CAPÍTULO 27

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Andei até a porta para ir embora quando senti ele pegando no meu ombro. Olhei para trás

"Fomos muito bem hoje, não acha?" Ele dá um sorriso sarcástico.

"Sim, sim" me viro.

"Eu espero que continue assim, pelo bem de nossa amizade"

Passou muitas coisas pela minha cabeça ao mesmo tempo, ele tá falando sério? Não fazia muito tempo que a gente tinha discutido sobre esse negócio de amizade fora da clínica. Fiquei impressionada, isso quer dizer que ele está se importando.

"Podemos conversar sobre isso agora?" Ele pergunta.

É muita emoção que estou sentindo para só 3 minutos.

"Sim, claro" me sento no sofá que tem ao lado. Ele fica agachado na minha frente.

"Você precisa me escutar, é importante." Ele diz com o rosto sem expressão.

"Tá bom" meu coração já começou a acelerar.

"Eu já te disse muitas vezes que isso é errado, sei que estou sendo muito injusto por está fazendo isso, mas eu quero que você não conte a ninguém, muito menos para sua mãe, é sério." Seu rosto expressa um pouco de medo e receio.

"Eu sei, eu não sou doida, bem provável que eu iria ser mandada para um internato" dou uma risada nasal.

"É sério, Anne. Eu não quero fuder nós dois. Isso não te faz bem e eu tenho consciência disso."

"Vish, para mim não faz diferença, eu juro que não afeta em nada, essa amizade" digo

"Tudo bem, era só isso" ele levanta.

"Mas..." Ele me olha atento.

"A Ravena sabe" digo.

Ele me dá um olhar desapontado, a cara dele estava engraçada, mas era a verdade. Eu precisava falar, já que ela é tipo uma irmã para mim.

"Você tem certeza que ela não vai contar para ninguém? E aquela sua outra amiga que tu falou?"

"Ela só sabe que você é meu psicológo, mas não que eu tenho uma amizade com você" digo.

"Porra..." Resmunga.

"Não tem problemas, Eduardo. Eu conto mais coisas para a Ravena mesmo."

"Quer saber? Deixa pra lá, isso foi uma péssima ideia." Ele coloca a mão na cabeça e anda pela sala.

"Ue Eduardo. Decide logo, a gente vai sempre se trombar por aí pelas festas, pelo parque, por todos os lugares.

"Esse é o problema, por que a gente vai ao mesmos lugares, eu devia ficar longe de você, mas parece que você é um ímã. Eu queria sua amizade desde aquela festa. Mas depois que eu descobri que você era minha paciente, fudeu com tudo."

"Eu acho melhor a gente não se ver mais, além daqui. Porque alguma hora ou outra, vão descobrir, se a Amber tivesse visto nós dois juntos na festa, ela iria desconfiar, então..."

Nós dois estamos confusos, mudamos de opinião muito rápido, eu só quero ficar um pouco sozinha para pensar nisso direito.

"Tudo bem, eu devia estar te ajudando agora, ainda mais por você ter um passado delicado." Coloca a mão tampando o rosto.

"Cooper, a gente não vai conseguir ter uma relação saudável, mesmo que a gente tente, é impossível!"

O silêncio fica por alguns segundos, quando decido falar.

"Na verdade até melhorou... As coisas" Não pensei antes de falar, apenas saiu.

Os olhos dele se arregalaram quando escutou isso. "O que?" Ele pergunta.  Minhas bochechas coram.

"Eu disse que até melhoram" repito gaguejando.

"Explica mais..."

"Meu dia, ficar um pouco com você." Com certeza devo estar mais vermelha do que tomate.

"Nossa." Ele fala. "Não esperava por isso" Ele dá um sorriso de canto.

"Mas também melhora o meu". Essa frase me fez acordar para a realidade, por mais que seja boa para mim, me toquei do que realmente estava fazendo. Estava sendo amiga do meu psicológo, pensei no que minha mãe  acharia disso, ela literalmente iria me dar uma bronca e achar que eu estava tendo relações com ele, ela iria me proibir de vê-lo.

"Eu tenho que ir" digo me ajeitando.

"Me desculpa por isso" pelo rosto dele dá para perceber o quanto ele não gosta dessa situação.

A porta abre e eu saio dali. Eu só quero um tempo para pensar nisso direito, essa confusão já está me irritando. Eu não sei se deveria continuar com esse psicólogo.

Eduardo POV

Ela sai da sala e eu sinto um peso enorme sobre mim. Meus pensamentos surgem muito rápido, minha cabeça parece que vai explodir. Nós deveríamos tirar um tempo para pensar, provavelmente é isso o que ela vai fazer, e eu também farei. Depois de algumas horas, já em minha casa. Pesquiso em todos os sites possíveis sobre a relação do psicólogo e o seu paciente. Já era de se esperar, mas eu só queria confirmar. Eu e Anne precisamos nos afastar e temos que fazer isso agora, aproveitar que eu e ela ainda não estamos com muita intimidade e tempo de amizade. Por mais que as pessoas acham que psicólogos sempre conseguem resolver as coisas, que eles não tem sentimentos, aqui está eu, confuso com isso.

Ligo para Anne e ela atende.

"Alô?"

"Anne, você tem falar para sua mãe que precisa trocar de psicólogo." Digo

"Ela vai me matar... Eu não sei o que vou falar"

"É necessário. Desse jeito não vamos continuar. Eu só tô fazendo isso pelo bem da sua saúde."

"Eu sei, eu vou falar com ela..." Pela voz dela, ela parecia estar mentindo.

"Obrigado. Assim, podemos nos falar normalmente quando nos trombar." Rio

"Sim, sim." Ela responde. Parecia estar desanimada.

Desligo a chamada.

Anne POV

Eu não sei como vou contar para minha mãe. Ela vai me odiar e ainda vai achar que eu sou doida, ela vai me perguntar se eu fiquei com ele, aff!.

Cheguei em casa e vejo Ravena, ela está se arrumando para a ir ao trabalho. Falando em trabalho, decidi deixar alguns currículos pelas lojas da cidade e também enviar alguns emails, daqui a pouco irei lá. Me troco, coloco uma roupa mais básica e confortável, porém nada desajeitado. Pego uma bolsa e os papéis dos currículos, desejo andar pela cidade toda atrás de um trabalho, porque realmente preciso. Saio de casa e vou andando mesmo. No caminho me pego pensando em como pedir para minha mãe me trocar de psicólogo, veio várias ideias na minha cabeça, como: posso falar que o psicólogo é chato ou que ele só sabe falar sobre política e religião. Mas esqueço que já não estou numa situação boa com minha mãe, nem dei satisfação a ela e ainda vou pedir para trocar na "cara de pau"? Não sei se é uma boa ideia...

Deixo os pensamentos de lado quando vejo um mercadinho na esquina, não muito longe da minha casa. Decido entregar lá, saio do local e meus pensamentos novamente vieram

Será que a amizade dele vale a pena? Eu tô tão confusa com isso, A gente se conhece tão pouco mas se divertimos  algumas vezes... E se continuassemos com essa amizade, tenho certeza que a gente iria ter mais momentos como aqueles, porém eu não estou bem psicologicamente, eu realmente preciso de alguém para me ouvir, orientar e acho que não daria certo se a mesma pessoa que me tromba em  festas, fosse a mesma pessoa que cuidaria do meu psicológico, eu sinto que não adianta muito, pois o mesmo que oferecesse bebidas iria me oferecer "conselhos".

Psicólogos não são o que parecem Onde histórias criam vida. Descubra agora