2014, Londres
Para Beatrice o dia começara demasiado cedo, ao acordar às seis da manhã para ir para o seu trabalho. Por ela, seria uma sexta-feira em que iria diretamente para casa, se não tivesse que ir fazer o seu voluntariado. Atravessou a Ponte de Chelsea no seu Mini Cooper, debaixo de um pôr do sol eletrizante neste final de tarde de julho.
Os animais do abrigo de Battersea estão à sua espera para duas horas de puro amor. Se fosse a decidir, apenas por si, já tinha um cão na sua casa, mas a pessoa com quem a partilha é alérgica e as poupanças de Beatrice ainda não a permitem ter uma casa só para si. Aos 25 anos é educadora de infância, realizando o seu sonho de criança. Deixou Manchester há três anos quando começou a trabalhar em Londres, saindo de casa dos pais e tornando-se independente.
Assim que entrou no abrigo, foi surpreendida por Alaska, uma cadela buldogue inglesa.
- O que é que tu andas aqui a fazer, minha bichinha? – Alaska sentou-se a olhar para Beatrice, começando a abanar a sua pequena cauda – devias estar sossegada – apesar dos seus bons quilos, Beatrice conseguiu pegar nela ao colo para a levar até à box.
- Logo vi que ela tinha de ter fugido para ir ter com alguém – na direção da rapariga vinha Peter, um dos médicos veterinários do centro – dá cá esse peso pesado – Beatrice entregou Alaska para os braços do colega, caminhando com ele até às boxes.
- Isto hoje está tão agitado porquê? – Beatrice tinha estranhado o enorme alvoroço que se sentia no interior do abrigo. Não só pelos animais estarem mais ativos, mas os próprios funcionários.
- Está cá o Lewis Hamilton – o nome não era estranho a Beatrice, apenas não sabia de onde o reconhecia. Seria um jogador de futebol? Ou cantor? – O piloto de Fórmula 1...?
- O nome não me é estranho, mas não sei se o reconheceria.
Chegados à box de Alaska, Peter deixou a cadela no seu interior e Beatrice depressa encheu o dispensador da comida. No seu interior, estavam, também, Roscoe e Coco – os filhotes de Alaska.
- Eu levava estes três amores para casa já hoje – confessou, sentando-se no interior da box. Era suficientemente espaçosa para ela lá caber sentada, sendo que era assim que passava a maior parte do seu tempo com todos os animais.
- Eles hoje já vão embora – olhou para Peter assim que ouviu aquela notícia – o Lewis vai ficar com os três.
- A sério? Isso é tão bom – olhou para os três cães à sua frente, feliz por saber que os três iam ficar juntos e que, apesar das doenças de Alaska, ainda havia alguém que quisesse ficar com ela.
- Vem aí o dono deles – Beatrice pensou em sair do sítio onde estava, mas ficou sentada a acariciar a barriga de Alaska.
Reparou que vinha acompanhado pela diretora do abrigo, uma pessoa excecional e que Beatrice adora.
- Aqui estão eles e, como sempre, muito bem acompanhados – Beatrice poderia não o conhecer da sua profissão, mas já o tinha visto por aqui várias vezes.
Saiu da box, ficando a olhar para os dois.
- Desculpem, é mais forte do que eu.
- Não tens de pedir desculpa – disse a diretora.
- É sempre bom quando eles recebem carinho desta forma – comentou o novo dono dos três animais que Beatrice tanto adora – Lewis – esticou a mão na direção da rapariga que rapidamente a apertou.
- Beatrice – já Peter tinha os dois cachorros nas mãos, prontos para entregar a Lewis.
A conexão foi imediata e, pelo que a jovem ia ouvindo, cães e dono já se andavam a conhecer há algum tempo. Beatrice não conseguia esconder o enorme sorriso que tinha ao ver os três cães felizes a receber carinhos de Lewis.
A hora de irem embora chegava e os três cães caminhavam pelo chão, todos pela trela junto a Lewis. Ao aproximar-se da porta, Alaska retraiu-se começando mesmo a fazer força para não sair do abrigo.
- Vem Alaska – chamava-a Lewis.
- Ela é muito medrosa – comentou Beatrice.
- Com o que sofreu... - Alaska foi uma cadela muito maltratada tendo chegado ao abrigo em risco de perder os seus quatro cachorrinhos. Aqui, tinha sido possível salvar dois deles.
- Vai Alaska – encorajou Beatrice, recebendo um olhar da cadela em retorno – vai amor – baixou-se junto a ela – tu vais ser muito mais feliz – deu-lhe festas no topo da cabeça, olhando para os dois mais pequenos que já puxavam Lewis para sair do abrigo – olha para a Coco – a cadela mais pequena, assim que ouviu o seu nome, correu na direção de Beatrice – pois já não queres saber de mim, não é? – voltou a fugir em direção da saída e Alaska olhou para a cachorra – vai com ela e o Roscoe. Toma conta dos teus meninos, anda eu vou contigo – Beatrice começou a caminhar na direção da saída e Alaska seguiu-a.
- Obrigado – agradeceu Lewis – nota-se que ela está muito apegada a si...
- Passei muito tempo com ela nos últimos tempos – voltou a baixar-se fazendo mais carinhos aos três cães – mas eles, de certeza, vão adaptar-se muito bem à nova família – levantou-se, olhando para Lewis – e qualquer coisa estamos sempre por aqui.
- Muito obrigado, Beatrice – Lewis esticou a mão na direção da rapariga, que a voltou a apertar para, logo de seguida, ver os seus três cães preferidos a dobrarem a esquina e desaparecerem do seu ângulo de visão.
A vida deBeatrice mudara naquele dia. Ao conhecer Lewis e ao ver aqueles três cães aganharem uma nova casa, também ela ganhou o seu futuro. Longe de saber queseria tão brilhante.
Olá, olá!
Estou de volta! Mais de um mês depois de ter acabado Solo per la notte, regresso com uma história nova para vocês.
Always, Be tem um lugar muito especial no meu coração e podem contar que seja maior do que a história anterior. Quero trazer-vos atualizações duas vezes por semana, sendo que sexta-feira é um dos dias fixos e o outro irá sempre variar para vos apanhar de surpresa.
Hoje, por ser o dia do lançamento, têm direito a dose dupla, por isso vão já a correr ler o 1º capítulo.
Espero que gostem!
Ana.
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Always, Be
FanfictionBeatrice O universo colocou-nos uma pandemia pela frente e, com 17 crianças à minha responsabilidade, o medo é constante. Poderia sentir-me a pessoa mais aterrorizada no mundo, mas sei que ele está lá para mim. Ele. O meu melhor amigo. A pessoa que...