CAPÍTULO 2

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Na manhã seguinte, eu acordei bem cedo, fui direto ao banheiro fazer minhas necessidades, olhei no espelho e vi que meu olho estava inchado de tanto chorar naquela noite, mas decidi ignorar. Desci as escadas, fui para a cozinha e vi a minha mãe. Ela estava sentada na cadeira, tomando uma xícara de café, ela estava pensativa... Com sua mente em outro lugar.

Olhei ao redor e percebi que meu pai não estava mais ali.

"Aonde está ele?" Resmunguei.

Ela se virou para mim e deu um suspiro forte. "Anne, eu vou ser clara. Quero que compreenda. A gente vai passar um tempo separado."

"Tá..." Falo por impulso, mas sabia que pensaria nisso mais tarde.

Não sei o que realmente eu achei disso, mas lhe dei um abraço, por que ela parecia estar confusa com tudo. Foi um abraço confortante, senti o alívio que ela sentiu.
Eu não sei se o papai faria falta, por que eu nunca tive uma "intimidade" com ele, nunca conversei sobre coisas pessoais, mesmos sendo filha dele, é difícil de explicar, mas sempre fui mais apegada a minha mãe.

Ela finalmente decidiu quebrar o silêncio que estava.

"Quer ir ao shopping comigo hoje?" Ela estava sorridente.

"Claro!!!" Disse animada.

"Ótimo, mais tarde nós vamos!" Ela mexeu em meus cabelos.

Minha mãe e eu estávamos nos divertindo muito naquela tarde, pude me sentir realmente bem depois de anos presa em casa. Me fez até esquecer que meu pai tinha ido embora por algum tempo.

Estávamos rindo de um menino que tinha caído de skate ao lado do Shopping, minha mãe me fez rir demais.

Acabamos indo na sorveteria dentro do shopping. Nos sentamos perto de um casal de velhinhos, comecei a olhar um pouco para eles, o que fez eu pensar nos meus pais juntos. Acabei pensando demais e minha mãe me fez voltar a realidade com um estralo de dedo.

"Eii, tá pensando em que?" Ela ergueu a sobrancelha.

"Nada demais!" Dei risada.

"Sei!... Vai querer sorvete de que?" Ela disse olhando o cardápio.

"Morango."

"Tá bom, eu vou querer um de baunilha." Ela se levantou e foi fazer o pedido no balcão.

Depois de uns 20 minutos, ela chega com dois copos de sorvetes enormes.

"Meu deus!" Rio

"Nem um pouco exagerado!" Ela riu.

Assim foi a nossa tarde, conversando sobre tudo e rindo de todos, foi a melhor tarde da minha vida.

Anne POV

Alguns anos se passaram e a minha relação com minha mãe havia melhorado, estávamos mais próximas e bem amigas. Passava muito mais tempo ao seu lado, coisa que não acontecia antes. Me sentia muito mais confortável desse jeito, me fez se sentir segura para contar o que quiser para ela, além disso, eu me divertia muito mais com ela sendo desse jeito. Pude gravar vários momentos nossos enquanto estávamos rindo, meu coração ficava quentinho ao saber que ela estava ao meu lado, para sempre. Mas, tudo mudou de uma hora para outra... Quando meu pai voltou!

"E-eu não tô acreditando!"

Isso que eu falo quando escuto minha mãe abrindo a porta da sala sorridente.
Me senti traída por ela, é como se alguém tivesse me apunhalado pelas costas, eu nunca vou perdoa-la.

Eu achava que ele não ia voltar e que eu ia ficar só com minha mãe pelo resto da vida, ele nem fazia tanta falta assim e eu nem pensava nele mais. Não entendo por que eles voltaram, ela estava tão bem sem ele. Meu sorriso apagou na hora.

"Oi Querida!" Ele caminha até mim de braços abertos.

"Oi." Cruzo os braços.

"Anne, cumprimente seu pai de forma correta."

"não" respondo friamente.

"Vai ser mais difícil do que pensei" ele bufa. Eles dão alguns passos e minha mãe senta no sofá com ele

"Eai? Como está a vida minha filha?" Ele pergunta sorrindo.

"Legal." Sou curta e grossa porque ele nunca havia me feito essa pergunta.

"Filha..." Minha mãe diz baixinho decepcionada.

"O que mãe? Você volta com ele como se nada tivesse acontecido? O que ele fez com você? A sua mão... O prato, os gritos, as noites que você não dormiu bem." Solto tudo em um tom que dê para me ouvir perfeitamente.

"Calma filha, você só tem 13 anos. Você não vai entender..." Ela diz olhando para mim e o Roberto.

"Tá bom, então eu não entendo! Não vou falar mais nada, já que é a sua vida!" Grito.

"Isso! Agora suba para seu quarto!"

Subo as escadas correndo e bato a porta do meu quarto com força.

Eles se olham sem saber o que fazer.





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