O Professor Misterioso

Capítulo 6

Existem momentos que a vida coloca dois caminhos para seguir, e como um bom humano, não sabe qual escolher. Seher estava entre duas estradas, e ambas desejava trilhar. Em estado de choque, não conseguia assimilar o que o coordenador estava dizendo. Apenas sinalizando com a cabeça, confirmaria sua própria morte de tão desligada que se encontrava.

Não era drama, era sua realidade, uma que não sabia controlar. Sair daquela sala segurando o dossiê com suas avaliações e notas congelava onde passava, o estado que encontrava-se a daria uma morte indolor. Terminando sua caminhada frente à sala de aula, o viu explicando os conteúdos para os demais alunos. Apreciou o homem que fazia sua alma fugir do seu corpo, ele era o único que tirava toda e qualquer razão que existisse. Yaman a dopava com aquelas sensações, com os beijos e como a levava ao crime de ter um caso com um professor.

Apertando a pasta ao ponto de seus dedos terem cãibra, confirmou que não poderia entrar naquela sala. Fugindo como se aquele ambiente a deixa-se mais ferida, encontrou a paz quando chegou no Bósforo. Sentando beira mar, mantinha seus olhos naquela imensidão azul, enquanto sua mente fazia milhões de planos loucos. Sempre soube tomar ótimas decisões, mas agora sentia-se uma completa inútil. De um lado quem a levava ao céu, e do outro, uma carreira que sonhou e viu sua família se sacrificar. O mestrado era um sonho tão longe, mas agora estava perto o suficiente para julgá-lo como um monstro.

Numa labuta psicológica entre a razão e a emoção, Yaman a procurava pelo campus. Usando a desculpa da falta, não conseguiu tirar do coordenador qual o assunto que trataram. Especulando a hipótese de terem descoberto o caso de ambos, a ligava desesperadamente enquanto dirigia. Seher ignorou todas as chamadas, atravessou a cidade para ter uma resposta. Retornando à noite para casa, deparou-se com o carro parado na rua de cima.

Não querendo explicar seu sumiço, fingiu que não o viu. Yaman atravessando a rua, a deteve enquanto a cobria com tantas perguntas que seria incapaz de responder. Seher analisava sua reação desesperada, ficando em silêncio um longo tempo, ao abrir a boca foi direta.

― Você realmente me ama? ― sensata diante ao caos de sua mente.

― Claro que te amo! ― segurando em seu rosto e beijando sua testa ― Você é tudo para mim ― a trazendo para dentro do seu abraço.

― Então porque nunca disse? ― agindo estranhamente.

― O que está acontecendo? Alguém descobriu nossa relação? ― a afastando para olhar em seus olhos ― Me diga! Temos que fugir desse país ― sempre com algo em mente ― Não podemos ficar num lugar que vão falar coisas horríveis e vão te machucar ― colocando-a em primeiro lugar, pois sabia como lidar com críticas desde adolescente.

― Ninguém sabe de nada ― afirmou para acalmá-lo ― Você já pensou que fugir não é a solução ― o entupindo.

― Tem alguma coisa errada com você! Seher! ― a chamando ― Me diga a verdade? ― a segurando para não fugir.

― Melhor isso acabar aqui ― anunciou sua decisão ― Antes que alguém se machuque ― agindo de uma forma fria que não era habitual.

Antes que alguém se machuque, aquela frase era tão clichê que poderia acreditar que ela havia ensaiado para falar. Não era a mesma menina da noite passada, a qual estava morrendo de tesão e que gemia com paixão. Yaman viu que estava a perdendo, sinceramente não sabia o que fazer para diminuir o sangramento que foi aberto por aquela nova Seher.

― Não! Você não pode me deixar! ― negando-se enquanto a agarrava para manter presa a seu peito ― Não é justo você despertar sentimentos e me deixar como se nada tivesse acontecido ― ela estava relutando para escapar de seus toques ― Eu nunca soube o que é amor, não tive afeto de ninguém ― informando seu passado ― Cresci meio a dor e desacreditei em todos os sentimentos bons ― a apertando sem perceber sua força enquanto cheirava seus cabelos ― Considerava mulheres como objetos! Então você surgiu tirando esse lado medíocre quando negou-se a ser minha ― contando ― Você me jogou do pedestal que vivia e me deu um coração, me deu uma vida que não consigo pensar que você não esteja ― a vendo acalmar-se.