Capítulo 63 🌼

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Acabei pegando no sono enquanto assistíamos o filme, e quando acordei pude vê-lo ao meu lado dormindo tranquilamente. Me recordei da noite anterior, ele havia estado comigo em todo o momento, e com isso consegui me sentir bem melhor. Eu havia tido uma forte crise de ansiedade quando cheguei na lanchonete. Eu pensei que estava bem, que a irritação era apenas algo natural devido ao estresse cotidiano, mas não. A terapia até tem surtido efeito, mas não é algo tão fácil assim. Eu até pensei estar estável, mas bastou um gatilho para acarretar pensamentos acelerados. Eu vi uma família sentada na lanchonete, pareciam tão felizes tomando milk shake. Era um homem, uma mulher e duas meninas. No mesmo instante em que os servia, me recordei da minha irmã, da minha mãe que tão cedo se foi e do meu pai que nunca conheci. A minha mãe morreu no parto da anne, e eu ainda era pequena e por isso não tenho lembranças dele, visto que nunca o vi. E de minha mãe também eram poucas. Eu nunca soube quem ele era, o seu nome e muito menos se está vivo. A minha mãe nunca falava sobre ele e por mais que eu insistisse ao vovô, era em vão também. A verdade é que ele nunca quis saber de nós, nos abandonou para fugir da responsabilidade e cabia à mim e minha irmã não se importar com isso. Mas às vezes era difícil, como ontem. Eu via as meninas na escola com seus pais e me sentia triste por nunca poder ter um momento como esse. E anne provavelmente também sentia isso, principalmente agora em sua fase de crescimento. E ter visto a cena de ontem só me trouxe mais recordações do quão triste eu ficava quando criança. Tentei ao máximo não transparecer, mas ao final do dia eu desabei. Chorei todo o choro guardado e fui acolhida por Cristopher. Que por sinal foi super importante neste momento. Eu temi passar por isso em sua frente, achei que ele não entenderia, mas pelo contrário. O seu apoio foi essencial e suas palavras me trouxeram um conforto inimaginável. Eu realmente me sentia bem ao seu lado e pude comprovar que o que eu sentia era além de paixão. Me aproximei dele e toquei o seu rosto delicadamente. Ele é tão lindo, seus cabelos negros agora bagunçados o deixavam ainda mais bonito, ele dormia de boca meio aberta e com o braço em baixo da almofada. Ele se remexeu e abriu os olhos.

_Que visão mais maravilhosa! - Ele deu um sorriso - Vou querer acordar todos os dias assim.

_Bom dia! - Disse sorrindo e o dando um beijo no rosto

_Bom dia! - Ele se levantou e segurou a minha mão - Como você está?

_Estou bem. - Respondi prontamente

_Que bom. Eu fiquei preocupado!

_Não se preocupe, eu me sinto muito melhor! - Ele assentiu tranquilo

_Está com fome? - Ele se levantou e eu acompanhei - Eu vou preparar um café para nós!

_Você vai preparar? - Questionei curiosa

_Isso mesmo. Eu tenho aprendido o básico para sobreviver. - Fomos para a cozinha

_E porque? Não ia contratar uma empregada? - Arqueei a sombrancelha enquanto sentava na bancada

_E contratei, ela vem 3 vezes por semana. Mas tenho achado interessante fazer algumas destas tarefas também.

_Eu nunca a vi aqui... - Disse comendo uma banana que estava ali

_Ela só vem de manhã. - Ele colocou o pó na cafeteira e a deixou trabalhar - É a Maria, a minha antiga empregada.

_Aquela que se demitiu? - Assentiu - Ela  aceitou voltar?

_Aceitou sim, com muito custo, é claro! - Ele olhou as horas e suspirou - Eu vou fazer uma ligação e já volto.

Ele depositou um beijo na minha cabeça e saiu. Eu subi para o quarto, indo para o banheiro fazer a minha higiene. Assim que terminei, saí e estava descendo a escada quando fui surpreendia com ele me agarrando por trás.

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora