CAPÍTULO 41

6 0 0
                                    

"Mas aí, eu quero saber da delegacia" Ravena diz.

"Respondi várias perguntas, o Eduardo também e no final, minha mãe apareceu lá"

"Que? Ela conheceu o Eduardo?" Ela se assusta.

"Sim, mas eu dei uma desculpa" Eduardo senta no sofá.

"Mas ela falou que dá próxima vez, ela não vai vir" olho para baixo.

"Já era de se esperar, sua mãe aparecer lá, você não é maior de idade"

"É, mas eu fiquei com medo mesmo assim, tanto caôs na minha vida..."

Todos se olham no mesmo instante, ficamos naquele silêncio, apenas sorrindo um para o outro sem acreditar naquilo. Eduardo me olha como se tivesse orgulhoso, seus olhos brilhavam...

"Podem não ter arrebentado a cara do menino, mas pelo menos já sabem como é uma delegacia" Ender sorri.

"Preferia não saber" digo.

"Vocês podem dormir aqui se quiserem, já está quase amanhecendo mesmo" Ender anda até o quarto com sua bebida.

Ravena se aproxima de nós "gente, me desculpa mais uma vez, eu estava com medo" ela se agacha. "Para, não precisa se desculpar" Eu falo pegando em sua mão.

"Gente, me desculpem atrapalhar a conversa, mas eu queria falar que eu procurei em tudo, olhei de baixo da minha cama, tudo mesmo, eu não achei outro colchão" Ender caminha até a sala falando.

Eu e o Eduardo nos olhamos por segundos, mas esses segundos foram o suficiente para eu pensar no constrangimento que vou passar durante a noite. Não acredito que terei que dormir com meu antigo psicólogo, só de pensar que vou estar cara a cara com ele na mesma cama, me dá arrepios e frio na barriga, queria tudo menos isso.

"Ou um dos dois pode dormi no sofá, só que esse sofá é muito duro, já aviso que você irá acordar com suas costas doendo"

Olho para o Eduardo de novo para saber o que ele acha disso, ele só me olha como se tivesse a certeza que preferia ficar na cama quentinha, desvio o olhar de constrangimento.

"Eu fico com o sofá!" Me levanto e vou arrumar o sofá.

"Ok!" Ender volta para pegar as coisas e a Ravena acompanha.

Eduardo se aproxima de mim lentamente, me observando como se estivesse com dó.

"Você sabe que não precisa fazer isso, né?"

"Isso o que?" Me finjo de sonsa.

"Dormir aqui, não tem problema você dormi lá comigo" ele coloca a mão em sua nuca.

"Não, obrigada, prefiro aqui"

"Deixa de ser orgulhosa, eu não mordo" Ele insiste.

"Não é isso, eu só não quero!"

"Tudo bem, não vou insistir, mas você vai acordar com uma dor..." Ele caminha até o quarto.

Logo vêm o Ender com dois lençóis, uma coberta e um travesseiro. Ele me olha com dó, parece que ele sabia o que estava acontecendo entre eu e o Eduardo. "Pega" "Qualquer coisa, é chamar a gente" "Boa noite" ele volta para o quarto. Arrumo tudo no sofá, parece estar confortável até, acho que eles estavam exagerando, não é ruim assim. Apago a luz da sala e me deito no sofá. Alguns milésimos de segundos se passam e eu sinto mosquitos me picando, apenas ignoro, acho que é normal aqui. Mas, mais mosquitos aparecem para me infernizar, tento ignorar mudando de lado. Depois, sinto alguma coisa incomodar no meu braço, estava doendo, tento mudar de posição, cada vez piorava mais.

Agora, para piorar era as minhas costas que estavam doendo, mesmo com dois lençóis e uma coberta. Isso tudo em menos de 30 minutos, as próximas horas serão infernais, mas já que decidi ficar aqui, irei continuar, prefiro ficar aqui do que dá de cara com ele na cama. Fico pensando na possibilidade de eu voltar para a minha casa neste momento, estava tudo apagado, tudo em silêncio, acho que eles já estão dormindo. Permaneço no sofá, mas com o braço e as costas doendo e os mosquitos atrapalhando. "Droga, grr" resmungo sozinha.

"Merda, merda, merda" digo baixinho.

Minutos depois de me acostumar a ficar desse jeito no sofá, adormeço naquele estado.

Eduardo POV

"Droga grr" escuto vindo da sala, provavelmente era a Anne. Não dormi esse tempo por conta dela, não queria que ela dormisse ali e passasse por esse sufoco, mas também não iria ficar insistindo. Depois de algum tempo, caminho delicadamente para o corredor da casa sem acordar ninguém. Olho para o sofá e vejo que ela estava dormindo, toda torta. Queria tirar uma foto dessa cena, mas com certeza ela me mataria depois.

Dou alguns passos até ela sem fazer nenhum barulho, agacho e a observo, olho seu rosto, fiquei alguns segundos reparando nos detalhes, não entendi o por que olho tanto... É um rosto comum, mas algo chama atenção nele, é tão...
Decido parar de olhar antes que ela abra os olhos, volto ao lugar que estava, antes de ir, olho novamente para ela. Vou até ela de novo, me agacho e coloco minhas mãos sobre ela, com calma para não acorda-la, pego atrás de suas coxas e com a outra mão, pego em suas costas. A carrego em meus braços para o quarto que eu estava, ela estava numa paz tão absurda dormindo desse jeito que com certeza se eu acordasse ela, ela me xingaria. Coloco sobre a cama delicadamente, ela não move um dedo, nem sentiu nada. Volto para o meu lado da cama e me deito ao seu lado. Pude apreciar ela dormindo pela primeira vez ao meu lado, não sei quantas vezes isso irá acontecer, mas essa, ficará marcada em minha memória, por ter sido engraçado e importante para mim. Me deito de lado e reparo em seu rosto, tão delicado, ela parecia estar sonhando com algo bom, eu queria poder toca-lo, mas isso seria estranho demais, então só a aprecio. Eu não ligo para mais nada, ela vai ficar brava por ter trazido ela até aqui, por ter carregado ela e ficaria muito mais por saber que estou olhando fixamente para seu rosto, mas isso tudo passa, só acontece uma vez... Por que não aproveitar? Me aproximo mais dela, fazendo nosso rosto ficar centímetros de distância, eu queria que ela estivesse acordada essa hora, com a mesma adrenalina que eu estou sentindo, sentir a mesma vibração que estou sentindo ver seu rosto assim. Aproveitar esses momentos "profundos" me faz realmente ficar vivo e eu queria aproveita-lo com alguém. Eu queria que ela sentisse as mesmas coisas que eu sinto quando estou com ela, eu queria saber a forma que ela iria reagir sabendo disso, eu só queria... ELA.

Psicólogos não são o que parecem Onde histórias criam vida. Descubra agora