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LEWIS

- Obrigado pela ajuda, Angela..., acho que não conseguia metade das coisas se não me ajudasses.

- Claro que não – começou a rir-se – mas a culpa é da Bea, ela bem sabe como ser a tua boss – fico sempre dois segundos a pensar quando alguém a chama de Bea. Porque todos o fazem, porque é o diminutivo mais óbvio para o seu nome... e nunca foi aquele pelo qual a chamei.

Para mim seria igualmente fácil chamar-lhe de Bea, mas nunca foi o que me fez sentido. Quando a nossa relação passou a ser uma bonita amizade, foi-me muito fácil chamá-la de Be. Pela forma como ela vive a sua vida, por ser única, por me dar a vontade de ser (to be) uma pessoa muito melhor neste mundo.

- Só gostava que as coisas com os pais dela fossem de outra forma...

- Tu, melhor do que ninguém, sabes o quanto as pessoas conseguem ter pensamentos bastante dúbios. Pelo que tu me deste a conhecer, os pais da Bea poderão fazer parte dessa categoria..., eles podiam querer que as coisas resultassem...

- Duvido – olhei para a Angela – eles são mesmo pessoas muito antiquadas.

- Pelo bem estar da filha, poderiam ser uns esqueletos do século quinze e aceitar-te na mesma – acabei por sorrir com a afirmação dela – o importante é estarmos atentos à Bea..., ela é muito forte, mas isto são coisas que mexem internamente com as pessoas.

- Eu sei... - e por mais que ela me garanta que está bem, eu vejo nos seus olhos, naquele limiar de quando está quase a adormecer, que há uma mágoa sempre por perto.

- Vamos, antes que ela desconfie – saímos do meu quarto, regressando à sala onde ela estava.

- Tudo combinado – fiquei a olhar para ela, não percebendo bem o que é que ela queria dizer – não querias ir a Londres esta semana?

- Sim, falámos nisso, mas ainda queres ir?

- Acho que ia ser bom..., tenho saudades da Rachel e já combinei com ela que íamos lá.

- Eu acho que podíamos esperar um bocadinho...

- Vá lá, faço anos depois de amanhã e ia ser giro estar fora daqui.

- Eu também acho que era uma boa ideia – olhei para a Angela, que me parecia estar a desafiar neste momento.

Os planos são simples: trazer a Rachel, a Sky e a família e o Peter do abrigo dos animais, para uma festa surpresa no barco. A Angela e o Daniel têm-me ajudado imenso com todas as preparações que são precisas fazer, mas, acima de tudo, para a manter distraída. Agora..., como é que eu lhe digo que não quero ir para Londres com ela e que muito menos quero que ela lá passe o aniversário?

- Eu preferia que ficássemos por aqui esta semana... - bufou. Claro que está a tentar achar uma forma bonita de não me mandar a algum sítio, mas também eu preciso de ganhar tempo para lhe dar uma desculpa – ou, se preferires, podemos ir no dia dos teus anos e ficamos para depois, não é melhor?

- Tens coisas para fazer hoje e amanhã?

- Hoje não, mas hum..., amanhã temos – olhei para a Angela.

- Temos sim – confirmou – uma equipa da Mercedes vem cá ao Mónaco, para fazer uns ajustes no volante do carro – uma bela forma de me salvar desta, Angela.

- E não podiam fazer isso noutra altura? – começo a sentir que ela está demasiado desconfiada com tudo. Mas não podemos dar parte fraca neste momento.

- Desculpa, Be – ajoelhei-me em frente dela, que se mantinha sentada no chão, agarrando as suas mãos – eu prometo que não te vais arrepender de adiar a nossa ida a Londres.

Always, BeOnde histórias criam vida. Descubra agora