33

112 12 1
                                    

LEWIS

- Não sei porquê, mas fiquei muito cansado deste fim de semana.

- Eu consigo dizer-te o porquê – estávamos, finalmente, a chegar a casa. Só faltavam cinco andares para chegar aos braços da Be – algo te preocupa desde que saímos daqui – tentei não olhar a Angela nos olhos, sabendo que me conhece como ninguém – e tem tudo a ver com a Bea – ela cruzou os braços, como que ficando à espera de que eu lhe contasse alguma coisa.

- Estás enganada – olhei para os números passar por cima da porta, parando no tão ansiado 12º andar – estou mesmo só cansado. Acho que ainda não recuperei como deve ser do covid.

- Fazemos uns testes médicos, então – as portas abriram-se, caminhando com ela atrás de mim até à porta de casa.

Assim que a abri, a visão não podia ser melhor. A Be estava sentada no chão da varanda, de pernas à chinês e com os braços esticados para cima.

- Ela medita? – perguntou, baixinho, a Angela.

- Eu nunca a vi meditar – pousei a mala no chão, olhando para a Ange – estou tão surpreendido quanto tu.

- Deixa-a estar um bocado, então – fez-me sinal para a porta – eu vou e depois passo cá para a ver.

- Combinado.

Claro que a minha curiosidade me iria matar se não fosse ter com ela e perceber o porquê de ela estar assim. Caminhei até à varanda, sentando-me ao lado dela e exatamente na mesma posição que ela.

- Chegaste – baixou os braços, pousando a sua mão em cima da minha perna continuando de olhos fechados e a inspirar e expirar bem fundo.

- Desde quando é que meditas...? – ela voltou a expirar, acariciando a minha perna.

- Tive de recorrer ao psicólogo ontem, para me ajudar a relaxar – ainda não sei o que se passou e já eu próprio tenho de respirar fundo – recebi uma chamada depois da tua corrida.

- Os teus pais?

- Antes fosse – quem é que lhe poderá ter ligado para ela preferir os pais? – relaxa comigo, vá – abriu o olho direito, percebendo que eu a estava a olhar – fecha os olhos para ouvires o que tenho para te dizer – respirei fundo, fechando os olhos como ela me pedia – alguém do hospital, para além do meu médico, sabe que estou grávida – respirou fundo, acabando por ter de abrir os olhos para a ver – fecha os olhos, Lew, vá – ela ajoelhou-se à minha frente, cobrindo os meus olhos com as suas mãos – a situação é delicada, Lew – senti os lábios dela tocarem levemente os meus por uns segundos – eles pediram-me meio milhão de euros para não enviarem tudo aos meios de comunicação – dentro de mim, parece que o meu sangue está a ferver e a minha cabeça a explodir.

- Ok... - ela retirou as mãos dos meus olhos, fazendo-me olhar para ela. Acho que percebo o porquê de ela me querer acalmar, porque neste momento estou prestes a rebentar com tudo o que tenho à minha frente – tu estás bem?

- Sim, consegui acalmar-me e comecei a meditar como podes ver – ela sorriu, como que tentando acalmar-me – e tu?

- Estou prestes a atirar com qualquer coisa ao ar – ela esticou-se, retirando a vela de dentro de um dos cestos que tínhamos.

- Toma - entregou-ma – podes atirar isto, mas não partas nada – começámos a rir-nos assim que agarrei naquele objeto. Atirei-o nem sei bem para onde e depressa senti os braços dela por cima dos meus ombros, forçando-me a deitar no chão e ficar em cima de mim.

- Cuidado – assustei-me com este seu movimento tão repentino. Acabei por colocar as minhas mãos na cintura dela, passando-as logo depois para o fundo das suas costas que, graças ao top desportivo, permitia que a minha pele estivesse em contacto com a sua.

Always, BeOnde histórias criam vida. Descubra agora