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As horas passaram-se e todos se encontram radiantes. A noticia propagou-se pelo grupo: "Noitada de filmes em casa do Calum."

Consigo ver a felicidade de todos e o abraço que Ariel me deu de agradecimento foi o bastante para notar que eu tinha feito algo de muito bom e útil. Já Calum, quando eu dei o passo de organizar este convívio me abraçou, pois não tinha coragem para ser ele a falar com os rapazes ou com Ariel.

- Obrigado. - Sussurrou-me ao ouvido ao passar por mim na gigante cozinha de sua casa. - Não sei o que seria de mim sem ti.

- Digo o mesmo. - Volto-me para ele e pouso as mãos nos seus ombros. - Obrigado.

- Não me agradeças, Faith. Ainda temos muito para fazer. - Tocou, com cuidado, nos meus pulsos. - Ainda temos feridas para curar.

No momento seguinte fomos surpreendidos por Michael que entrou de rompante na cozinha, com um saco de plástico carregado de batatas fritas, pipocas e algumas bebidas não alcoólicas. Isto pois chegamos ao acordo de que não iríamos beber álcool - pelo menos do pesado. Algumas cervejas tinham de constar no frigorífico, como é óbvio.

- Ai, Calum... Ai, Faith. - Suspirou Michael aproximando-se dos ouvidos de cada um de nós, após se ter livrado do peso das compras.

O rapaz, que entretanto já pintou o cabelo de lilás, continuava a brincar constantemente com o facto de achar que nós éramos como almas gémeas, deu um encontrão a Calum, e sucessivamente eu sai de perto dele, envergonhada com a situação. As minhas bochechas queimavam de tão intimidada que fiquei com esta situação. Pergunto-me se ele ouviu alguma coisa; se ele estava lá à tempo suficiente para saber do que falávamos. Pergunto-me, se ele realmente ouviu, se agora me acha uma doida? Ou até mesmo outro pensamento consta em mim: "Terá Calum, algum dia, achado isso? Me achado doida?"

Já na sala, a preparar o lugar e a instalar um conforto neste espaço, Ashton encontrava-se sozinho.

- Ajuda? - Perguntei.

- Creio não ser necessário. - Responde-me com um sorriso.

Para mim sempre foi complicado dizer se este sorriso que o ilumina era verdadeiro ou apenas um disfarce. Afinal todos temos um. Ninguém é excepção e Calum já me havia confirmado que todos eles são como eu. Não sou a única neste mundo que se mascara dentro de uma personalidade feliz; sem mascaras; sem feridas.

- Questiono-me onde estarão o Luke e a Ariel. - Cruzo os vários pontos da casa, simulando que os procuro, mas a verdade é que não sei deles à algum tempo, e como a casa de Calum de nada tem de pequena, pergunto-me em qual dos quartos estão eles.

- Provavelmente a aumentar a natalidade do país.

- Não, não estavamos, Ashton Irwin! - Luke apareceu, com o cabelo despenteado, por trás de nós, vindo do andar de cima. Não, claro que não. - Já escolheram o filme?

- Poderiamos ver uns episódios de Pokemón ! - Sugeriu Michael, gritando da cozinha. - Ou um filme de terror.

- Guardemos os filmes de terror para a próxima semana de Halloween. - Interferiu Calum, avançando em frente a Mike. - Voto em comédia!

Sinto, no bolso de trás das calças, o telemóvel a tremer. Foi aí que me dei como "social" pois só hoje o meu telemóvel tocou mais vezes do que qualquer outra na minha vida. Desta vez era Daisy. Ela já se deve ter apercebido de que alguma coisa andava mal comigo.
Como já tinha dito, ela não é burra e eu não sou de me ficar em baixo o tempo todo, logo não consigo evitar mostrar estar mal quando o estou. É quase como automático.

PAPER SOULS • CALUM HOODOnde histórias criam vida. Descubra agora