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LEWIS

Um dia passado na fábrica da equipa, em tempos, era sinal de que ia estar ali contrariado. Não conseguia compreender a necessidade de passar tanto tempo a analisar dados estatísticos. Mas eis que evoluí e sei o quão preciosos estes dias se tornam para a constante evolução da equipa e de mim enquanto piloto.

- Onde é que anda a quase especialista de pneus? – acabei por me rir ao ouvir a pergunta da Angela.

- Foi ver mais pneus – a Be tinha vindo comigo, já que nunca aqui tinha estado. Claro que anda extremamente entusiasmada com tudo e a quantidade de perguntas que já fez é surpreendente. Sempre achei que ela só ia às corridas porque era minha amiga e que, talvez, não tivesse tanto interesse pelo desporto como ela demonstra ter. E isso deixa-me extremamente feliz.

- Ela está tão diferente – a Angela sentou-se do outro lado da mesa, ficando a olhar para mim.

- Como assim?

- A Bea sempre foi uma rapariga descontraída, aquela que mais queria passar despercebida e que não ligava a nada disto – rodou com o seu dedo, demonstrando que a isto se referia a tudo o que envolve a minha profissão – mas, ao terem começado a namorar, ela demonstrou ser a pessoa que mais te quer bem. Que não deixa que nada falhe, que está lá a toda a hora se for preciso. Até quando esteve com o gesso..., aquela mulher mandava-me mensagens de cinco em cinco minutos! – e o quanto a Angela odeia mensagens! – sinto que ela se está a tornar numa das pessoas mais capazes de te auxiliar com tudo.

- Não estás a pensar pedir férias, pois não? – rimo-nos os dois, sabendo perfeitamente que a Angela não abdicaria desta vida por nada.

- Tranquiliza-me que tenhas alguém assim na tua vida – quantas não foram as conversas sobre este grande tema. Sobretudo quando parecia que andava com a cabeça na lua e não conseguia encontrar a pessoa certa.

- Há anos que vos vejo a correr e há tanta coisa que me escapa – sendo que há sete anos que esta pessoa está ao meu lado. A Be vem na nossa direção, caminhando e a falar lado a lado com o Toto – o diretor da equipa.

- Parece que o Lewis ainda tem umas coisinhas a ensinar-te – ela parou, ficando a olhar para mim naquele momento.

- Se eu lhe começo a ensinar coisas, o mais provável é querer o teu trabalho – disse, fazendo com que eles se rissem e o Toto acabou por nos deixar aos três sozinhos. A Be começou a andar em torno da sala, olhando embevecida para alguns dos prémios que aqui estão expostos. Não são os mais importantes, já que esses ficam em exposição na grande entrada, mas são alguns dos que conquistei nos últimos anos. Esta sala estava destinada para mim, de forma a conseguir ter reuniões mais privadas com alguns membros da equipa quando aqui venho – o que é que andaste a ver?

- Fui mesmo à parte da fábrica, ver os pneus que lá têm – olhou-me – e, depois, encontrei o Toto e ele levou-me ao escritório dele para me mostrar mais uns prémios – na sala dele só estão os que a equipa ganha enquanto construtora – e ele falou-me no simulador...

- Não sei se estou a gostar dessa cara! – está estampado por todo o seu rosto o que é que vai pedir – aquilo é só para mim e o Valteri. Tu não podes lá ir...

- Ela está com cara de quem vai, Lewis – comentou a Angela, fazendo com que a Be se risse.

- O Toto já deu autorização. Ligou para alguém e disse, e passo a citar, "a esposa do Lewis vai fazer um test drive no simulador" – aproximou-se da mesa, colocando as suas mãos em cima da mesma e aproximando-se um pouco de mim – querido marido, só tens de me levar, ou então eu pergunto a alguém – fiquei a olhar para ela, mantendo aquela pequena palavra bem presente na minha mente. Marido.

Always, BeOnde histórias criam vida. Descubra agora