CAPÍTULO 22

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Vou para a cama deitar, depois desse dia louco. Essa cama é a melhor do mundo, muito aconchegante. O Eduardo abre a porta no mesmo momento que eu estou me espreguiçando.

"Parece estar gostando, está bom para você?" Ele fica na porta.

Penso por alguns segundos antes de responder.

"Eu sinceramente Cooper, não sei como agradecer por está me ajudando agora, eu não sei o que seria de mim sem você naquela rua. Eu não sei como te recompensar..." Coloco minhas mãos sobre a testa.

"Anne, para. Eu sei que você está passando por um momento difícil, eu só fiz o mínimo."

Suas palavras me confortam, me deixam com menos peso na consciência por estar usando as coisas dele, estar na casa dele. Vou em direção a ele para lhe dar um abraço de agradecimento. Ele retribui com o mesmo.

"Obrigada!" Fico com a bochecha em seu peito.

"Tenha uma boa noite, Anne. Tem tudo que você precisa está dentro do armário." Ele sai do abraço indo em direção a porta.

Agora eu posso dormir até de manhã, não irei a escola amanhã, me dei uma folga, mas preciso da Ravena ainda. Ligo para ela antes de dormir e ela finalmente atende.

"Poxa, onde você estava? Você não sabe o que aconteceu hoje!" Falo gritando com ela.

"Me desculpa, Anne. Minha vó tá no hospital internada, não estou podendo ficar no telefone, eu só quero dar atenção para ela agora. Nos vemos amanhã." Ela desliga.

Me vêm um peso na consciência, pois, não deu tempo de falar nada, nem conforta-lá, ela deve estar arrasada, tadinha... Mas e agora vou ter que ficar na rua de novo até dá a hora? Não queria isso. Me cubro e caio no sono.

Na manhã seguinte, acordo bem cedo e já pego o celular para ver se Ravena foi para a escola ou está no hospital ainda. Ela estava na escola, ainda bem. Não quero atrapalhar o Eduardo passando vários dias aqui. Me levanto e vou procura-lo, me esqueci completamente que ele é um psicólogo... o meu psicológo. Imagino que ele esteja em sua clínica, eu não sei se pego minhas coisas e vou embora para casa da Ravena ou se espero ele, não sei realmente. Mais tarde vou ver ele do mesmo jeito, decido ficar aqui ainda, a gente vai acabar indo para a clínica juntos até. Quer dizer, será que ele vai voltar para casa? Se eu for direto para a clínica, onde vou deixar minha mala, mochila e etc? Aff. Deixo os pensamentos pra lá e vou curiar o apartamento, pode não parecer mas, eu tô morrendo de curiosidade para saber como é cada canto, o Eduardo não me mostrou tudo. Como não havia nada para fazer, e ninguém para conversar. Começo pelo quarto dele, em uma prateleira, havia vários livros, decorações, quadros, havia muita coisa. Olho detalhamente todas as coisas. Ele não parece ser um psicólogo, ele parece ter a minha idade, ele gosta de coisas de meninos de 16,17 anos, é estranho. Mexo em um dos bonecos que estava na prateleira e acabo derrubando uma caixinha, ela quebra. "Porra, meu" soltei sem querer.

A caixinha se espatifa no chão, deixando vários papéis caírem, tinha fotos, cartões, atividades, etc. Piso em uma foto sem querer e vejo que há ele e uma menina, isso acelera meu coração e eu não entendo o por que. Eu não devia mexer nisso, eu não tenho que me importar com o que ele tem, é meu psicológo.

Deixo a caixinha quebrada no lugar, espero que ele não perceba. Volto ao quarto que eu dormi e troco de roupa.  Não sei se vou dar uma volta por aí ou se vou direto para a clínica. Passo um tempo no meu celular, até dar o horário que Ravena sai da escola.

"Porra, que tédio!" Junto minhas coisas e saio do apartamento do Eduardo. Eu não sei como eu vou aparecer em frente a escola com tudo isso e ainda ter faltado.

Fico um tempo caminhando, mas logo chego. Esperei alguns minutos até tocar o sinal e vejo Ravena e Amber juntas.

"Eii" faço um sinal para elas me verem. "Por que você faltou hoje?" "Por que está com essas coisas?" Elas perguntam.

"Então, eu preciso ficar na sua casa Ravena, basicamente eu saí da casa da minha mãe." Digo

"Que? Mas por quê do nada?" Ravena pergunta.

"Eu e ela brigamos porque meu pai vai voltar pra lá, eu não quero ficar na mesma casa que meu pai, então eu fiquei na casa de um amigo." Falo sem fôlego.

"Gente... A história só tá piorando" Amber coloca a mão sobre a cabeça.

"Eu realmente preciso ficar em algum canto, por favor"

"Então meninas, eu tenho que ir já" Amber se despede.

"Venha, vamos indo" Ravena puxa minha mala.

Fomos conversando o caminho inteiro.

"Como está sua vó?" Pergunto olhando para o chão.

"Ela está melhor, agora, mas ainda preciso vê-la"

"Oh..."

"Onde você passou a noite? Me conta isso direito! Ravena pergunta.

"É uma história complicada... Eu briguei com minha mãe e sai de lá, aí eu caminhava pela rua e de repente encontrei o Vítor, ele me bateu e depois eu encontrei o Eduardo."

"Que?" Ravena grita

"É... O Eduardo apareceu" Ela me interrompe:

"O Vítor te bateu? Por que ele fez isso?" Olha para mim assustada.

"Ele quis..." Enrolo para falar e ela já entende.

"Aí meu deus!" Expressa.

"Esse moleque está fudido!!" Ela bate o pé.

Chegamos na casa dela, por sorte, ela tem um quarto sobrando, assim posso me sentir mais confortável. Ajeito minha mala no chão e coloco meu celular sobre a comoda. O quarto é bem claro, não há muitas decorações, assim posso decorar do jeito que eu quiser. Ravena aparece na porta.

"Você não se incomoda mesmo, né?" Pergunto.

"O quê?"

"De eu morar aqui com você?"

"Para de ser besta, óbvio que não, é até melhor, assim não fico triste sozinha" ela ri.

"Com certeza vai ser as melhores semanas!"

Psicólogos não são o que parecem Onde histórias criam vida. Descubra agora