CAPÍTULO 23

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"Porra, esqueci completamente que eu preciso ir ao psicólogo" ando pelo quarto agoniada.

"Mas espera..." Ravena faz uma cara de interrogação.

"O que?"

"Vocês..." Olha decepcionada para mim.

"Ravena, entenda o meu lado, ele me salvou do Vítor e ele não queria que eu ficasse na rua, você também não atendia o telefone."

"Hum" ela sai do quarto sem falar mais nada. Deixo pra arrumar as coisas no quarto para outra hora e saio de casa para ir a terapia. Chamo um Uber e chego lá imediatamente.

"Boa tarde!" Digo ao moço da porta. Saio correndo até o elevador, pois estou 20 minutos atrasada. Chego lá e vejo que está sentado, lendo.

"Oi, me desculpa, é que eu fiquei na casa da Ravena-- ele me interrompe:

"Como está senhorita, Anne?" Ele olha atenciosamente.

"Eu estou bem" gaguejo não entendendo nada.

"Como está sendo seu dia?"

"Que? Que tipo de pergunta é essa, eu acabei de sair da sua casa?" Me aproximo dele.

"Como está sendo seu dia?" Ele repete a mesma coisa no mesmo tom de voz.

"Tu não escutou o que eu falei?" Revido.

"Anne, só responde minha pergunta corretamente." Ele fala calmo.

"O que tá acontecendo? Por que está agindo assim? Até parece que não sabe o que eu estava fazendo a 2 horas atrás!"

"Anne!" Ele se inclina para mim.

"O que?" Digo indignada.

"É o meu trabalho. Esquece tudo o que aconteceu, nada mais importa, já passou. Aqui, eu sou outra pessoa, não devemos manter esse contato! 

"Por que? Por que ofereceu sua casa então?" Pergunto com nó na garganta já esperando o pior.

"Eu tenho empatia, Anne. Eu não posso ser seu amigo e ser seu psicólogo ao mesmo tempo! Isso interfere muito na sua vida pessoal, mais do que você pensa! Eu já te disse e repito" Ele grita de volta.

"A gente não pode fazer isso, é errado, eu não posso piorar a sua situação agora" Seus olhos estavam dizendo outra coisa.

"Maldito dia que minha mãe foi procurar um psicólogo, maldito dia!" Estou prestes a sair da sala mas, sinto ele puxando meu braço.

"O que você vai fazer? Não vir mais? Você sabe que precisa de terapia! Você não está bem!"

"Eu posso procurar outro!" As lágrimas estavam prestes a descer.

"Sua mãe é quem pode fazer isso."

"Me solta!" Puxo meu pulso e saio da sala, deixando-o.

Eu sei que estou errada, eu não devia cobrar uma amizade dele, ele apenas me ajudou a não ser assediada, ele só fez o mínimo. Eu não sei de mais nada, eu só quero ir embora. Caminho até a porta e vou. Passo pelo porteiro e ele me olha sem entender nada. Corro o mais rápido possível até em casa para poder chorar, gritar e desabar no meu mundo.

Eduardo POV

Eu queria ter a amizade dela, mas a minha profissão vai muito além disso e a mãe dela também escolheu logo eu. Não reclamo, mas isso é muito azar. Bom, eu preciso ignora-la, eu já sabia que não ia ser fácil.
Infelizmente a minha presença em sua vida, pioraria 3x as coisas, ela iria confundir seus sentimentos e também enganar a si mesma.

Anne POV

Chego em casa com a cara toda "amassada" de tanto chorar, eu não estou acostumada a discutir com alguém a não ser a minha mãe, essa é a primeira vez.

Ravena está se arrumando para ir trabalhar, ela trabalha numa lanchonete aqui perto.

"O que aconteceu para você chegar tão cedo?" Ela se aproxima de mim, olhando meu rosto.

"Aquilo... Eu e o psicólogo..." Susurro com dor no peito.

"Aí céus!" Ela senta no sofá.

"Droga! Eu não devia ter ido lá hoje" Resmungo.

"Eu não sei como vai ficar daqui para frente... E também nem quero saber!"

"Foca no motivo que você começou a fazer terapia" ela diz.

"Ok..." Fez mais sentido para mim, eu sempre esqueço o motivo de eu estar lá, pelo simples fato de sempre parecer um passeio.

Ravena se despede e vai para o trabalho. Aproveito para me distrair, vou decorar meu quarto do jeito que eu quero. Começo colocando as minhas roupas dentro do guarda roupa branco, não eram muitas, mas ocupava espaço. Deixei alguns dos meus livros na escrivaninha. Peguei algumas decorações que estavam encima do guarda roupa e comecei a decorar. Tinha alguns pisca-pisca, coloquei em volta da cama e também tinha alguns quadros, coloquei na mesma parede da escrivaninha. Não estava muito decorado, mas eu gostei. Esse trabalho todo me fez distrair um pouco a cabeça, entretanto, escuto meu celular vibrar e vejo que tem mensagens da minha mãe e do Eduardo. Ignoro os dois, eu só quero paz por algumas horas. Vou para a cozinha ver o que têm para fazer a janta e decido ir ao mercado fazer algumas compras. Enquanto estava mexendo na minha bolsa no quarto, escuto o celular vibrar novamente, a curiosidade me mata, decido olhar pelo menos as do Cooper.

Eduardo: Eu não quero que você troque de psicólogo, ainda preciso ajudar você! 🧐😡

"Quem passou meu número para ele?" Fico confusa.

Não irei responder, já conversamos hoje. Deixo o celular na cama e vou para o mercado. Compro pães e salsichas para comer hoje a noite. Eu não sei que horas ela volta, então daqui a pouco eu começo a fazer. Me deito no sofá para assistir série. Depois de um tempo, começo a preparar os cachorro quente. Está tão recheado, ela vai amar. Escuto ela abrindo a porta da sala e vindo em direção a cozinha.

"Olha só..." Ela observa a mesa com os pratos que eu preparei.

"Pois é!" Digo sorrindo também.

"Se quiser, pode sentar e comer já, já está pronto"

"Já quero" a sirvo.

Ela dá uma mordida e me dá um pouco de esperança de ser boa em fazer cachorro quente. "Hum, tá uma delícia" fico feliz em escutar isso, ela merece depois de trabalhar. Me junto para comer com ela. Assim, ficamos a noite toda, conversando e comendo. Depois, fui ao meu quarto dormir.

Psicólogos não são o que parecem Onde histórias criam vida. Descubra agora