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2018

Disse ao Lewis que esperava que ele regressasse da América para nos voltarmos a ver, mas surpreenderam-me com umas férias "forçadas", por ainda não ter aproveitado todos os dias a que tinha direito. E, claro, coloquei-me no primeiro avião a caminho do México, sem avisar praticamente ninguém.

- Ainda não acredito que estás mesmo aí – fazia videochamada com a Rachel, sentada na minha toalha de praia. O tempo não é o melhor para fazer jus à boa reputação das praias mexicanas, mas tudo é melhor do que um outono em Londres.

- Nem eu, mas ainda há uma grande probabilidade de nem sequer cumprir o meu objetivo desta viagem.

Só duas pessoas sabem que aqui estou: a Rachel e a mãe do Lewis. Iria precisar de alguém que me ajudasse a ter acesso ao Lewis, a qualquer momento, na casa sobre rodas da equipa. Tenho falado com o Lewis, que continua sem saber do meu paradeiro, mesmo que já lhe tenha confessado que estou de férias. Aproveitei para passar os primeiros dias em Puerto Escondido, a sul do local onde fica o autódromo onde decorrerá o Grande Prémio do México, para conseguir descansar e realmente pensar naquilo que aqui vim fazer.

- Tu não inventes – acabei por me rir – quando é que vais ter com ele?

- Vou apanhar o comboio amanhã de manhã.

- Vais viajar, sozinha e de comboio pelo México? – acabei por me rir, com o ar escandalizado dela.

- Vou e, se me acontecer alguma coisa, avisa os meus pais que quero ser cremada – só me conseguia rir, mas ela estava mesmo com um semblante preocupado – vai correr tudo bem.

- Eu só espero que valha a pena.

Ela e eu.

Chegou o momento em que tenho de pôr todas as cartas em jogo. Aquelas que o meu coração teima em esconder de mim mesma, pelo medo constante de perder aquilo que é a melhor relação que tenho na minha vida. Sei que estou a ser demasiado apressada, mas desde a nossa última grande conversa, no dia do desfile, que não há um dia em que não pense no quanto quero aquele homem como meu namorado.

Não sei como é que o vou abordar e não tenho nada planeado para lhe dizer, mas o meu coração não aguenta mais tempo sem ele a preenchê-lo por completo.

- A tua mãe ligou cá para casa.

- Claro que ligou – não os tinha avisado e, também, não lhes tinha atendido quaisquer chamadas desde que aqui cheguei. Virei-me de barriga para baixo, ficando deitada sobre a toalha e com o telemóvel apoiado na minha típica mala de praia de pano – eu não atendi as chamadas dela.

- Notou-se, a senhora estava um bocadinho em stress.

- O habitual, portanto – ela riu-se – disseste-lhe que estava aqui?

- Não – acenava que não com o dedo indicador, rindo-se ao mesmo tempo – disse que tinhas tirado uns dias de férias, só isso.

- Obrigada – sei que posso contar com a Rachel para tudo, sendo esta uma das provas disso mesmo.

- Deves-me um jantar.

Como ela só ia fazer o turno da tarde, acabámos por ficar mais algum tempo à conversa. E dou por mim a perceber que, pela primeira vez na vida, estou a aproveitar as minhas férias da melhor forma possível.

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Há um enorme nó formado na minha garganta desde que acordei.

Always, BeOnde histórias criam vida. Descubra agora