CAPÍTULO 29

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"Pega o protetor" Ravena grita da sala

A gente combinou de ir a praia, estava bem cedo então daria para aproveitar o sol. Depois, combinamos de ir a pista de skate, beber com alguns amigos dela.

Estou com um biquíni preto por baixo de um short jeans e um cropped branco, a havaianas não pode faltar e nem aqueles acessórios de praia. A Ravena está levando uma bolsa com muitas comidas e bebidas, parecia que iríamos passar 1 semana lá. Estou bem animada.

Chegamos e não demorou muito. Há muitas pessoas, pessoas comendo, nadando, correndo, amo essa sensação da praia. Está agradável e o sol não está tão quente, então dá pra aproveitar.

Eu e a Ravena abrimos duas toalhas para sentar e um guarda-sol, corri logo para a sombra porque não gosto muito de me queimar, mas agora, já Ravena sim. Dei alguns mergulhos na água, estava um pouco gelada, mas estava boa. Comi horrores e também bebi alguns goles das bebidas que a Ravena trouxe. Ravena estava no quinto dos infernos flertando com algum menino e me deixou aqui. Só fiquei observando as crianças fazendo um castelo de areia quando um moço me fez parar de "brisar" nas crianças.

"Olá, bom dia consagrada!" Um menino se senta ao meu lado.

"Oi...?" Respondo gaguejando pelo susto que me deu.

"Tá fazendo o que aqui, princesa?"

Queria saber o que ele está querendo...

"Nada"

"Que isso, novinha, venha fazer nada comigo ali" rosto dele estava estampado confiança.

"Eu não sou desse tipo... Me desculpa" rio sem graça.

"Oh, que pena hein, quem sabe na próxima" ele se levanta e sai correndo para um grupo de meninos que parecem rir da gente. Isso me deixou desconfortável, porque parecia uma aposta. Nunca me senti tão mal assim...

Ravena vêm de longe com dois copos de açaí

"Eu vi tudo, conta" ela me entrega o Açaí.

"Nossa, que..." Ela me interrompe " Me conta, eu não vou contar aonde eu estava, eu quero saber de você" ela me olha com um sorriso largo.

"Era só um menino aleatório que achou que eu ficaria com ele" digo dando uma colherada no açaí.

"Aff boba, perdeu uma chance" ela procura o menino na direção que estava.

"Você sabe... Pode ficar com ele você."

"Para! vim aqui para ficar com minha amiga, não com homem" ela se senta na toalha.

"Tá, mas o que você estava fazendo a alguns minutos atrás?" Pergunto na maior cara de pau.

"Idiota" ela debocha e olha para o mar.

"Sabia" rio.

Havia se passado algumas horas e já estava escurecendo. Marcamos de encontrar os amigos dela perto de um quiosque no caminho da pista. Quando chegamos, Ravena cumprimentou todos e eu fiz a mesma coisa, há quatro meninas, sem contar com nós duas e cinco meninos. Não eram tão bonitos, mas, tinha um que realmente me encantou, ele tinha cabelos pretos cacheados e era um pouco alto, estava todo de preto. Só há um casal, ele provavelmente está solteiro, quem sabe aconteça algo.

Caminhamos até a pista dando risada das histórias que ele estava contando, ele é bem extrovertido e sabe animar a galera. Chegamos lá e havia muitos grupos de adolescentes, dei graças a Deus por estar em um grupo, se eu estivesse sozinha provavelmente eu infartaria. Sentamos em um canto e começamos a bater papo, eles estavam conversando entre si pois mal me conheciam. Ravena estava mais animada do que o normal, deve ser por conta das bebidas, mas ela estava se aparecendo demais, não vou julgar.

Observo todos e eu acho que eu era a única que não estava me sentindo confortável com o lugar, parecia não me pertencer, eles estavam bebendo e fumando e a Ravena fazendo a mesma coisa, conversando sobre assuntos mega estranhos. Algumas das meninas veio conversar comigo porém assunto não desenvolveu muito bem.

"Hahahaha, ela bem que mereceu ser estuprada" Escuto um dos meninos falarem e o resto do povo rir.

Isso é uma baboseira, não sei como Ravena anda com eles, deve ser só por status, pois ela não é assim. Me afasto um pouco deles para ficar sozinha, mas o menino dos cabelos cacheados vem atrás.

"Ou, para onde vai?" Ele pega no meu braço.

Meu coração acelerou muito.

"Eu... estava indo atender uma ligação." Minto. Não sei o que deu em mim.

"Aah sim. Ok" ele me olha compreendendo. Dou um sorriso de leve e ele se afasta.

"Boba, boba, boba" só isso que passa na minha cabeça, eu poderia ter ficado mais próxima dele. Só faço merda. Deixo isso de lado e vou atrás da pista mexer no celular.

Vejo algumas mensagens do Eduardo, clico imediatamente

"Oi, quer caminhar hoje?" 14:00

Parando para pensar eu devia ter ido com ele, melhor do que ficar aqui com esses que eu mal conheço.

"Oii, me dscp, não tinha visto sua mensagem, estou na rua até agora. A gente deixa para outro dia." Respondo 20:00

Ele me responde segundos depois, por algum milagre.

"Olha, ela sai de casa, isso é interessante 😏"

Dou um sorriso de leve com essa mensagem, ele é um bobo mesmo!

"Idiota você" respondo.

Desligo o celular e volto para a rodinha. Eles ainda estavam conversando sobre coisas chatas, mas agora o menino cacheado estava me olhando mais. Fico tímida e Ravena já quebra essa situação contando uma história nossa de quando éramos pequenas que eu e ela roubamos um doce de um mercado, história mais idiota é essa. Todos em volta ri e me olham, eu não sei onde enfiar a cara. O menino cacheado me olhou sorrindo com seus olhos fechadinhos, ficou bem fofo na hora.

"Sua amiga é totalmente diferente de você" um menino fala.

"Ela é sim" todos riem.

"Aposto que não faz nada de errado" uma menina gótica fala.

"Ela não faz não" Ravena me olha com orgulho.

"Não tem nem curiosidade?" Ele pergunta encostando na minha coxa.

Olho para seus dedos e sinto nojo, apenas me afasto e nego com a cabeça. Ravena e o menino cacheado o olham desconfiando.

"Poxa... Você é um neném mesmo" ele se aproxima e coloca sua mão em minha nuca. Por que ninguém estava chocado com essa situação? Ele literalmente estava me assediando e todo mundo achando normal. Empurro-o e me levanto, saio dali o mais rápido possível, sem ligar pro o que pensariam.

"Qual seu problema, cara?" Escuto a Ravena gritar de longe.

Fui seguindo qualquer caminho puta da vida. As lágrimas nos meus olhos estavam visíveis demais, as pessoas em volta até me olhavam. Depois de alguns minutos andando com os braços cruzados, escuto alguém gritar de longe. "Anne, espera!" Isso me fez parar no mesmo instante.

Psicólogos não são o que parecem Onde histórias criam vida. Descubra agora