Acordo com minhas costas doendo, pois esse sofá é duro demais, pego meu celular e vejo que são 6:20 ainda. Esqueci completamente que hoje é segunda feira e eu tenho aula.Corro para o meu quarto e aproveito para arruma-lo. Abro meu guarda roupa e pego uma calça legging e um moletom.
Tomo um banho rápido e relaxante. Queria ficar mais, porém não posso me atrasar. Me seco e coloco as roupas, faço um rabo de cavalo alto e solto duas mechas na frente. Coloco meu tênis branco que eu comprei ontem, que, pelo visto ficou muito bonito. Pego minha mochila e desço até a cozinha.
Já são 6:45 e decido pegar um pacote de bolacha para comer na escola, porque não estou com tanta fome. Vejo minha mãe descendo as escadas mexendo no celular sorridente. Abro um sorriso também, com sua alegria.
"Bom dia, mãe!" digo.
"Oi filha." Ela não tira a cara do celular.
"Está melhor?" Olho para seu rosto concentrado no aparelho.
"Sim, só com um pouquinho de dor de cabeça, mas já tomei remédio"
"Que bom e o que você tanto conversa aí? Para estar sorrindo desse jeito?" Brinco.
"Nada, boba. Vá para escola, vai se atrasar" Olha para mim, sorrindo.
"Já vou, beijos mãe!"
"Beijos! Boa aula!"
Vou até a porta e coloco meus fones de ouvido, pois, vou andando como sempre.
Ando pela rua, vendo as mesmas pessoas de sempre. Vejo velhinhos passeando com seus cachorros, pessoas se exercitando e jovens como eu, indo a escola.
Felizmente chego a tempo e vejo Ravena me esperando na entrada.
Ela vêm até mim e me dá um abraço confortante, me faz lembrar das mensagens que eu enviei a elas.
Deve ser isso que eu preciso mais, um abraço. Um abraço que me faça esquecer todos os meus problemas e confusões que há dentro de mim. Esses pequenos momentos são os que mais me comovem.
"Está melhor? Como sua mãe está?" Ela segura meu rosto e me olha com seus grandes olhos.
"Eu estou melhor e minha mãe também, era só uma noite com as amigas dela mesmo." Tento desviar o olhar.
"Entendi." Ela me abraça novamente.
Alguns segundos depois, ainda abraçada com Ravena, vejo Amber e um menino aleatório se beijando na grama da escola. Misericórdia gente - riu com os meus pensamentos.
"O que?" Ravena se afasta de mim.
Aponto para Amber se pegando com um menino do 2° ano.
"Que nojo!" Eu e Ravena começamos a rir. Até que toca o sinal para irmos a sala.
"Vêm!" Ravena me puxa para irmos.
Sento em minha carteira e logo atrás a Ravena. Amber aparece minutos depois com seu batom borrado, fazendo a sala toda rir. Ela senta em sua mesa logo em frente a minha.
"Todos vocês são idiotas!" Resmunga e olha para nós.
Ravena faz um gesto maliciosamente com sua mão e Amber cruza os braços emburrada.
Horas depois vamos ao intervalo, nos sentamos em um banco do jardinzinho.
"Na frente da escola?" Ravena ri de Amber.
"Cala a boca!" Amber revira os olhos querendo esquecer isso.
"Vocês querem ir em uma festa hoje? Vai ter a galera do ensino médio todo! A festa vai ser do Vítor e vai ter piscina também"
"Nem pensar, eu sou zuada por gente que eu nem conheço por conta dele." Coloco minhas mãos dentro da manga da blusa.
"Por favorzinho" Ravena faz cara de pidona.
"Já topo." Amber toca na mão de Ravena.
"Tá..." Reviro os olhos.
Sinal toca novamente e nós três caminhamos até a sala. Teve mais 4 aulas e por fim, já estávamos na saída. Confirmamos a festa de hoje a noite e nos despedimos.
Caminho até minha casa, pensando em tudo no geral. No Vítor, no meu pai, na minha mãe. Parece que eu não tenho outra coisa para fazer além de pensar nos meus pais, parecia ser um pensamento fixo.
Ignoro os pensamentos quando vejo que já estou chegando em minha casa. Não encontro minha mãe novamente. Ela deve está no trabalho então ignorei. Acho que ela chega por volta das 16:00 ou 17:00 por aí. Vou até meu quarto e jogo a mochila em qualquer canto. Deito na cama em dúvida se vou na festa ou não.
Eu sei que ele fez merda, o Vítor. Mas eu preciso me divertir mais. Eu não posso ficar aqui, pois, vou me pegar pensando nas mesmas coisas de sempre. Eu simplesmente vou ignora-lo a festa toda, se alguém me zuar, eu ignoro também e se o Vítor puxar assunto, eu serei seca.
Tiro meus tênis e me cubro para dormir um pouco até o horário da festa.
.
.
.Por que você fez isso, Anne? Escuto uma voz grossa gritando.
- E-eu não fiz nada!
- Olha só o que você fez com sua mãe!
- Para você está me machucando - ele aperta meu pulso
- Eu não vou parar, até que você pague o que fez com sua mãe!
- Mas...
Recebo um tapa na cara.
- Você não pode... Coloco minhas mãos sobre meu rosto machucado.
Olho para minha mãe e ela está jogada no chão sangrando.
- Para por favor!
- Você que fez isso Anne!
-E-eu não fui... eu. Choro e grito descontroladamente
- Você vai ver! Ele vêm correndo até mim
Me agacho e choro igual uma criança.
- Por favor!!
.
.
.Pulo da cama, com minha respiração acelerada. Percebo que foi só um pesadelo. Pego meu celular com minha mão trémula e vejo que são 18:42.
Volto com a cabeça no travesseiro ainda em pânico pensando no pesadelo que houve. Quando percebo já estou chorando. Fico alguns segundos "paralisada" entre o pesadelo e a vida real. Limpo as lágrimas e sento na cama. Ligo para Amber e Ravena novamente.
- Alô? Só Ravena atende.
- O que aconteceu?
- Eu não sei - gaguejo
- Você está bem?
- Eu não sei - começo a chorar.
- Eu tive um pesadelo e foi horrível, eu estava no chão da cozinha e meu pai estava me batendo, dizendo que a culpa era minha. Gaguejo em todas as falas.
- Oh, meu deus...
- Me desculpa te ligar, eu me sinto bem... quando ligo.
- Que isso, não precisa se desculpar, quer que eu vá aí?
- Sim, por favor. Desligo.
Desço as escadas e percebo que a casa esta toda escura, minha mãe não está. Me vêm o pensamento que ela saiu para beber novamente. Eu não quero ser a filha chata que tem ciúmes da mãe. Mas, eu me preocupo com ela. Ela devia ter pelo menos me avisado.
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Psicólogos não são o que parecem
RomanceAnne é uma estudante de 17 anos que tem a vida totalmente sofrida por conta de seus pais. Por isso afetar tanto seu psicológico, sua mãe decide colocá-la num psicólogo, mas isso fará ela ter mais conflitos por ser a pessoa que ela criará sentimentos...