O Professor Misterioso

Capítulo 20

A verdade veio da pior forma possível, ela descobriu por si só. Foi como se o mundo colorido tornar-se cinza, talvez agora, seu amor estivesse consumido pelo ódio. Sentindo o peso da traição, deveria agradecer pela ideia de amolecer o coração de Nur com aquela gravidez. Pelo menos, isso a levou sair da sua zona de conforto e enfrentar o maldito medo de ser apontada.

Sua coragem derrubou o véu da mentira, Yaman falsificou um exame para mantê-la do seu lado e forma que jogou baixo, alegou o quanto estava cega naquela relação. Ferida por quem amava, pensou em mil formas que o abordaria, mas de todas não era digno. Chorando o suficiente, considerou-se um objeto nas mãos dele e com ressentimento secou seu pranto.

Era difícil levantar-se de um tombo que vem de quem mais confiamos, mas depois que ficamos de pé, ninguém é capaz de barrar. Seher mandou uma mensagem para Nur, sua frase fria mostrou um lado oculto de seu ser. Mesmo machucada, não se abateria por ninguém. Usaria da faca que a feriram, não abaixaria a cabeça e agiria para seu bem próprio. Ela sabia o suficiente da vida de sua amiga, porém agora ela sabia de seus segredos e a colocava em perigo.

Seher chorou, não por medo, mas de ódio. Quando se chora por um sentimento oposto ao amor, você torna-se duro com as palavras e as ações. Aquele sábado mudou sua vida, passando a tarde organizando seus pensamentos. Queria esquecer de tudo, mas a forma que descobriu a mentira fixava que deveria comandar sua vida.

Arrumando-se para a colação, sorriu o suficiente para demonstrar o quanto estava bem. Estava estilhaçada por dentro, mas nunca permitiria que aquela plateia insana contempla-se sua dor. Esse é o lema da vida, por mais machucado que esteja numa mostre ou abaixe sua guarda. Jamais chore em público, não se sabe se quem te acalenta está rindo de sua desgraça por de trás de um discurso de bondade.

Seher cobriu o seu belo vestido de seda com a beca, deu o prazer a sua mãe em amarrar a faixa azul em sua cintura. Agindo abaixo dos olhos de quem a enganou, sorriu ao subir naquele palco e receber o que comandaria seu futuro. Ao curva-se para apoderar do copelo, sentiu-se a dona do seu destino e de todas suas decisões. Retornando seu olhar para todos do anfiteatro, sorriu para os flashs que registraram a entrega de seu canudo.

Sua família encontrava-se emocionada, em especial sua mãe que aplaudiram de pé. Yaman manteve a compostura com os demais professores, vibrava por vê-la realizar seu sonho numa dolorida forma de contemplar sua vitória de longe. Tudo caminhava perfeitamente bem, descendo os degraus olhou o que segurava em mãos.

― Eu comando minha vida! ― ergueu a cabeça para juntar aos demais formandos.

Seher estava machucada pelo tapa de Nur, por suas ameaças e pela forma ardilosa que Yaman mentiu. Não acompanhando a realidade de seu mundo exterior, o fim daquela cerimonia trouxe o alívio para sua pele. A garota que julgava-se ser sua amiga, estava junto a sua prima Demet. Uma garota esnobe que fazia questão de estar por perto de Yaman.

Avaliando a patricinha de vestes brilhosas, confirmou que adorava esfregar sua riqueza pela quantidade de ouro que tinha exposto em seu corpo. Revirando os olhos por vê-la pegar nos braços de Yaman, queria que um raio acerta-se aquela loira ridícula. Ou que tivesse um infarto fulminante. Querendo esquivar esses maus pensamentos, não mediria esforços de empurrá-la de um penhasco. Tentando fugir foi obrigada a tirar fotos com Nur, seu sangue fervia de raiva pela hipocrisia que tratava sua família.

― Olha como eles combinam ― Nur em seu ouvido referindo a sua prima e Yaman ― Demet é a mulher perfeita para Kirimli! Tem uma ótima educação e posição social que você nunca terá ― gargalhou apertando a bochecha de Seher ao ver Ali chegando ― Ali! Finalmente você chegou, Seher não parava de falar de você ― jogando baixo ― Acredito que em breve vou receber o convite do enlace de vocês ― Seher sorria para não socá-la ― Confie! Eu sou a melhor amiga dela e sei de tudo o que ela pensa ― cutucando-o com o cotovelo.