CAPÍTULO 15

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Minha mente para por alguns segundos. Tudo começa a ficar em câmera lenta. Vejo Ravena me olhando assustada com a situação.

"Anne! Não desmaia por favor! Eu não vou conseguir te levar para casa!" Escuto a Ravena num som abafado.

"Anne!"

"Pode parar de me assustar caralho!"

"Anne, não!"

Olho para a Ravena e minha visão foi escurecendo...

RAVENA POV

Quando eu olhei para Anne, eu pude sentir a dor dela, o desespero dela. As lágrimas caindo eram visíveis em seu rosto. Ela estava paralisada, tentei segura-la, eu gritei com ela falando para não me deixar, ela prometeu que não ia ficar assim. Eu tento segura-la mas ela acaba caindo na calçada, as pessoas ficaram em volta para saber o quê aconteceu, eu tentei ser o mais discreta possível, mas acabou chamando a atenção de Rosana, mãe dela. Eu me ajoelho e coloco a cabeça no peito de Anne, rezando para a mãe dela não vir aqui, muito menos o pai dela, se ela acordar e ele estiver aqui, ela provavelmente iria desmaiar de novo. O povo em volta, não colaborava, ninguém me ajudava, só estavam com seus celulares a mostra registrando essa cena, me deu vontade de gritar com todo mundo, mas não pude.

"Anne acorda, por favor! Vamo embora daqui" falo baixo.

Não consigo não deixar as lágrimas caírem. Eu estava tão nervosa com os pais dela e principalmente com ela, eu não sabia se ela iria acordar a tempo.

Olho para cima e vejo Rosana entrando na multidão, para ver o que aconteceu. Minha vontade era de puxar a Anne o mais rápido possível e ir embora daquele lugar, mas não tenho forças.

A mãe dela chega e se assusta comigo deitada sobre ela. Ela começa a gritar de pavor, ela se ajoelha comigo tentando acorda-la.

"Filha, filha, filha..." A voz dela saía falha por conta do choro.

"Saiam daqui!" Ela grita para as pessoas fofoqueiras em volta.

"Filha, por favor!" Ela encosta sua mão no rosto. Isso tudo só me deixava mais desesperada e nervosa.

Me levanto decepcionada com a situação, eu não sabia o que fazer. Logo vejo o pai dela vindo, me assusto de novo. Ela não pode vê-lo. Agacho novamente e falo para a mãe dela.

"Tira por favor ela daqui! Ela não pode ver ele!" Olho nos olhos dela.

Ela tenta me entender, mas acaba falhando, era muita coisa para processar e ele logo chega.

"O que aconteceu?" Ele pergunta vendo-a no chão.

"Se eu soubesse, tu acha que eu estaria aqui?" Ela retruca.

Ele começa a mexer nos braços de Anne. Ela acorda segundos depois.

ANNE POV

Abro os meus olhos e não lembro de nada, eu vejo tudo embaçado ainda, apenas consigo ver um cabelo azul escuro na minha frente. Meu coração começa a acelerar e minha visão foi melhorando. Ravena olha para mim com lágrimas nos olhos e eu acabo não entendendo nada. Ela me abraça e eu sinto um alívio não sei porquê. Eu pergunto o que aconteceu e ela apenas segue os olhos para os... Meus pais?

Ah não mano...

Olho para os dois e começo a lembrar dele chegando no bar. Ele esta com a mão no ombro dela, me dá ânsia! Eu nem pergunto nada, apenas faço contato visual com a Ravena pedindo "pelo amor de Deus" para ir embora dali.

"Tá tudo bem filha?" Minha mãe pergunta.

"O que você está fazendo aqui?"

Eu não respondo nada e nem olho nos olhos, apenas me levanto e pego na mão de Ravena e saio dali, deixando-os. Eu posso ter sido má fazendo isso, mas eu nunca a decepcionei do jeito que ela me decepcionou hoje, eu realmente estava putassa com ela.

Ravena olha para trás e me conta que eles estão brigando, isso me deixou feliz.

Fomos o caminho todo em silêncio, acho que a Ravena queria me confortar mas não sabia como, então ficou em silêncio para não piorar a situação.

Chego em casa e tudo que queria era dormir e nunca mais acordar. Ravena irá dormir aqui, isso me deixa mais aliviada pois irei dormir na companhia de outra pessoa, assim evito de pensar nos meus pais.

Ela deita na cama, parecia estar mais cansada do que eu. Acho que ela gritou tanto tadinha. Rio com os meus pensamentos. Ela acaba pegando no sono e eu fico olhando para o teto ao lado dela. Eu não vou dormir de jeito nenhum, por mais que eu queira..

Passou umas 2 horas e eu estava pensando neles obviamente, a raiva estava me consumindo mais e mais, quanto mais eu pensava mais eu queria matar meu pai, eu queria descontar essa raiva em alguém.

Escuto a porta abrir e corro direto para as escadas, me agacho como sempre fiz para ver se minha mãe tinha trago ele. Vejamos que sim. Ela ainda tem coragem de fazer isso!

Desço o restante das escadas e apenas olho para os dois. Eles pareciam estar surpresos, mas eu estava dentro da minha casa, o que eles queriam?

"Filha! Por favor, eu explico" Minha mãe se aproxima de mim querendo me tocar.

Me afasto com nojo dessa mulher, a cena do meu pai batendo nela passa pela minha cabeça, como um flash, me deu vontade de gorfar na hora.

"Não!" Falo com voz firme e grossa.

"Eu nunca mais! Nunca mais vou acreditar e confiar em você!" Lágrimas caem no meu rosto.

"Filha, você tem que entender que nem tudo..." Ela diz tentando ser calma com a situação.

"Não, mãe! Você fez essa escolha! Foi você! Eu achava que você tinha melhorado, que tinha amigas e que finalmente estava superando esse vagabundo" Grito com nó na garganta.

"Olha como você fala do seu pai!" Ela grita de volta.

"Como é que é?" Eu não acredito que escutei isso dela.

"Ele não é meu pai e nunca vai ser! Primeiramente para ser meu pai tem que respeitar a minha própria mãe e isso ele não fez!" Grito com todas as forças.

"Olha aqui garota, você não tem que se intrometer nos meus relacionamentos! Se eu estou com ele ou não, problema é meu!" Ela começa a falar essas coisas e cada vez mais, vai me doecendo.

Meu "pai"estava apenas observando tudo sem saber o que fazer.

"Olha... Vocês dois se merecem!" Eu digo.

"Você está ficando louca garota!" Ela bate contra a mesa.

"Eu?" Rio sarcasticamente.

"Sou eu que apanho e continuo com o mesmo homem né? Ou vai falar que esqueceu que quem te salvou fui eu né? Eu estava do seu lado" Eu só sabia chorar, estava lembrando de todas as cenas.

"Aí garota, eu sei muito bem o que eu faço, ele já não é mais o mesmo homem!" Ela grita novamente

"Ah não? Veremos" Ando de novo para o meu quarto

"Você precisa de um psicólogo, Anne!" Ela grita o mais alto para eu poder escutar.

Volto para retrucar.

"Talvez quem precisa seja você!"

"Não, você. Vou te colocar em um amanhã mesmo!" Ela fala para me irritar.

Vou para o meu quarto e vejo Ravena espantada com a gritada. Tranco a porta rápido.

"Olha... Me descul..." Sou interrompida com um abraço dela. Esse abraço me desmontou toda.

Psicólogos não são o que parecem Onde histórias criam vida. Descubra agora