Capítulo 35 🌼

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Ainda me recordava da noite de alguns dias atrás que aceitei a carona do carrasco. Foi uma grande surpresa tê-lo encontrado aquele dia saindo do mesmo lugar que eu. Mas o que ele poderia estar fazendo ali? Sacudi a cabeça e espantei aqueles pensamentos, a vida dele não me diz respeito. Já era sexta-feira e hoje fazia muito calor. Então deixei o ar condicionado ligado e usava as minhas roupas leves. Eu tinha certeza de que o idiota não ia chegar. Mas ele é muito imprevisível! É, realmente. E nas sexta-feiras ele costuma chegar no horário certo, então não teria problemas. A minha vida se resumia à: trabalho, terapia e casa. Tudo bem que é uma vida até boa, não me falta nada do necessário, mas eu sentia falta de algo. Talvez da minha família, faz tanto tempo que não os vejo. Ou até mesmo de uma distração, eu nunca tenho um momento de lazer, com uma companhia agradável. Pensei em Ricardo, mas ele sempre estava cansado e eu não queria incomodá-lo. Ele é o único homem que conheço aqui então seria a opção mais lógica. Não sei se estou preparada para conhecer e me envolver com alguém. Eu ainda tinha muito medo de acontecer novamente. Por mais que fosse alguém diferente, ainda assim, me dava um medo tremendo de ser enganada novamente. Por isso não é momento, ainda, de me envolver emocionalmente com ninguém. Por mais que fosse somente algo sem compromisso, ainda assim, é melhor não me arriscar e quebrar a cara. Terminei de dobrar as roupas e desci para ir embora, pois já estava na minha hora. Pensei em um jantar diferente para fazer hoje mas quando lembrei que Ricardo não tinha o costume de ficar em casa nas sextas, logo desisti da idéia. Caminhei até o ponto e um moço me entregou um panfleto. Era da inauguração de uma boate chamada oásis hoje. Amassei o papel e joguei na bolsa descartando o interesse em ir. O ônibus chegou e eu entrei, descendo no meu destino. Caminhei até o apartamento e entrei. Estava um silêncio, então provavelmente Ricardo não estava em casa. Fui para o meu quarto, tomei banho e comi um lanche rápido com bastante água, pois o médico que eu fui há algum tempo me recomendou. Logo para mim que sempre preferi um refrigerante, mas pela minha saúde, eu faria esse sacrifício. Sentei na sala e coloquei um programa aleatório para assistir. Já estava anoitecendo e ouço o toque do meu celular. Eu não falei? Era mensagem do Ricardo avisando que não ia dormir em casa essa noite. Dei uma risadinha e o respondi. Fiquei mais algumas horas na frente da tv entediada, até que cansei e fui deitar. Rolei, rolei e nada do sono vir. Então eu tive uma idéia, fui até a minha bolsa e li o panfleto. Pela hora já tinha começado, então eu fiquei pensativa; ia ou não ia? ia ou não ia? Bem, eu já tinha curiosidade de saber como é, mas nunca tive tempo e nem oportunidade. Talvez esse fosse o momento, afinal o que poderia acontecer de ruim? Corri para o guarda-roupa e procurei uma roupa para ir. Optei por uma calça jeans, uma blusa preta mais folgada e uma sandália da mesma cor. Prendi o cabelo com alguns fios soltos e passei o meu gloss. Eu só ia conhecer então não achei necessário ir extravagante. Olhei o endereço e eu não conhecia o lugar, mas a entrada era gratuita para mulheres até às 00:30. Corri e chamei o uber pois já eram 23:35. Para o meu alívio foi uma uber feminina, já li e assisti reportagens de casos de sequestro e abuso com passageiras. A gente nunca sabe, então é sempre bom se prevenir. Claro que não são todos os motoristas que tem essa malícia, mas a gente nunca sabe, não é? As intenções dos outros só o seus próprios coraçoes conhecem. Entrei e ela dirigiu até aonde era o local segundo o panfleto informava. Desci, guardei o ceular e a chave de casa no sutiã. A entrada estava bem tranquila, poucas pessoas então foi bem rápido para entrar. Lá dentro estava loucura, um som bem alto, pessoas dançando, se agarrando, o dj falando algumas coisas no microfone enquanto botava a música com algumas montagens. Fui andando até um lugar que tinha homens mexendo com garrafas de uma forma engraçada, pareciam fazer malabarismo como no circo. Colocavam o líquido nos copos das pessoas ali com uma destreza de movimentos impressionante. Fiquei sentada ali observando e tudo parecia muito legal, eu estava realmente me distraindo por mais que não fizesse nada ali.

_Olá! - Me virei e ouvi a voz de um homem sentado ao meu lado

_Ah, oi! - Ele me encarou e depois deu um sorriso

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora