CAPÍTULO 26

7 0 0
                                    


"Vai lá" ele diz se sentando no balanço novamente.

"Tá bom" subo de novo lá para cima e vou para a lanchonete. As moças me olham com um certo nojo, não entendo o por que. Pego minha água e saio de lá. Volto para o parquinho e não encontro o Cooper. Olho em volta e nada, olho atrás da casinha e nada. Será que ele foi embora? Me sento no graminha encostada numa árvore.

"Aaaaaaaaa" escuto a voz de Cooper saindo de trás da árvore.

Eu congelei naquele momento, meu cérebro deu uma bugada e meu corpo saltou. Escuto ele rindo alto por causa de meu susto.

"Tu é literalmente um babaca, vai ficar sem água" fico com o cu na mão.

"Me dá" ele fala.

"Não" deixo a garrafa entre meu braço e a axila.

"Me dá, Anne" ele vem para cima de mim.

"Sai, peste" grito.

"Me dá logo" ele me puxa fazendo nos dois cair na ladeira.

Sinto meu corpo girando e minha cabeça também, sinto tontura e ânsia de vomito, dei de cara com outra árvore lá em baixo. Ele me puxou tão forte que me fez chegar mais rápido, logo ele vêm atrás me atropelando fazendo eu cair de novo...

"Porra, isso tudo por causa de uma água" grito tirando a sujeira do meu machucado no joelho.

"Sim, cadê ela?" Ele pergunta se levantando.

"Num sei também" falo.

"Cacete!!!" Ele bufa.

"Ninguém mandou!" Grito batendo em seu peito.

Ele sai procurando ela e eu estava olhando para o machucado que ficou na minha perna depois de descer rolando essa ladeira. "Achei!!!" Escuto ele gritar e vir até mim.

"O que houve?" Ele olha para mim.

"Machucado, não dá pra ver?" Falo

"Vamos embora!" Ele me puxa pelo braço.

"Você precisa cuidar do machucado"

"Você não pode dirigir assim." Lembro ele agora.

"Tá... Então vamos ficar aqui até quando?" Ele debocha

"Engraçado, com você eu não vou" digo

Ele abre a água e molha seu rosto olhando no vidro do carro. "Tá bom?" ele pergunta.

Ando até ele pois sou meio ruim de enxergar, pego um pouco da água e passo pela minha mão, esfregando no seu rosto.

Eduardo POV

Ela veio até mim para me ajudar a limpar o sangue, seu rosto estava centímetros de distância do meu. Mantive calmo, mas por dentro estava nervoso, só deixei ela limpar. Olho no espelho e vejo que saiu tudo, agradeço a ela e entro no carro.

Anne POV

"Está consciente?" Pergunto.

"Tô" ele responde seco.

"Tá nada!" Entro no carro

"Se a gente morrer a culpa é sua" olho para ele.

"Pode me levar para a casa de Ravena" digo.

"Está bem exigente hoje"

"Claro, tu está drogado, bateu em um cara, dirigiu, e quer que eu confie em você?"

"Sim?" Ele brinca.

"Idiota!" Reviro os olhos.

Fomos a metade do caminho em silêncio, e a outra metade, escutando música no volume máximo, aquelas músicas que dão vontade de viver. Pulamos e cantamos pelo resto do caminho, consegui ficar em pé, com meu corpo fora do carro, sentindo o vento e a brisa que vinha. Fiquei no teto solar, como naqueles filmes de viagem. Pude perceber o Cooper rindo da situação, estávamos empolgados, mas tão empolgados que parecíamos estar bêbados. Cooper estava rindo e gritando lá dentro, e eu, estava cantando e com meus braços pro alto fora do carro. Nunca senti uma sensação de liberdade como esta, estava feliz de verdade. Pela primeira vez. Quando chegamos, apenas nos olhamos como se estivéssemos acabados. Nos despedimos e ele foi embora. Cheguei em casa, dei de cara com a Ravena jogada no sofá, parecia estar morta como eu. Fui para o quarto e dormi rapidamente.

Acordei no dia seguinte umas 12:30 e o almoço já estava pronto. Estou totalmente morta, meu corpo está pesado, minha cabeça está dilatando de dor. Me sento a mesa com Ravena.

"Tudo bem?" Ela me olha com um certo desgosto.

"Não" me espreguiço e ao mesmo tempo bocejo.

"Como veio embora ontem? E o que aconteceu?"

"O Eduardo... Ele me trouxe, ele me levou para um lugar e a gente ficou de boa conversando lá, foi até engraçado" conto.

"Vocês dois não...?" Ravena não termina a frase

"Não aconteceu nada" digo

"Bom mesmo, não esqueça que ele é seu psicólogo acima de tudo e isso pode te fazer mal"

"Aff" reviro os olhos.

Ele que insiste nessa história, só vou ver até onde ele chega mesmo. Pois, ele quem está me "seguindo"

Termino de almoçar e vou lavar a louça. Fico no tédio depois, mas pego meu celular e vejo algumas mensagens dele.

Eduardo: Você está bem? Não lembro de quase nada de ontem, só de eu correndo atrás de você.

Decido responder.

Eu: Eu tô bem sim, aconteceu muita coisa ontem. Hoje não tem terapia não né? Tô exausta

Ele me responde no mesmo instante

Eduardo: Hoje não, também estou realmente acabado de ontem.

Eu fico o dia todo no tédio, só fico deitada na cama assistindo série no meu celular pelo resto do dia. Na manhã seguinte, acordo para ir a escola, me arrumo, tomo café e vou com a Ravena. Quando eu vi a Amber na entrada, lembrei dela me forçando a beber na boate. Não sei se devo ignorar-la ou ir falar com ela sobre. Nós passamos por ela e acho que ela nem notou, não vai fazer diferença também. Na sala, sento ao lado de Ravena, a Amber não estava na sala hoje, devia estar matando aula. Foi normal as aulas, nada de interessante, quando dá o horário de ir, arrumo minhas coisas e vou para casa.

Eu estava pensando quando estava n  aula, em procurar um emprego pela cidade ou até mesmo perguntar se tem alguma vaga no trabalho da Ravena, porque eu preciso me sustentar, ela já está me ajudando demais. Quando chego em casa, me troco e já fico com a roupa que vou para a terapia. Enquanto não da o horário, fico arrumando a casa. Enquanto arrumo, penso nos meus pais, em como eles devem estar lá em casa, será que minha mãe está precisando de ajuda ou será que ele mudou mesmo? Ignoro esses pensamentos quando vejo que já são 14:30. Pego meu celular e já chamo um Uber para ir. Subo até o andar e chego até a sala, a porta abre automaticamente e eu vejo o Cooper com um homem sentado na cadeira em frente a ele. Eles ainda não tinham terminado, então eu teria que esperar. Depois de uns 15 minutos, o Cooper finalmente me chama.

"Boa tarde, Anne!"

"Boa tarde" respondo me sentando na cadeira.

"Como está se sentindo hoje?"

"Tá tudo bem" respondo.

"Como está sendo seu dia?" Entrelaça os dedos

"Fui para a escola... eu acho que "briguei" com uma amiga" Faço um sinal de aspas.

"Por quê você acha?"

Eu vou tentar dar uma resposta indireta para não interferir no pessoal dele.

"Eu estava em uma festa e... uma amiga me fez beber álcool a força, então não sabia se falava com ela sobre isso ou não" digo.

"Como você se sente em relação a isso?" ele pergunta me olhando fixamente.

"Meu orgulho fala mais alto" digo.

"Sim, mas temos que deixar o orgulho de lado as vezes" parece que ele olhou no fundo da minha alma.

No resto da consulta, contei a ele o que estava pensando sobre meus pais e também sobre meus sentimentos. Eu estava me abrindo mais. Eu gostei da consulta de hoje, a gente não tocou no assunto de ontem, fiquei de boa com isso também, parece que a gente está evoluindo.

Psicólogos não são o que parecem Onde histórias criam vida. Descubra agora