Capítulo 48 ☘

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A audiência tinha sido muito cansativa, apesar de ganha. Eu via o quão abalada a menina ficou, por isso decidi convidá-la para espairecer a cabeça e óbvio, me fazer companhia. Todos já haviam saído e ela ainda se mantinha impassível ao meu convite.

_Você pode escolher o lugar. - Dei a idéia para tentar convencê-la

_Não sei se é uma boa idéia...

_Vamos, vai. Eu ainda tenho uma audiência para amanhã e queria muito não pensar nisso agora. - Ela pareceu pensar e assentiu por fim

_Está certo, mas como você bem disse, eu escolho. - Assenti e fomos andando

Ela se despediu do Ricardo e do doutor Soares, e fomos entrando no carro. E por falar no Ricardo, tivemos uma conversa há um tempo atrás. Não só ele, mas também com a Maria, a minha antiga empregada. Eu fiz questão de conversar com cada um dos quais eu já fui um babaca. Confesso que não foi fácil engolir o orgulho e me desculpar, mas eu realmente me sentia melhor. Eu e Ricardo voltamos a conversar normalmente e agora só faltava ela. A deixei por último porque, sem dúvidas, ela era pessoa que eu mais prejudiquei. Eu gosto dessa minha nova versão, não vejo mais as pessoas temerem, sorrio mais vezes e tenho mais força de vontade para cuidar de mim. Sem contar que a melhor parte era poder desfrutar de alguns momentos com a menina. Sim, eu me sinto feliz quando estou com ela. E pensar que eu a julgava pela sua cor e sua condição social.

_É aqui! - Ela disse me tirando do meu transe - Eu gosto dessa praça!

Estacionei e ela desceu do carro rapidamente. Eu tirei a gravata e o paletó e desci em seguida. Ela se sentou em um banco e ficou observando ao redor. De repente uma lágrima desce por seus olhos e eu sentei-me ao seu lado sem entender o porquê de sua repentina tristeza.

_Eu já dormi neste banco uma noite... - Ela levantou os olhos olhando para mim - Quando o senhor me expulsou da minha casa.

Então era isso. Mais uma vez ela chorava por minha causa. Eu nem quero imaginar o quão horrível deve ter sido a sua noite aqui, totalmente indefesa e tão propícia aos perigos noturnos.

_Eu não sabia... - Suspirei e fechei os olhos - Eu ainda sou o dono do edifício, se quiser poderá morar lá, e eu não cobrarei de você. - Sugeri e ela negou

_Não é necessário, eu estou muito bem na casa do Ricardo.

_Nunca terei agradecimentos suficientes por tudo o que ele já fez por você.

_É, ele foi um anjo na minha vida.

_Imagino que deva gostar muito dele.

_Não da forma que pensou. - Ela disse sorrindo

_E como sabe o que eu pensei? - Sorri de volta

_O senhor já insinuou várias vezes que tínhamos esse tipo de relação. - E eu não sei como eu pude ter pensado isso algum dia

_E porquê não pensaria? Conheço Ricardo há anos, vocês pareciam ter uma conexão muito forte, ele te defendia e você parecia gostar dele. - Tentei me justificar

_Apesar de achá-lo um homem muito atraente, não tenho este tipo de interesse nele. - Ela o achava bonito?!

_Então em outras circunstâncias você ficaria com ele? - Perguntei sem nem pensar

_Talvez. Ele é um homem maduro, inteligente e gentil. - Depois de tantos elogios à ele, eu não queria nem saber o que ela pensava de mim

_Hum, entendi. - Fechei a cara e desviei o olhar

_Está com ciúmes, senhor Magalhães? - Ela perguntou me fazendo bufar

_Claro que não. Por que estaria?

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora