CAPÍTULO 32

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Essa pequena discussão me fez ficar desanimada, tinha até esquecido do Eduardo na porta me esperando. Tenho certeza que ele deve ter escutado tudo, tadinho.

"Oi..." Digo tímida com a certeza que ele escutou.

"Você não escutou..."

"Né?" Falo

"Sim" ele franze a testa.

"Ah" Agora eu não sei o que fazer realmente. Ficamos em um silêncio constrangedor.

"Relaxa, não vou me importar com isso agora, só quero passar a tarde com você e esquecer de tudo!"

"Tá..." Ele me puxa pelo braço.

"Pra onde vamos?"

"Nem eu sei, apenas estou andando"

"Eu gosto de andar" sorrio.

Eu sinto que tem um clima estranho entre a gente, que o óbvio fui eu que deixei. Talvez ele esteja meio inseguro de ficar perto de mim agora. Não tem o que fazer diante disso.

Andamos por uns minutos e paramos em frente ao prédio dele.

"O que viemos fazer aqui?" Pergunto confusa olhando seu rosto.

"Vim pegar algo" ele anda até a porta "você pode vir comigo ou me esperar aqui"

"Escolho a primeira opção" sigo ele por toda a casa, parecendo uma sombra. "O que é?" Pergunto.

"Uma coisa, uai"

"Você pode esperar lá na sala?" Ele se vira para mim.

"Claro, é... Claro" engulo seco.

Espero por alguns minutos na sala e decido observa-la com mais detalhes, da última vez não deu, então...
Eu amo observar esses detalhes. Vejo em uma mesa cheia de gavetas que há vários rascunhos de textos e tal, eram as anotações que ele faz nas consultas. Por algum motivo me deu curiosidade para saber o que havia nessas anotações.
Mexo em algumas para achar a minha, mas sinto uma mão deslizando sobre meu ombro, logo me viro. Meu posto de fofoqueira nunca vai acabar.

"Achei que eu não fosse mais seu psicólogo, moça" sinto meus pelos arrepiarem, da forma que ele falou pareceu que não lhe conhecesse.

"Não é o que você pensa, eu só estava curiosa, só isso" falo gaguejando e enrolado.

"Não devia ser tão curiosa.. Algum dia vai se meter em algum lugar que não deveria" ele olha para mim com um olhar de misterioso.

"Me desculpa!! Eu só queria ver" disfarço o olhar.

"Por que quer tanto ver?" Ele se inclina para mim.

"Não sei... Apenas passou essa curiosidade na minha cabeça." Me afasto rapidamente.

Ele fecha a gaveta onde eu estava mexendo e pega alguns papéis em cima de uma prateleira. "Aqui está" ele me entrega, observo atentamente e lá estava exatamente as respostas das perguntas que ele havia me feito. "Mas por que o meu está separado?"

Olho para ele e vejo que está sem respostas. Pensei em quinhentas coisas que poderiam ser em apenas segundos. Decido quebrar o silêncio.

"Ah, não vai fazer diferença né, nem sou sua paciente mais" mexo em meus cabelos.

"Tem razão" ele coloca a mão atrás do pescoço.

"Eu só deixei ali..." Olho para ele atenciosamente "... Porque seu caso era o mais delicado que já tive"

"Não me convenceu, mas vamos lá!" Ando até a porta.

"Mas não é pra te convencer, é a verdade pura."

Psicólogos não são o que parecem Onde histórias criam vida. Descubra agora