CAPÍTULO 3

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Foram meses sem ele, a nossa relação já não estava mais como antes. Eu olhava com ódio, rancor, mas tratava ele bem para minha mãe não ficar mais magoada do que já estava. Assim como também, ele me tratava com educação pelo menos, não parecia ser sua filha.

Eles brigavam ainda, mas não como as brigas de antes, estava mais "de boa", porém ele não havia mudado porra nenhuma, eu pensei que ele estaria mudado. Não sei por que minha mãe gosta dele. Ele não tem nada a oferecer, é um Zé ninguém.

Eu tinha acabado de voltar da escola, fui direto ao meu quarto quando vi meu pai bêbado e minha mãe sentada chorando na sala. Tentei processar o que estava acontecendo em poucos segundos, olhei para ele e olhei para ela com a cara de decepção porque ela sabia muito bem que a culpa era dela. Reviro os olhos e apenas ignoro, subo ao meu quarto e tranco a porta. Jogo minha mochila longe e pego meu celular para conversar com meus amigos da escola.

Alguns minutos depois escuto eles discutindo de novo, mas dessa vez mais alto, eu não entendi o porquê.

Ignoro novamente e decido tomar um banho. Ligo o chuveiro, tiro minha roupa enquanto a água esquenta, alguns segundos depois entro debaixo do chuveiro. "Tão relaxante..." coloco uma música no celular bem calma e apenas aproveito o momento. Quando estava desligando o chuveiro escuto barulho de vidro quebrando e começo a me secar rapidamente para ver a minha mãe. Coloco qualquer roupa e corro para lá.

Vou ao corredor, com meu coração acelerado, vou até metade da escada e me agacho como sempre fiz. Até que eu vejo a cena...

"Não, não, não..." Repito para mim mesma.

Meu coração começou a bater mais forte e eu comecei a suar. Minha raiva subiu quando eu vi o meu pai espancando a minha mãe.

...

Eu paralisei, eu não estava acreditando no que via...

"Mãe!!" Desço as escadas pulando os degraus.

"Sai daqui garota incompetente!" Meu pai grita.

*Vai se fuder" Meus olhos começaram a encher de lágrimas por suas palavras.

"Mãe!!!! Me responde!" Me agacho para perto dela.

Meu pai anda diretamente para a porta da sala para ir embora.

"Por que você fez isso? O que ela te fez?" Olho para ele, indignada com meus olhos encharcados.

Ele apenas me dá uma olhada fria antes de sair pela porta. Eu nunca senti tanto ódio por alguém como senti neste momento.

"Mãe! Acorda!" Digo com a voz falhando.

"Mãe!" Começo a gritar rouca.

Começo a sacudi-lá.

Seu rosto estava todo vermelho, sua boca e seu nariz estavam sangrando, seu braço estava com hematoma.

"Por favor!" com meus lábios e meus dedos tremendo.

Ela finalmente abre os olhos.

"Mãe?" Digo baixinho.

"..."

"Fala comigo..."

"O-o que a-aconteceu?" Ela fala com uma voz arrastada e grave.

"Ele te espancou todinha.." Estava com a mão no seu rosto.

Foi a cena mais pesada que eu vivenciei depois de tudo que já aconteceu.

"Aah... Me desculpa filha... E-eu não sabia que..."

"Não se preocupe! O que importa agora é você!" Carrego ela até o sofá para cuida-la.

"Aonde ele está?" Com a voz trémula ela diz.

"Aqui ele não está."

"Tá... Sério filha, me desculpa mesmo."

"Para mãe..." Ergo o cerro.

"Vou ligar para a polícia e ambulância" digo.

"Não precisa..."

"É claro que precisa."

Alguns minutos depois eles chegam e levam ela até o hospital e eu vou junto. Minha cara e minha mão também estão com sangue mas isso não importa. Fico olhando para a minha mãe pensando no quanto a pessoa pode ser dependente emocional da outra, capaz de aceitar isso. Mesmo eu sendo tão nova, eu já sabia o significado dessa palavra por ter o exemplo bem na minha frente.

Meu pai não teve nem um pouco de pena!

Alguns minutos depois chegamos no hospital, minha mãe vai ficar um tempo aqui por causa dos ferimentos no rosto e no braço.

Acabo deitando no sofá ao lado, com fome e frio, mas acabo pegando no sono.

Psicólogos não são o que parecem Onde histórias criam vida. Descubra agora