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LEWIS

Dou por mim a olhar para o corpo da Be e a ter a certeza de que, agora, a consigo olhar com os olhos que ela merece. Sempre com o mesmo respeito, com um carinho a crescer de dia para dia, mas com tanto mais amor para lhe dar.

- Porque é que me estás a olhar como se me fosses comer? – agarrou no cabelo, retirando o excesso de água que nele havia. Ela, no alto da espontaneidade que andava escondida, tinha tido a ideia de virmos passar o final do dia à praia e acabava de ter ido dar um mergulho.

- Há qualquer coisa em ti – sentou-se na espreguiçadeira, ficando a olhar-me – eu não sei, o teu corpo está diferente.

- Estou mais gorda, eu sei. Preciso de parar de comer amendoins – deitou-se, colocando os óculos escuros na cara.

- Só dizes parvoíce.

- O psicólogo deve achar a mesma coisa – nas últimas duas semanas, depois de uma procura e escolha árduas, a Be começou a visitar um psicólogo bastante bem referenciado aqui no Mónaco – ele olha-me de maneira estranha – baixou os óculos até à ponta do nariz – quase como tu me acabaste de olhar.

- Isso é impossível.

- Juro que não é – voltou a colocar os óculos como deve ser, encostando a cabeça – acho que ele deve fantasiar coisas nas nossas sessões – ela está com um tom de voz muito sério para quem está a brincar com a situação, o que me está a deixar bastante na dúvida – ouviste o que eu disse?

- Ouvi.

- Não achas estranho?

- Acho – ela riu-se, voltando a olhar-me – tu és doida.

- Ele diz que eu tenho de trazer a Beatrice de sempre de volta – levantou-se, sentando-se logo de seguida em cima das minhas pernas – é bom falar com ele, sinto-me mesmo muito bem.

- Nem sabes como isso me deixa feliz – passei a minha mão para a perna dela, recebendo a sua cabeça em cima do meu peito, logo de seguida – sabes que, muitas vezes, são precisas outras pessoas para que nos consigamos compreender melhor. Eu próprio faço terapia várias vezes, há muita mudança nas nossas vidas...

- Mas são boas – olhou-me – eu quero que saibas que eu não me arrependo de nada, mesmo nada, das escolhas que fiz. Eu não ia ser o que sou, se não estivesse do teu lado.

- Obrigado por me dizeres isso – de certa forma, claro que tenho pensamentos de que ela possa estar a passar por tudo isto por minha causa. Porque se não fosse por mim, ela teria seguido com a sua vida normalmente.

- Anda outra vez à água comigo – esticou-se na direção dos meus lábios, juntando os seus com os meus por uns segundos – depois já fica escuro e temos de ir...

- Tu ainda agora saíste de dentro de água – levantou-se, agarrando na minha mão e puxando-me com ela.

- Anda lá, vá!

Levantei-me depressa, agarrando nela como se fosse um saco de batatas por cima dos meus ombros. Em vez de espernear ou tentar sair de cima de mim, limitou-se a morder-me a zona das costas. Conforme brincávamos dentro de água, tornava-se cada vez mais intensa a gargalhada que a Be soltava.

- Tu não vais acreditar no que é que me está a apetecer jantar... - disse, passando os seus braços por cima dos meus ombros assim que saímos da água.

- Para estares a vir para cima de mim, deve ser algo que eu faço.

- Não – riu-se – é mesmo algo que tu não comes. Queria tanto, mas tanto, uma pizza cheia de queijo e fiambre!

Always, BeOnde histórias criam vida. Descubra agora