CAPÍTULO 28

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2 semanas se passaram. Eu não fui ao psicólogo, faltei vários dias nas aulas, não liguei para minha mãe e nem fui chamada para nenhuma entrevista. Eu sinto que a situação que eu estava com Cooper, realmente estava me desgastando, ele não me chamou e também não correu atrás para ver se eu estava bem. Talvez seja isso que temos que fazer, seguir em frente.

Daqui a pouco ligarei para minha mãe pedindo para cancelar as terapias, irei falar que o psicólogo não está adiantando, espero que ela não me interne.

Estou jogada no chão do quarto, lendo um livro de romance bem clichê, pois eu amo. E Ravena está fazendo a janta, amo a comida dela e ela sabe, por isso sempre faz.

"Vêm jantar" escuto ela gritar da cozinha.

Apareço num instante. "Fiz macarrão" ela diz

"Tá..." Me sento na cadeira e ela também

"Eu preciso falar com você" a gente faz contato visual friamente.

Apenas concordo e espero ela começar.

"Eu sei que eu só sou sua amiga, mas, eu também estou precisando dar uma de mãe agora. Anne, faz 2 semanas que você não vai a escola direito, não vai ao psicólogo, não procura trabalho. O que está acontecendo?" Ela me olha fria

Respiro fundo e olho pra ela.

"Poxa, eu me preocupo com você, não é legal te ver assim... Você mal está saindo, o que está acontecendo, me diz."

"Eu só estou desanimada, só isso"

"Não é só porque está desanimada que tem que desistir da vida, eu também fico desanimada as vezes, mas nem por isso vou deixar de trabalhar ou cuidar da casa."

Ela levanta da mesa e coloca seu prato na pia "Só isso que eu tinha para falar" e me deixa na cozinha. Isso me fez pensar muito, eu não quero ser um peso para ela. Eu preciso voltar a minha rotina de antes.

Algumas horas depois da janta, pego meu livro e saio de casa, eu amo dar esses rolês aleatórios, então me sento no banco do parque. Não há muita gente, apenas alguns adolescentes atoa. Sinto um vento leve bater em meu rosto enquanto leio, isso me dá uma paz tão grande. Fico a noite toda ali, vendo as pessoas e também olhando o lago.Penso em minha mãe e em tudo da minha vida. Me faço as mesmas perguntas de sempre "como será que está a situação na minha casa?" Odeio pensar nisso pois, eu acho que se minha mãe decidiu ficar com ele, ela mesma teria que arcar com as consequências... Deixo os pensamentos pra lá e foco no livro.

Olho longe e vejo Cooper vindo em minha direção, ele está sem camisa e todo suado com tênis de corrida, aparenta estar se exercitando. Ele chega até mim e logo percebo sua respiração ofegante.

"Olá?" Digo.

"O que está fazendo aqui essas horas?" Ele se senta ao meu lado.

"Lendo..."

"Romance." Ele adivinha.

"Sim, você sabe." Dou um sorriso de canto.

"Já contou para sua mãe da terapia?" Passa a mão no rosto.

"É..." Enrolo

"Sabia" ele ergue a sobrancelha.

"Ué, não entendi." "Eu te falei que ela não ia gostar, não é uma tarefa fácil" digo.

"Não, tudo bem. Mas sabe que ela está gastando dinheiro mesmo assim, né?" Ele franze a testa

"Sim... E eu não ligo" Olho para o lago.

"Mas, e aí? Como você está?"

"É... Na medida do possível, estou bem" rio.

"Como foi esses dias?" Ele pergunta.

"Foi bem... entediante." Começo a pensar

"Me desculpa por não ter te ligado para perguntar..." "Eu andei muito ocupado essas semanas, tive muitos pacientes" interrompo "Cooper, não precisa se desculpar, agora você não tem obrigação de nada, não é mais meu psicológo" digo mesmo sabendo que aquilo me deixou um pouco chateada.

"Na verdade sou sim" ele brinca.

"Idiota..." Fecho a cara de brincadeira

"Bom, já vou, vê se não demora para ir também" Ele se levanta.

"Calma, eu sei me cuidar" brinco.

"Besta você hein" ele ri

"Você corre todos os dias?" Pergunto

"Sim"

"Ah, que fitness" sorrio

"Como praticamente eu não sou mais seu psicólogo, posso virar professor de educação física se quiser" ele sorri.

"Para, é sério" nós rimos

"Brincadeira, mas acho que vai te fazer bem, como não posso te ajudar formalmente, posso pelo menos fazer o mínimo por você né, então é só me ligar que eu te busco e a gente caminha por aí"

"Tá bom" concordo com a cabeça.

"Tchau"

"Tchau" ele continua a correr.

Permaneço no banco continuando a minha leitura, como se nada tivesse acontecido. Quando sinto algumas gotas de chuva cair sobre minha cabeça, decido ir pra casa e também porque já estava tarde. Não demoro muito pra chegar, vou direto para o quarto e durmo.

Acordo bem cedo, hoje é daqueles dias que você acorda animada por estar ensolarado lá fora. Está bem calor e eu gosto até. Encontro com Ravena na cozinha, desejo um bom dia e ela retribui.

Hoje eu sinto que o dia vai ser bem animado, me sinto motivada por algo, nem parece que a duas semanas estava numa deprê. Hoje é sábado então eu estou livre de fazer qualquer coisa, lembro do Cooper me dando a ideia de caminhar com ele, mas não sei se quero agora, a gente vai ficar sem assunto e eu odeio isso... Acho melhor deixar para mais tarde, ele nem deve estar acordado agora.

"A gente devia sair, faz um tempinho que não saímos" Ravena diz

"Não quero ir em festas, nem pensar!" brinco

"Claro que não, boba, podemos fazer algo mais leve, mas também divertido"

"Bom, eu não sei nada além de andar pelo parque ou..." ela me interrompe "Aí, fala sério!" Ela bufa

"O que?" Ergo a sobrancelha

"Tá parecendo uma idosa" ela ri

"Ridícula!" Rio também

"Podemos... sei lá. Ir a praia? Ou podemos ir à pista de skate ver uns meninos lá, se pá até arranjar algum ficante para você" ela coloca o braço em volta de mim.

"Para, você sabe que eu tenho o meu tempo" respondo.

Ela força os olhos para cima indo para seu quarto. "Você que sabe, ainda tá cedo, mas se decide logo que eu já chamo a galera" ela fala alto do quarto.

Os amigos da Ravena realmente me assustam, não é nem pelo fato de eles terem o mesmo estilo que o dela, e sim que eu fico terrivelmente desconfortável perto deles.

Por mais que eu passe por essa situação, eu aceitei ir a um role com eles, não tinha nada para fazer também.

Psicólogos não são o que parecem Onde histórias criam vida. Descubra agora