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Londres, 2017

- Rachel, achas mesmo que é por aqui? – não é a minha primeira vez a vir ao circuito de Silverstone, a norte de Londres, para uma corrida do Lewis, mas venho pela primeira vez sozinha. Melhor, com a Rachel que não tem assim o melhor sentido de orientação do mundo e não confia no GPS.

- Onde é que achas que estas pessoas todas vão? – sim... ela tinha tido a brilhante ideia de seguir um grupo de dez pessoas.

Continuámos a andar por mais uns minutos e, para meu alívio, comecei a avistar o circuito e ainda mais pessoas ao seu redor.

- Vês? Eu tinha razão – rimo-nos as duas e ficámos na fila à espera para entrarmos.

Claro que podíamos ter passado à frente com os bilhetes VIP que o Lewis me tinha oferecido, mas é sempre melhor ficar na fila... assim eles têm mais cuidado connosco e levam-nos diretamente ao nosso sítio, em vez de nos dizerem para onde ir.

- Mas nós vamos ficar aqui sozinhas? – perguntou a Rachel quando eu coloquei a mala que tinha trazido em cima de um sofá.

- Não – olhei pela enorme janela, vendo toda a agitação no exterior – daqui a nada devem chegar os pais dele, os irmãos, o sobrinho...

- A família toda, portanto – colocou-se ao meu lado, cruzando os braços – isto é muito giro, mas só vês este bocadinho da estrada – acabei por me rir.

- Ao início também achava isso chato, mas as televisões apanham todos os ângulos – olhei para ela, percebendo que estava muito atenta ao que se passava à nossa frente.

- Olá! – virei-me assim que ouvi a voz da Carmen, a mãe do Lewis. Antes mesmo de conseguir ir na sua direção, o sobrinho do Lewis entrou pelo camarote a correr e numa animação – devagar, Kaiden – assim que cheguei perto dela, agarrou a minha mão – que saudades, minha querida – puxou-me para os braços dela, apertando-me num abraço.

- Também tinha saudades suas – o Lewis é muito próximo da família, mesmo que os pais se tenham separado quando ele era muito novo.

Tem madrasta e padrasto, duas meias irmãs maternas e um meio irmão paterno e, se olharem para todos juntos, diriam que são uma família completa.

- Ele pediu para te ver – olhou-me – antes da corrida.

- A mim?

- Pelo que me disse já não se veem há mais de um mês – e aposto que não disse à mãe que, nessa mesma última vez que nos vimos, as coisas não correram bem – vem, eu levo-te – avisei a Rachel que iria regressar, saindo do camarote.

Descemos as escadas que davam acesso rápido ao grande hall da entrada. Um segurança acompanhou-nos, levando-nos até à casa dedicada à equipa, onde estaria o Lewis. Em todos os circuitos, a equipa monta a sua casa sobre rodas para que os seus atletas e todo o staff tenham um espaço para relaxar.

- O Lewis está lá em cima sozinho – avisou o segurança.

- Obrigada – disse a Carmen, olhando-me – eu fico aqui à tua espera.

Respirei fundo quando comecei a subir as escadas em formato de caracol, alcançando o parapeito da pequena suite que lhe era dedicada.

Bati levemente na porta, esperando por algum sinal da parte dele. A única coisa que ouvia era os passos que ele dava no interior, acabando por abrir a porta e atrever-me a entrar sem autorização prévia para o fazer. Ele estava no meio da sala, a andar de um lado para o outro e de fones nos ouvidos. Claro que não me ia ouvir.

Always, BeOnde histórias criam vida. Descubra agora