aqui e preciso falar com ele. - Disse todo autoritário como sempre

_Não sou pombo correio! - Disse em um mesmo tom

_Mas que merda! Será que você poderia fazer esse favor para mim, deixe de ser teimosa. - Começou a se exaltar

_Ora, eu não irei fazer nada para você seu carrasco e outra, Ricardo também não quer mais conversa com você! - Ele se enfureceu e abriu a porta entrando sem ser convidado

_Ei? Eu não te dei autorização para entrar, seu grosso! - Ele riu em sarcasmo e passou a mão na testa

_Já está dando ordens, é?! Veja só o que o dinheiro e luxo faz com as pessoas! - Ele se aproximou de mim e eu me mantive impassível

_Saia dessa casa, ou eu irei gritar. - Ele riu novamente e se virou

_Olha só, ele já te colocou para fazer os afazeres domésticos? - Apontou para a mesa que eu estava limpando

_Isso não é da sua conta. E mais, se eu faço é porque não estou aqui como uma inquilina, sanguessuga. - Me coloquei em sua frente de braços cruzados

_Tenho certeza de que o Ricardo não se importaria se você não fizesse nada, ele é tão bom que chega a ser bobo! - Descruzei os braços e apontei o dedo na cara dele

_Eu não irei permitir que fale assim dele. Quem dera se todos fossem como o Ricardo é! - Ele se aproximou com uma expressão séria

_Você o defende porque é a protegida dele. E porque são amantes, mas espere só ele cair em si. - Aproximei-me mais e estávamos muito perto um do outro

_Eu disse aquele dia que era a última vez que você iria me ofender. - Ele deu um riso irônico

_E você irá fazer o quê? Me bater novamente?

_A vontade é essa. - Me afastei um pouquinho, eu odeio encará-lo

_A verdade te dói não é? Eu sei que você gosta do Ricardo, mas ele não. E mais cedo ou mais tarde, ele irá te despachar daqui e você voltará ao seu âmbito sujo da onde nunca deveria ter saído. - Deu um pausa - Ou talvez encontre outro idiota para fazer de otário.

_Isso tudo é o quê? Ciúmes? - Me aproximei dele e arqueei a sombrancelha - O Ricardo sempre foi o seu amigo, mas você não me parece gostar de homens, então... - Dei uma pausa e um risinho irônico que o deixou vermelho

_O que está insinuando? Que eu esteja com ciúmes de você? - Balancei a cabeça e prossegui

_Contra fatos não há argumentos... - Ele deu um riso nervoso e começou a suspirar

_Se olha no espelho menina, eu nunca sentiria nada por você além de asco.

_Não é o que parece. Essa sua raiva contida me parece muito com desejo reprimido. - Sua risada se tornou mais alta

_Nem se você fosse a última mulher do mundo eu te tocaria, porque você me dá repulsa.

Levantei a mão para o calar de todas aquelas ofensas, mas ele foi mais ligeiro e a segurou no ar.

_Não ouse me bater novamente, sua imunda!

_Me solta, seu estúpido! - Ele segurou o meu braço firme mas sem machucar

_Aquela vez você me pegou desprevenido, mas desta vez não. - Ele me aproximou mais dele de certa forma que ficamos quase colados

_Se você não me soltar eu vou gritar e os vizinhos irão vir aqui. - Ele riu da ameaça me virando em seguida de costas para ele segurando os meus braços

_Eu estou morrendo de medo da sua ameaça. - Ele falava bem perto da minha orelha me deixando agoniada - Você só gosta de fazer show com plateia não é?

_Eu não estou fazendo nenhum show, só quero que você me solte e vá embora! - Se aproximou novamente e pela distância era possível ouvir sua respiração ofegante

_Eu vou embora sim, mas não sem antes te colocar em seu lugar.

Ele segurou com mais força enquanto eu protestava, e nossos corpos pareciam um de tão perto que estavam.

_Você é um vadia, é uma qualquer que se deita com todo tipo de homem por migalhas, mas eu abrirei os olhos do meu amigo e mostrarei quem você é de verdade. - Suas palavras eram ásperas e cruéis

_Se eu sou isso tudo o que você diz e pensa, então prove. Com quantos homens você acha que eu já transei? - Eu estou irreconhecível, mas a situação pedia

_Devem ser tantos que até as contas você já perdeu? - Dei um riso nervoso

_E aposto que você quer ser mais um nessa lista... - Sua respiração ficou mais pesada

_Em hipótese alguma eu quero me contaminar. Você deve possuir até uma dst de tanto já ter dado essa sua buceta para qualquer um. - Suas palavras me pegaram em cheio mas eu não ia fraquejar

_É só não se esquecer da camisinha. Isso é, se você aguentar também, o que não é o que parece. - Esse lado vulgar não sou eu, mas a resposta deve ser a altura

_Você é mesmo uma vagabunda! - Ele me soltou e eu caí no sofá da sala

_Minhas palavras afetam a sua masculinidade Senhor Magalhães? - Me virei sorrindo e parando em sua frente

_Suas palavras só mostram a sua vulgaridade. Mas não é algo que me surpreenda.

_O senhor ainda irá se surpreender bastante comigo. - Ele se aproximou novamente - E neste dia irá se desculpar de joelhos.

_Já disse, que se isso acontecer algum dia eu beijarei os seus pés. E eu nunca beijei os pés de mulher nenhuma. - Se virou para ir embora

_Para tudo tem uma primeira vez, Cristopher...

Se virou olhando para trás me encarando, mas saiu em seguida. E eu pude respirar. Esse homem era um neandertal, mas como eu já bem disse, eu nunca mais me calaria para essas situações. Por mais que eu desça um pouquinho do nível, mas me calar novamente, nunca mais.

Edit 🌼

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora