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LEWIS

Quando o fumo cor-de-rosa começou a surgir à minha volta, foi impossível controlar qualquer emoção. A responsabilidade de educar um ser humano, no mundo em que vivemos, é enorme, mas calculo que se torne maior quando se trata de uma rapariga. Tudo o que quero é fazer da minha filha, a pessoa com o maior número de oportunidades neste mundo e que o veja com olhos de uma pessoa consciente dos problemas neles existentes.

- Sinto que estou a sonhar – a voz da Be interrompeu o nosso silêncio. Um silêncio ao qual não estou habituado numa pista. Em plena noite cerrada, Silverstone, neste momento, é apenas nosso... e de mais algumas pessoas altamente escondidas para assistirem ao próximo momento. Enquanto ela está deitada de barriga para cima, em pleno asfalto e a rir-se ao olhar para o céu, eu mantenho-me sentado, com um nervoso miúdo a crescer na barriga e completamente apaixonado pela mulher na minha frente – espero que estejas pronto para ser pai de uma menina – olhou-me, esticando a sua mão para agarrar a minha.

- Há outra coisa para a qual também me tenho de preparar – a confusão instalou-se no seu rosto, fazendo-me rir – consegues levantar-te?

- Claro que consigo – levantei-me primeiro, esticando as minhas mãos na direção dela – fica sabendo – sozinha e com bastante rapidez, levantou-se sozinha – a tua baby mamma ainda tem bastante agilidade.

- Folgo em saber isso – coloquei as minhas mãos na cintura dela, puxando o seu corpo para o meu. Olhei para uma das torres onde estaria alguém da minha equipa, pronto para acender algumas luzes. Assim que levantei o braço no ar, à nossa volta todas as luzes ficaram roxas e um sorriso repleto de vergonha instalou-se nos lábios dela – eu não podia ter desejado por um dia melhor do que o que estamos a ter – ela olhava-me e, como ainda temos uns 10 centímetros de diferença de altura, a cabeça dela está ligeiramente inclinada para trás e o roxo das cores estão refletidos em cada brilho do seu olhar.

- O que é que se passa contigo? – as mãos dela deslizaram pelo meu corpo, parando no fundo das minhas costas e apertando-me ainda mais contra ela.

- Quando eu te conheci, tu sabes perfeitamente que foste das pessoas que mais mudou a minha vida – o queixo dela começou a tremer, fazendo-me rir logo de seguida – tu não comeces já a chorar...

- Eu sou um vidrinho sensível, tu não tens noção de como é que estão estas hormonas.

- Aguenta um bocadinho – dei-lhe um beijo na ponta do nariz – como eu ia a dizer, não há um único dia em que eu não me lembre de não ser feliz a teu lado. Só existiam dias menos bons quando tu, com todas as razões para isso, te chateavas comigo – riu-se, piscando algumas vezes os olhos – eu sei que andei de olhos fechados muito tempo, que cumpri demasiado à risca um pacto que podia ser desfeito a qualquer momento da minha vida. Mas fico feliz por só o ter feito o ano passado – por cima das nossas cabeças começavam a surgir pequenos papéis com o formato de coração brancos e ela olhava para tudo encantada – eu juro que não contei, nem pedi a ninguém para os contar um a um, mas estão aqui muitos corações. 2756 corações foi o meu pedido. O exato número de dias que passaram desde que nos conhecemos, até este momento – acho que nunca estive tão nervoso como hoje. Tenho a certeza de que nunca me senti assim para nenhuma corrida, o coração parece que me vai sair pela boca a qualquer momento – sei que nunca pensei que pudesse vir a criar uma família contigo, mas também sei que nunca pensei em fazê-lo com mais ninguém – os olhos dela começavam a encher-se de água, deixando-me com vontade de deixar tudo o que tinha por dizer e passar ao que realmente aqui me trouxe – a nossa bebé, a partir de hoje, vai ser a segunda mulher que mais amo no mundo. Ninguém vai conseguir ocupar no meu coração e no meu corpo o amor que eu tenho por ti.

Always, BeOnde histórias criam vida. Descubra agora