O Professor Misterioso

Capítulo 24

Yaman olhava com agonia no relógio de seu pulso, tentando controlar sua ansiedade, aguardava sua amada. Não consegui explicar, mas a sensação de alívio apossou de si. Havia conseguido, tinha quem amava do seu lado e viveria o que a vida o roubou. Reconhecia que sua mentira era errada, entretanto não abriria mão de sua felicidade.

A fuga era apenas um elemento, ele começaria uma vida nova e com todo o sexo que fariam a engravidaria até o final dessa semana. Ele confiava na sua virilidade, não desistiria até gerar alguém com a mulher que amava. O tempo corria, não querendo perder a razão escutou o som da mensagem. Pela barra de notificação teve um choque, abrindo-a sentiu cair em queda livre do pedestal.

― Agradeço por me apresentar o mundo! Foi através de sua mentira que percebi o meu valor. Não venha me questionar, afinal você sabe do que estou falando. Não se pode viver ao lado de um mentiroso, espero nunca mais te ver professor Kirimli ― leu aquela mensagem sentindo um gosto amargar apossar de sua alma.

Não poderia ser real, o que estava escrito o derrubou mediante a mentira da gravidez. Seher havia descoberto e como se não soubesse, olhou em seus olhos para fornecer uma incrível traição. Por todo seu corpo o ódio percorreu misturado com o sangue, desesperado teve flash da bolsa de mestrado. Não queria acreditar, mas sua razão tinha a resposta. Ligando para o departamento de economia, quase implorou para saber quem havia aceitado a bolsa em Harvard.

Andando de um lado ao outro, escutou quando o coordenador atendeu suavemente informando que Seher havia assinado os documentos a alguns dias. Nunca havia tremido como agora, seu coração disparou e por segundos julgou que infartaria. O pior veio em seguida, o voo sairia hoje ás 9 horas, o mesmo horário que havia combinado de encontrá-lo na torre Gálata.

― Não! Você não pode ter feito isso, você não pode ter me abandonado ― de punhos cerrados ao andar como louco pela via.

Seher havia pensado em tudo, o tirou da jogada ao continuar fingindo que tudo estava bem. Ela adoçou sua boca, fez sexo alucinadamente uma noite antes e seguiu firme com seu plano. Não conseguiria ficar do lado de alguém que mentiu, enganou olhando dentro de seus olhos. Não conseguia entender, mas julgava ser um castigo amar um homem sem limites como seu professor.

Seher suava frio, sentia seu corpo em chamas ao ser ter a terrível sensação que ele a deteria. O conhecia tão bem, que após isso seria apenas lembrança. Yaman não suportava ser passado para trás, reconhecia que sua atitude de optar por seu futuro a fez perder o amor de sua vida. Respirando fundo deveria matar a emoção, não desistiria do que a esperava. Nunca mais o veria, começaria uma vida longe de quem era o seu maior erro.

Ela pensou errado, Yaman não desistiria do que era seu. No momento não pensava em nada, apenas detê-la. Mas quando chegou no aeroporto recebeu o golpe final, o avião havia decolado. Simplesmente a perdeu, por agir impulsivamente e por não manter um diálogo.

Seher havia partido, agarrada no sentimento que havia sido enganada. Desesperado escorou na parede, o castelo de mentiras veio abaixo e como um menino sentiu medo da solidão. Demorando para cair em si, tudo que tocava destruía por causa de seu lado dominador.

― O que eu fiz? Yaman? Você destruiu sua própria felicidade ― angustiado ao coçar sua cabeça.

Inventar uma gravidez foi a gota d' água, Seher não permitiria ser enganada dessa forma. Nela doeu mais que nele, afinal era a enganada e quem estava sendo manipulada. Não choraria, isso não era do perfil de quem estava com a razão do seu lado, mas não evitaria a tristeza que apossaria de seus dias.

Ao desembarcar em Cambridge deixou que seu corpo agisse no automático, o trajeto até a universidade poderia ser o mais lindo, entretanto não era o que sua mente dizia. A cidade tinha a beleza que imaginou, ao descer frente aquele enorme prédio sentiu seu corpo gelar. Uma gigante vontade de fugir apossou de si, desejava correr para seu país perante o medo do novo. Correr para ele, para aqueles braços que amparou tantas noites após fazerem amor.