Beatrice
O universo colocou-nos uma pandemia pela frente e, com 17 crianças à minha responsabilidade, o medo é constante. Poderia sentir-me a pessoa mais aterrorizada no mundo, mas sei que ele está lá para mim.
Ele. O meu melhor amigo. A pessoa que...
- Tu tens a certeza de que te estás a sentir bem? – não me atrevi a dizer-lhe nada, limitando-me apenas a olhar para ele – pronto, eu não digo mais nada.
- Eu só tive uma quebra de tensão ontem, hoje já estou como nova! – vesti o casaco de ganga – isto agora ficava aqui bem era o boné dos teus.
- Branco ou preto?
- Preto – ele abriu uma gaveta, retirando de lá o boné – nunca pensei que escolher roupa para anunciar ao mundo inteiro que estou grávida, fosse uma coisa tão difícil – ele riu-se, vindo na minha direção e colocando-me o boné na cabeça.
- Não podes ser tão insegura.
- A questão já nem é bem essa – agarrei nas pontas da camisa dele – é que uma pessoa ao teu lado parece bem básica, sabes? – ele riu-se, acabando por fazer com que eu me risse também. É como hoje: tanto a camisa, como as calças são de um padrão quadriculado verde-água com castanho... ele é muito arrojado, eu mais discreta. Acho que posso começar a achar que esse é o nosso equilíbrio.
Acabei por calçar umas botas estilo tropa pretas para finalizar o look e nos despacharmos para irmos embora.
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Ontem tinha ficado em casa com a mãe do Lewis, o que adiava o anúncio do nosso bebé para hoje. O Lewis optou por ser ele a conduzir até ao circuito, comigo ao seu lado, a Angela, o pai e a madrasta atrás. E o Roscoe, claro, porque a esta corrida ninguém da família pode faltar. Um Grande Prémio em casa tem sempre outro sabor. É onde tenho mais memórias com ele, onde me apaixonei verdadeiramente pelo que o Lewis faz e onde estamos sempre com a família toda.
O apoio ao Lewis também é muito maior, e isso nota-se pela quantidade de pessoas que esperam por ele à entrada do circuito.
- Preparada? – perguntou-me, fazendo com que o olhasse naquele momento.
- Claro! Agora que vou poder fazer show off pelo paddock... - riram-se todos no carro e o Lewis acabou por estacionar na parte dedicada aos pilotos.
- Vamos a isso, então.
A zona onde ele tinha estacionado até era bastante calma, o que deu para sairmos do carro com calma e, de mão dada e com eles atrás de nós, começarmos a caminhar em direção da entrada do circuito. Os primeiros fotógrafos começaram a aproximar-se de nós e muito depressa começámos a ouvir palavras de felicitações.
- É bom que fique bem nas fotos – comentei com o Lewis, mas tornou-se percetível que alguns deles o devem ter ouvido porque se estavam a rir.
- Acho que alguém quis que o anúncio da gravidez não passasse despercebido a ninguém no circuito – assim que o Lewis apontou para a nossa frente, só me consegui rir com aquilo que via naquele momento.
O Daniel, com aquela sua tão caraterística boa disposição e um enorme sorriso nos lábios, esperava por nós no meio do caminho até à casa da Mercedes. Nas mãos, tem demasiados balões para que eu os consiga contar todos, mas, entre eles há um com o formato de biberão de bebé, outro de um bebé mesmo e vários redondos com confettis coloridos no interior, ainda podemos destacar a camisola que traz vestida: eu sou o padrinho da criança, podia ler-se em letras garrafais um pouco abaixo do peito.
