CAPÍTULO 42

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Sinto uma presença em meu rosto, abro os meus olhos e vejo o Eduardo a centímetros de mim. Não deu tempo de gritar ou de me assustar, apenas fiquei observando seus olhos me apreciando com a pílula dilatada e o seu sorriso abrindo. Eu não processei nada, parecia que eu estava sonhando ainda. Eu não sabia o que falar, só deixei ele comandar essa situação, fazendo as mesmas coisas que ele, olhando seus olhos, sua boca e todos os seus outros detalhes. A luz da janela refletia em seu rosto, deixando ainda mais parecido com quadro de uma obra de arte.

Eu queria entende-lo. As vezes parecemos que somos amantes e as vezes melhores amigos de infância, isso me deixa totalmente confusa, mas apreciar o seu rosto é definitivamente a coisa que liga esses dois termos, amante e melhores amigos. Eu não sei o que será daqui pra frente, se vamos nos arrepender, chorar, brigar, só quero me sentir confortável fazendo isso agora. Tudo mudou, depois de hoje, com certeza nós não seremos mais os mesmos.

"Eu tenho medo..." Ele susurra olhando o meu rosto.

"Medo de que?" sussurro também.

"De não ser a coisa certa"

Ele me olha de um jeito como se quisesse alguém para lhe proteger do mundo.

"Você não vai saber, se..."

"Não fala isso, pode a ver consequências depois..."

"Que tipo de consequências?" pergunto baixinho ainda olhando seus olhos.

"Acho melhor deixarmos essa conversa para quando não estivermos sonolentos" ele sorri.

"Realmente, para mim eu ainda estou sonhando" rio.

"Pois acredite, não estava sonhando" ele se vira para o outro lado.

"Mas por que me carregou até aqui?" Continuo olhando ele.

"Eu queria que você deitasse aqui. Quando fui para a sala, você estava de mal jeito e também não parava de gemer de dor"

Fico constrangida e não falo mais nada. Ele se vira novamente, sorrindo para mim.

"Viu, é bem melhor aqui"

"É, sim" dou uma risada nasal.

"Isso é para você aprender a não ser orgulhosa" ele me cutuca para me irritar.

"Eii! Quem você pensa que é?" Retribuo.

"sou o Eduardo" ele começa a fazer cosquinha em mim sem parar.

"Para, ridículo!" "Eles vão acordar!" Começo a rir alto sem querer. "Tu é uma praga insuportável!"

"Sai!!" Me rebato na cama, ameaçando chutar ele.

"Para, Eduardo!" Rio

"Não!" Ele ri junto fazendo mais cosquinha.

Tento tirar ele mas ele é forte. Faço toda a força do mundo e tiro o braço que ele estava apoiando na cama fazendo ele cair em cima de mim, naquela posição... Nos olhamos por segundos e vejo o Ender e a Ravena parados na porta. Olho de novo para o Eduardo e para a posição que estávamos, ele sai de cima imediatamente. Posso sentir meu rosto queimando de tanta vergonha que estou.

"Pelo visto a noite de vocês está sendo boa" Ender já começa a nos deixar com mais vergonha ainda.

Olho para o Eduardo sem jeito.

"Não é isso que estão pensando, é que..." Digo

"Não precisa se explicarem, só queremos que não façam muito barulho, ok?" Ravena fala.

"Vocês me acordaram" Ravena volta para o quarto, deixando o Ender.

"Casa da minha vó não virou motel, não" Ender deixa esse CLIMÃO e vai embora.

Olho para o Eduardo vermelho mais que pimenta. Só queria me esconder em um lugar que ninguém me acharia nunca mais. Me deito novamente, me cobrindo.

"Isso foi engraçado" escuto Eduardo falar.

Abro um sorriso de canto e fico em meus pensamentos.

Eduardo POV

Horas depois, sinto a luz do sol bater em meu rosto, não estava tão calor, mas estava agradável. Fico alguns segundos naquele estado em que você acaba de acordar e você não sabe em que mundo está ainda. Coloco minha mão sobre o meu olho para coçar, quando sinto meu braço em volta das costas de Anne. Me choco e olho imediatamente para ela, ela estava deitada em meu peito e eu não pude perceber quando acordei. Ela estava com a cabeça em meu peito e uma de suas mãos sobre minha barriga. Olho Anne inteiramente para processar o que estava acontecendo, se era sonho ou verdade. Tento respirar o mais calmo possível, para não acorda-la, ela estava dormindo parecendo um anjo de tão leve que estava seu sono. O que eu menos queria agora era acabar com seu sono, tento voltar a dormir, porém não consigo. Queria saber o momento da noite em que nos se agarramos, eu lembro que demorei um pouco para conseguir dormir, e, provavelmente ela também. Com o passar dos minutos, vejo Ravena passar pelo corredor que dava direto para o quarto que estávamos. Ela vêm até o quarto com um sorriso largo como se tivesse torcido para isso acontecer, ela para na porta e fica "admirando" nós. Em seguida, o Ender aparece também, ficando do seu lado, ele começa a rir baixo disso. Sorrio olhando para os dois, não falamos nada, apenas nos olhamos.

"Nunca a vi dormir tão leve assim" Ravena fala baixo.

"Olha, acho que você vai ter que ficar mais tempo nessa posição" Ender ri.

"É sério, Eduardo. Ela tinha pesadelos toda noite e também sua mãe dizia que ela sempre acordava de madrugada e não dormia bem"

Me atento ao que ela falou, tento compreende-la. Ela precisa de pessoas, pessoas que dão a ela, a paz. E é isso o que eu e a Ravena damos a ela. Fico eufórico por saber disso, pensei nos momentos em que achei que não conseguiria cuidar dela, pelo visto, meu trabalho está dando certo.

Olho para ela com toda delicadeza do mundo e faço carinho em seu cabelo, parecia ser aquelas cenas que você sabe que vai lembrar disso para sempre.

"Deixa ela saber que vocês dormiram assim" Ender e Ravena começam a rir fazendo-a acordar.

Ela se espreguiça ainda na mesma posição que estava. Olha cada detalhe ao redor, ainda naquele processo de não saber se está sonhando ou se está acordada. Finalmente olha para o meu rosto, tentando processar o que estava acontecendo, ela olha para os dois na porta e começa a pensar. Ela toma um susto e sai de cima de mim.

"Por quanto tempo estávamos assim?" Ela se arruma e se levanta da cama.

"O suficiente" Ender faz piada

"Para, ridículo" Ravena dá um empurrão nele.

"Nem para avisarem, nem para você me acordar também" ela me acusa.

"Nossa, desculpa. Você estava dormindo que nem um anjo e ninguém teve coragem de te acordar!" Falo sorrindo.

"Vocês são patéticos" ela olha para nós e sai do quarto.

"Você não precisa ficar brava, estava tão bonita essa cena, eu ia tirar foto" Ravena diz.

"Vocês só se aproveitaram" ela corre para o banheiro.

Psicólogos não são o que parecem Onde histórias criam vida. Descubra agora