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LEWIS

O fim de semana em Silverstone é sempre especial.

É o Grande Prémio no meu país. Onde, independentemente de qualquer coisa, sinto que o apoio é mil vezes superior. É onde tenho mais memórias com a Be, onde ela assistiu a uma corrida minha pela primeira vez, onde lhe dei o nosso primeiro beijo. Por isso, só faria sentido que fosse aqui, nesta pista, que a pedisse em casamento. E, ainda, tentasse revelar o género do nosso bebé. E, ainda, anunciar que estendi o contrato com a Mercedes por dois anos. Acho que vai ser um fim de semana com demasiadas emoções e uma corrida pelo meio.

Saí de casa antes que ela acordasse, deixando à Angela a responsabilidade de a acordar e levar para o circuito. Eu precisava de lá chegar primeiro para ajustar todos os detalhes sem que ela estivesse por perto.

- Tão cedo? – a verdade é que é mesmo muito cedo para estar aqui. Num dia normal de treinos, só daqui por duas horas é que aqui devia estar aqui a chegar.

- Queria falar contigo sobre tudo o que vai acontecer este fim de semana – o Toto, o diretor da equipa, tem sido uma ajuda fundamental para conseguir ter tudo como imagino para este fim de semana. Se não fosse ele e a minha equipa, acho que nada iria ser tão épico como planeio que seja.

- Não te preocupes! – colocou a mão sobre o meu ombro, agitando o meu corpo – só tens de garantir que tens o anel na hora certa e nos entregas o envelope do médico – puxei logo desse envelope do bolso das calças, entregando-lhe – tu não sabes?

- Não – ri-me – mas nem imaginas a vontade que tive de abrir isso! E só espero que ela não descubra que eu lhe roubei o envelope.

- Vai ser melhor se for surpresa para os dois – cruzou os braços, ficando a olhar-me – aposto que queres um rapaz e ela uma rapariga.

- Ela só quer que seja uma menina para eu ficar chateado – rimo-nos os dois naquele momento – mas, honestamente, só queremos que venha com saúde e nos dê tranquilidade.

- Não contes com isso – apontou para trás de mim, vendo o filho dele a correr pela frente da box com a Susie, a sua mulher – vais passar a viver com o coração fora do peito, ter uma preocupação constante se lhe acontece alguma coisa e não dormir quase nada nas primeiras noites – voltei a olhar para o Toto – mas é a melhor coisa do mundo.

E disso eu não tenho a menor dúvida. Porque já o está a ser, por só melhora de dia para dia. Acabámos por ir até à sala dos engenheiros, para perceber como é que vamos conseguir que, de um simples donut que faça com o carro, saia a cor que revelará se é menino ou menina. Honestamente, pensava que fosse mais complicado, mas tudo o que é preciso é um dispositivo encaixado na parte detrás do carro e um botão extra para o acionar e expelir o fumo da cor indicada. Claro que só o vão colocar lá depois da corrida, até porque tudo vai acontecer já ao cair da tarde quando não houver ninguém no circuito.

Ninguém como quem diz. Porque vamos ter os meus pais presentes, os meus irmãos e cunhados, a Rachel, a família da Sky e ainda tenho de falar com o Daniel para que ele também esteja presente.

Podia aproveitar que ele está a entrar no circuito neste momento para lhe dizer, mas ainda tenho de esperar para que a Be lhe conte que está grávida.

- Daniel! – chamei-o, fazendo com que ele alterasse a rota que estava a fazer para ir até à casa da McLaren.

- Vieste dormir para aqui? – cumprimentámo-nos com um aperto de mão, reparando que a Camila fazia o caminho que ele estava a fazer antes.

- Eu não, mas vocês... - apontei para ela com a cabeça, fazendo com que o Daniel a olhasse.

- Já te estás a tornar a tua namorada, ou é impressão minha? – voltou a olhar-me, sendo percetível que, por detrás da máscara, havia um grande sorriso.

Always, BeOnde histórias criam vida. Descubra agora