Capítulo 12 ☘

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Tudo ocorria tão bem que até meu humor havia melhorado. Enquanto tomava o café da manhã, lia algumas notícias e arquitetava o meu próximo passo. A empregada me dava umas olhadas de medo mas eu não me importo. É bom que não se intromete na minha vida. Me levantei e olhei pela janela, fazia muito frio lá fora, com certeza ela deveria estar sofrendo na rua. Mas isso era pouco. Eu quero que ela passe por coisas piores, muito piores. Essa minha obsessão estava me deixando louco, por algum motivo eu queria vê-la sofrer, por algum motivo eu a odeio mais e mais a cada dia. Eu nunca fui de ser rancoroso ou tão obcecado por alguém mas com ele era diferente, estava sendo uma surpresa até para mim. Não é algo como se eu me sentisse atraído por ela, pelo contrário, ela somente me desperta sentimentos ruins. Mas mesmo assim, eu não deveria estar ligado à ela por sentimento algum. Manuseio a cabeça e afasto o que quer que seja a seu respeito, por agora. Eu tenho que focar um pouco no trabalho. Saí de casa e assim que cheguei no escritório me veio um vazio, aquele babaca do Ricardo me faz falta. Por mais que eu não fosse o melhor amigo do mundo, eu gostava dele. Foram anos de convivência e para do nada ele emburrar. Quando lembrei que foi por causa dela me subiu uma raiva, ele tinha me deixado para ficar ao lado daquela imunda, mas isso não ficaria barato, para ambos. A medida que o elevador ia subindo, eu suspirava já irritado, ainda bem que estava vazio. Cheguei no meu andar e a nova secretária já estava no seu posto. A analisei bem, ela era ruiva, estilosa e tinha uma boa aparência. Parecia ser a pessoa ideal, só espero que seja competente. Me aproximei e ela abriu um sorriso.

_Bom dia Senhor Magalhães! - Se levantou segurando a agenda

Não respondi, apenas fiz um cumprimento com a cabeça e ela perdeu um pouco o sorriso. Ninguém a avisou?
Fui para a minha sala e começei a analisar alguns casos, essa semana seria cheia pelo visto. O dia correu tranquilo, estava quase chegando no fim do expediente quando ouço a porta e era a secretária, Diana.

_Com licença Sr.Magalhães! - Entrou e eu fiquei curioso pelo que viria

_O que foi, aconteceu alguma coisa? - Mulheres...sempre tem algo para falar

_Eu lhe trouxe este chocolate, soube que é o seu favorito e como os casos são muito o senhor deve estar precisando relaxar. Chocolate é muito bom para isso. - Eu fiquei perplexo, que ousada era dessa mulher, e na hora me lembrei da atitude semelhante daquela menina

_Não me lembro de solicitar nenhum mimo... - Eu odeio bajulação

_É que eu pensei que... - A interrompi sem paciência

_Você não é paga para pensar, é paga para trabalhar. - Recostei na cadeia e seu entusiasmo foi embora

_Desculpe sr. É que hoje é o meu primeiro dia, eu só quis agradá-lo. - Abaixou a cabeça e eu revirei os olhos

_Eu odeio surpresas e muito menos bajulação, se quer continuar neste emprego é bom pensar somente nos casos a analisar. - Me levantei e parei em sua frente

_O sr. tem toda razão, me perdoe a indelicadeza. - Olhou para mim e pude vê-la mais de perto

_Espero que tenha entendido, isso aqui é um ambiente sério e não um parque de diversão para distribuir doces.

_Nunca mais irá se repetir senhor, não se preocupe!

_Ótimo, agora pode sair. - Me sentei novamente e a vi ir embora

Sinceramente, tem mulheres que me cansam e essa foi uma. Passei a mão na têmpora e suspirei exausto. Bem pelo menos a Aline não era assim...
O QUÊ? por que eu estava pensando nela? Eu só posso estar ficando doido, não é possível!
A Diana cometeu uma única gafe, mas por hoje se mostrou atenciosa e eficiente. Eu não iria recrutar esse erro, eu poderia deixar passar. Mas que ela é sonsa, isso com certeza já está explícito. Não respondeu as duras palavras, abaixou a cabeça e ainda tentou me bajular para garantir o emprego. E eu achei isso patético. Eu não gostava de ser contrariado mas também não de medrosos. E isso aquela garota não era, pelo contrário, ela tinha uma língua afiada até de mais.
Mas porque diabos eu estava novamente pensando nela?
E o pior, a comparando com alguém tão diferente? Era notório que a minha nova secretária era muito melhor que ela, tinha classe e era até jeitosa, nada que me encantasse, mas sem dúvidas era mais interessante e inteligente. A Aline era só uma desclassificada, grosseira e sem educação. Não merece sequer que eu pronuncie seu nome, imagine compará-la a alguém fora de seu nível.
Me levantei e joguei os papéis da mesa no chão. Por que eu ainda pensava nela?
Com certeza deve ser porque ela foi a única que não abaixou para você, te respondeu a altura.
Meu subconsciente dizia insistentemente.

_É, é por isso mesmo. Mas isso ainda vai mudar... - Falei para mim mesmo e saí

Encontrei a secretária se arrumando para ir embora.

_Volte na minha sala e arrume a bagunça, e depois pode ir embora. - Fui falando e andando

Ela contrariada voltou e eu peguei o elevador. Havia dois advogados conversando no elevador e o assunto me interessou, pois falavam do Ricardo.

_É isso mesmo Fabiano, o Ricardo me ligou dizendo que estava no hospital com uma moça. - Disse o Tobias

_Do jeito que ele é destraído, deve ter atropelado a moça. - Interrompi ambos, aquele assunto me interessava e muito

_Desculpe interrompê-los, mas o Ricardo está no hospital? ele sofreu algum acidente? - Por mais que eu estivesse com raiva dele, eu ainda me importava

Eles se entreolharam um tanto que surpresos, Pois é, eu nunca havia falado um ''a'' a mais sem ser do trabalho.

_Não Sr.Magalhães, o Ricardo está bem. Foi um susto, ele quase atropelou uma moça e por isso a socorreu. Ele me ligou porque tínhamos um compromisso e contou do imprevisto. - O elevador já havia chegado mas eu precisava de mais informações

_E aonde é o hospital? - Talvez ele precisasse de apoio, sei lá, eu precisava ajudá-lo

_Naquele hospital do centro, aquele todo azul. - Nem o nome o indivíduo sabia, mas eu já imaginava qual era

Saí a passos largos e fui dirigindo até chegar ao hospital. O Ricardo era sensível, deve estar em choque e por mais que não estivéssemos na paz, eu passaria por cima do meu orgulho para estar ao lado dele. Cheguei na recepção e pedi informações de uma paciente que foi atropelada e a resposta me deixou em choque.

_Ela está no quarto 421, acompanhada do marido, o senhor é algum parente? - Marido? como assim o Ricardo tinha se casado? essa história está cada vez mais louca

_Sim, eu sou irmão dele. - Menti, só assim conseguiria entrar

_Pode ir vê-la, só não demore. - Peguei o crachá e fui ao quarto

Entrei e o vi de costas, a moça parecia estar dormindo. Ele acariciava a sua mão e sussurava algo baixinho, totalmente inaudível. Me aproximei um pouco mais e me deparei com ela. ELA novamente. Eu não acredito nisso, ela estava me perseguindo, não é possível. Então, o Ricardo tinha quase atropelado ela e agora estavam aqui, como um casal em filmes.
Subiu uma raiva novamente e eu saí dali transtornado, novamente eles estavam juntos, e ele sequer ligou para mim para informar o que estava passando, buscar apoio emocional. Saí do hospital com o sangue fervilhando, dirigi até em casa e já com os pensamentos a mil. Aquela era a gota d'água para mim e eu continuaria da onde parei, Desta vez eu faria algo um pouco mais ousado e que com toda a certeza a machucaria muito. Agora paz ela não teria nunca, isso eu garanto.

Edit ☘

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora